29 novembro 2023

UE e as condições para reaproximação à Turquia

A União Europeia (UE) quer reavivar as relações políticas e económicas com a Turquia, numa tentativa de promover a estabilidade regional, apesar da profunda divisão na política externa e do impasse nas negociações de adesão.

A Comissão Europeia apresentou recomendações para o reforço da cooperação com a Turquia nos domínios do comércio, da energia, dos transportes e da gestão dos fluxos migratórios,  na quarta-feira, em conferência de imprensa, em Bruxelas.

Olivér Várhelyi, comissário europeu para a Vizinhança e o Alargamento, disse que as duas partes estão em desacordo sobre muitas questões, mas "há mais coisas que nos unem do que aquelas que nos dividem".

"É evidente que houve dificuldades no passado, tais como a dinâmica no Mediterrâneo oriental, as relações bilaterais com alguns dos nossos Estados-membros e os problemas comerciais", afirmou, pro seu lado, Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE.

"Mas assistimos a uma atitude mais construtiva em relação a estes pontos", acrescentou Borrell, "embora ainda existam questões em aberto que temos de abordar em conjunto, o que inclui certamente, a revelante questão de Chipre". 

Chipre é um Estado-membro da UE que exerce soberania sobre dois terços da ilha mediterrânica, sendo a outra parte controlada pela Turquia, desde 1974. O governo turco justificou a invasão militar como resposta a um golpe orquestrado para anexar a ilha por parte da junta militar que governava a Grécia.

O que poderá ser melhorado

Entre os novos compromissos para reaproximar a UE da Turquia estão novos investimentos no ambiente e digitais, novos esforços para facilitar os pedidos de visto de viagem, diálogos de alto nível sobre economia, energia, transportes, clima e saúde, bem como um novo diálogo de alto nível destinado a resolver "contendas comerciais".

O bloco retomará, também, as negociações sobre uma união aduaneira modernizada entre a UE e a Turquia, desde que o governo de Ancara apoie os esforços para combater a circunvenção às sanções europeias contra a Rússia.

A colaboração na gestão da migração, central desde um acordo assinado em  2016, também será intensificada para evitar partidas irregulares de migrantes, reforçar o controlo das fronteiras e reprimir o contrabando de seres humanos.

O compromisso será "progressivo, proporcional e reversível", disse Borrell, numa alusão à abordagem cautelosa do bloco.

O que continua congelado

As relações entre Bruxelas e Ancara têm sido difíceis desde o início das conversações oficiais para a adesão da Turquia ao bloco, em outubro de 2005.

Os terramotos devastadores que atingiram o sul e o centro da Turquia, em fevereiro passado, fizeram com que as relações melhorassem, com uma diminuição acentuada das violações do espaço aéreo grego, mas há muitos pontos que continuam congelados.

O principal obstáculo tem sido a incapacidade de encontrar uma solução para a questão cipriota, com a recusa da Turquia em reconhecer a República de Chipre. O diferendo tem impedido qualquer esforço de aprofundamento da cooperação em matéria de defesa, apesar da Turquia ser membro da NATO.

Os diferendos marítimos greco-turcos e as anteriores atividades de perfuração de Ancara em águas contestadas também criaram crispação.

O bloco criticou também, duramente, o retrocesso democrático na Turquia, particularmente desde o final de 2016, quando o presidente Recep Tayyip Erdoğan tomou medidas drásticas de centralização do poder após uma tentativa de golpe contra o seu governo.

Apesar de Erdoğan ter nomeado o que é considerado um "gabinete amigo do Ocidente" após a nova vitória eleitoral, em maio passado, as relações entre Bruxelas e Ancara continuam tensas.

Num relatório sobre os progressos da Turquia na via da adesão à UE, publicado no início deste mês, a Comissão Europeia denunciou "graves deficiências" nas instituições democráticas, bem como um persistente "retrocesso democrático". 

A Comissão Europeia lamenta, igualmente, a falta de progressos na reforma do sistema judicial e na defesa da liberdade de expressão.

Divergências na política externa

O relatório  destacou profundas clivagens nas políticas externas de ambas as partes, com uma taxa de alinhamento de apenas 10%, em 2023, em comparação com 8% em 2022, de acordo com o executivo da UE.

Estas clivagens tornaram-se cada vez mais evidentes no contexto do reacender do conflito no Médio Oriente. No final de outubro, Erdoğan cancelou uma visita a Israel e disse que o Hamas "não é uma organização terrorista, mas um grupo de libertação, um grupo mujahideen que luta para proteger as suas terras e os seus cidadãos".

A Comissão Europeia reagiu, criticando o governo de Erdoğan pelo seu "apoio ao grupo terrorista Hamas na sequência do ataque contra Israel", afirmando que a retórica estava "em total desacordo com a abordagem da UE".

Mas Borrell explicou hoje qual é a posição: "Para nós, o Hamas continua a ser uma organização terrorista. A Turquia tem uma abordagem diferente, algo que é coerente com a posição do mundo muçulmano". 

"É certo que não existe um elevado nível de alinhamento da nossa política externa com a Turquia e queremos organizar os nossos intercâmbios em matéria de política externa para sermos mais eficazes e operacionais", acrescentou Borrell.

Apesar de se alinhar com a condenação da UE à invasão da Ucrânia pela Rússia, a Turquia optou por não aderir às sanções lideradas pelo Ocidente, numa tentativa de manter os seus laços com o governo de Moscovo. 

O governo de Ancara está, também, a enfrentar um escrutínio crescente por, alegadamente, facilitar a circunvenção à sanções, num contexto de aumento das exportações de bens essenciais para a Rússia.

Borrell afirmou que o bloco é "claro" quanto à expetativa de que Turquia continue a colaborar com os parceiros europeus e ocidentais para impedir que as sanções sejam contornadas, a fim de beneficiar de uma cooperação económica mais estreita.

(Fonte: Euronews)

28 novembro 2023

Oyak vende 60% da Cimpor por 480 milhões à Taiwan Cement

O fundo turco Oyak, que em 2018 adquiriu a Cimpor por 700 milhões de euros, vai vender duas participações em empresas de cimento à Taiwan Cement, sendo uma delas a cimenteira portuguesa. 

De acordo com a notícia avançada pela agência Bloomberg e confirmada pelo Negócios junto de fonte oficial da Cimpor, a Oyak chegou a um acordo preliminar para vender as duas participações - 60% da Cimpor e 20% da Oyak Denizli Cement - por um total de cerca de 673 milhões de euros.

A venda da Cimpor será feita por 480 milhões de euros, avaliando assim a cimenteira portuguesa em 800 milhões de euros, de acordo com um comunicado da Taiwan Cement, que refere que o valor está ainda sujeito a eventuais ajustes.

Já a venda de 20% da Oyak Denizli Cement será feita por 193,4 milhões de euros.

Com esta operação a Taiwan Cement ficará com a totalidade do capital da Cimpor. É que a empresa e a Oyak tinham já criado uma empresa conjunta, a Cimpor Global Holdings, na qual a primeira detém 40% e a segunda 60%.

Ao Negócios, fonte oficial da Cimpor refere que, "com o objetivo de continuar a expansão da sua estratégia de sustentabilidade a nível global e de forma a expandir o investimento no cimento de baixo carbono em continentes como a Europa, Ásia e África, a Taiwan Cement (TCC) aumentou a sua participação na Cimpor para 100% e passou a deter 60% da Oyak".

Segundo explicou, "a TCC é uma das únicas empresas que tem uma estrutura integrada e internacional, que aplica os seus investimentos em vários setores da área das energias renováveis" e está atualmente "também a procurar oportunidades de investimento em tecnologias de redução de emissões de carbono, baterias elétricas e armazenamento de energia".

Com este acordo, a Cimpor Portugal Holdings passará a ser detida a 100% pela Taiwan Cement. Já a Oyak permanecerá com 40% das operações de cimento na Turquia.

A cimenteira portuguesa diz ainda que "não existirão alterações na estrutura principal de gestão e todos os colaboradores continuarão a fazer parte do caminho para o futuro de tornar a Cimpor uma empresa de excelência no mercado".

(Fonte: Jornal de Negócios)

26 novembro 2023

O renascimento do vinho turco


A história do vinho na Turquia tem tido muitos altos e baixos. Actualmente, as leis proíbem qualquer publicidade, mas os produtores resistem e o sector dá sinais de uma nova vitalidade.

A história do vinho na Turquia é uma odisseia de persistência e de capacidade de sobrevivência. Tal como as vinhas velhas resistem, espalhadas por diferentes regiões do país, a vontade de fazer vinho revela-se mais forte do que todos os obstáculos. 

Levon Bagis e Umay Çeviker são dois dos maiores conhecedores desta história e, entre outras coisas, com os projectos Yaban e Heritage Vines of Turkey, são também dois dos principais protagonistas do atual renascimento do vinho turco.

(Fonte: Público)


25 novembro 2023

Jovens da Turquia efetuaram voluntariado em Vila Nova de Poiares


O Município de Vila Nova de Poiares acolheu durante os últimos 5 meses duas jovens voluntárias de nacionalidade turca, que estiveram a participar no programa ‘Fit Young and Senior’, promovido pela Câmara Municipal, no âmbito de uma candidatura ao Corpo Europeu de Solidariedade da União Europeia, refere em nota a autarquia.

Na despedida, a vereadora com o pelouro da Educação e Juventude, Maria da Luz Pedroso, recebeu as jovens Aysel Biban e Fatima Kanbay nos Paços do Concelho, acompanhada dos técnicos municipais que as orientaram durante a sua estadia, e entregou como forma de agradecimento uma lembrança do Município a cada uma.

O programa ‘Fit Young and Senior’ visa a promoção da atividade física e hábitos de vida saudável para crianças e seniores do Concelho. Trata-se de um projeto que se destaca pela forte vertente solidária, de inclusão social e respeito pela diversidade, dada a sua génese intergeracional, e que propicia o desenvolvimento pessoal, social e educativo dos voluntários, frisa a autarquia.

Ao longo dos cinco meses em que estiveram em Vila Nova de Poiares as duas jovens turcas desenvolveram voluntariado em atividades não só municipais como o ‘Verão em Atividade’ ou ‘Fit Sénior’, mas também em associações locais como a iCreate, onde a sua “colaboração proporcionou uma abordagem mais centrada na estimulação cognitiva da população sénior”.

“Paralelamente, e no âmbito do programa de voluntariado do Corpo Europeu de Solidariedade realizaram uma atividade semanal junto dos mais jovens, onde se destacavam os valores europeus e a apresentação da sua cultura”, sublinha.

“À semelhança das demais iniciativas realizadas neste âmbito, o balanço foi mais uma vez muito positivo para todos os envolvidos, na medida em que proporcionou um intercâmbio cultural, promovendo o respeito pela diversidade, bem como uma abordagem holística ao estimular a atividade física e cognitiva dos munícipes mais idosos, contribuindo para combater o isolamento social”, realça ainda a edilidade.

“Refira-se que o Município de Vila Nova de Poiares é uma entidade acreditada pela Agência Nacional Erasmus+ Juventude/Desporto e Corpo Europeu de Solidariedade, para o envio de jovens para outros projetos organizados em diversos países da União Europeia. Exemplo disso é a participação, este ano, de um jovem poiarense que, também em regime de voluntaria, participou na reabilitação de um centro para a juventude na Eslovénia”, conclui.

(Fonte: CentroTV)

17 outubro 2023

Ivo Vieira assina por clube turco


O Pendikspor, clube da Liga turca, anunciou esta terça-feira a contratação de Ivo Vieira como novo treinador.

"Bem vindo Ivo Vieira! O nosso clube chegou a acordo com o treinador português Ivo Vieira", escreveu o clube, 18.º no campeonato, nas redes sociais.

(Fonte: Record)

04 outubro 2023

100% ModaPortugal apresenta projeto de internacionalização

Os detalhes do projeto, que está aprovado desde junho e prevê o apoio à participação de empresas de confeção, vestuário e moda em feiras profissionais até 2024, serão revelados a 7 de outubro na ModaLisboa.

Première Vision Manufacturing e The Source, no private label, Pitti Bimbo, Playtime Paris e CIFF Kids, no segmento de moda de criança, e Pitti Uomo, Roma Fashion Week, Neonyt, Momad, Project Tokyo e Colombiamoda são apenas algumas das feiras previstas no 100% ModaPortugal 2023-2024.

Este novo projeto, que é uma continuação do realizado entre 2021 e junho de 2023, será apresentado no próximo dia 7 de outubro, às 20h, no Pátio da Galé, num evento na ModaLisboa.

Promovido pelo CENIT em parceria com a ANIVEC, o projeto de internacionalização prevê a abordagem direta a sete mercados: Itália, França, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Países Baixos, Dinamarca, Turquia, EUA, Colômbia e Japão.

Para além do apoio à realização de feiras, o projeto prevê ainda a organização de três missões empresariais – ao Reino Unido, Dinamarca e Japão –, a participação em feiras digitais e adesão a marketplaces, assim como iniciativas no âmbito da economia digital, incluindo a definição de estratégias de comunicação digital e gestão das redes sociais ou a criação de sites de comércio eletrónico.

O 100% ModaPortugal 2023-2024 começou a 16 de dezembro de 2022 e, de acordo com Marlene Oliveira, head of international unit no CENIT, em «seis meses executámos 26% do orçamento destinado ao apoio às empresas». Quase 90 empresas já aderiram ao projeto, que marcou presença em cerca de 30 feiras, incluindo a Pitti Uomo, a Pitti Bimbo, a Neonyt, a Project Las Vegas e a Momad.

"O facto de termos tido cada vez mais adesão, de as empresas estarem cada vez mais a procurar-nos para fazerem feiras ou projetos digitais connosco, demonstra que estamos no rumo certo", acredita Luís Figueiredo, presidente do CENIT.

"Neste projeto, que foi já aprovado para os próximos dois anos, temos uma verba um pouco mais alargada, que nos vai permitir fazer muito mais e melhor do que aquilo que temos vindo a fazer com meios mais limitados. Estamos muito confiantes que as empresas vão aproveitar este apoio para se internacionalizarem cada vez mais e atingirem novos mercados", conclui.

Equipa do INEM chegou a Portugal após 6 dias de viagem

Chegaram a Portugal, na passada quinta-feira dia 28 de setembro, os últimos elementos do INEM que estiveram presentes na Turquia a participar num exercício europeu de proteção civil na cidade de Çanakkale. Estes 10 elementos chegaram após seis dias de viagem desde a Turquia às instalações de Cascais, onde se encontra armazenado todo o material do PTEMT. Uma viagem de seis dias, mais de 5.000 km por nove países europeus.

Para estes elementos, a missão apenas só chegou ao final após seis dias do exercício EU MED MODEX TUK 23 ter terminado. Os 10 elementos, onde se englobavam profissionais do Gabinete de Logística e Operações (GLO), Enfermeiros e TEPHs, trouxeram todo o material usado durante o exercício por terra, num dos camiões onde é transportada a estrutura e material do PTEMT.

Toda esta logística e operacionalidade foi elogiada pelas diversas organizações internacionais presentes no exercício na Turquia, algo que inclusivamente ficou patente pelas diversas publicações usadas nas redes sociais do EU MODEX e no Youtube.

Ainda na Turquia, dois elementos do PTEMT, o médico Carlos Raposo e enfermeiro Rui Rocha, foram entrevistados pela agência de notícias turca AA. Nesta entrevista Rui Rocha falou da sua experiência durante a missão do INEM englobada na resposta ao sismo que afetou aquele país em fevereiro deste ano.

(Fonte: INEM)

21 setembro 2023

INEM participa em exercício de proteção civil na Turquia



O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) encontra-se a participar num exercício europeu de proteção civil na cidade de Çanakkale, na Turquia. Entre os dias 18 e 22 de setembro, várias equipas europeias encontram-se a simular a resposta do Mecanismo Europeu de Proteção Civil a um cenário de terramoto naquela região turca. O INEM está presente com 32 profissionais e com o seu Módulo de Emergência Médica – Emergency Medical Team (EMT).

O exercício EU MED MODEX TUK 23, financiado pela União Europeia, tem como finalidade preparar equipas médicas de diferentes países, enquadradas na cooperação europeia de resposta internacional a situações de emergência e catástrofe, proporcionando um ambiente de treino realista.

A equipa do INEM é composta por 32 profissionais entre Médicos, Enfermeiros, Psicólogos, Técnicos de Emergência Pré-hospitalar, Logísticos, Técnicos de Informática e Farmacêuticos. O EMT do INEM (PT-EMT) é um EMT Tipo 1, fixo, com capacidade de raio-x, certificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2019.

O cenário do exercício simula que no dia 16 de setembro de 2023, às 00h34, a província de Çanakkale, localizada no noroeste da Turquia, foi atingida por um terremoto de magnitude 7,4 na escala Richter. Dois hospitais da região foram gravemente danificados e por isso procuram-se alternativas para a transferência e tratamento dos pacientes. Em toda a província de Çanakkale, mais de 13 mil edifícios foram gravemente danificados ou desabaram e quase 470 mil pessoas foram afetadas. Cerca de 2.000 pessoas necessitam de tratamento no local, enquanto mais de 27.000 pessoas necessitam de abrigo temporário.

Este exercício constitui uma excelente oportunidade para testar a interoperabilidade e a capacidade do PT-EMT de trabalhar em estreita articulação com as Autoridades de Saúde locais, bem como com outras equipas provenientes de outros estados em resposta a cenários de acidente grave ou catástrofe. Estão presentes no exercício para além da equipa portuguesa, participantes da Turquia, Roménia, Alemanha, Estónia, Polónia, Azerbaijão, Finlândia, representantes da OMS, da Directorate-General for European Civil Protection and Humanitarian Aid Operations ( DG ECHO) da União Europeia e da United Nations Disaster Assessment and Coordination (UNDAC), no total mais de 250 especialistas.

(Fonte: INEM)

07 setembro 2023

Danilo Pereira pode rumar ao Fenerbahçe

Danilo Pereira pode deixar o PSG nas próximas horas. O defesa/médio português pode ser emprestado ao Fenerbahce SK. De acordo com o diário Fanatik, o clube turco está a negociar a contratação do internacional português e pretende garantir o jogador com um empréstimo de uma temporada, com opção de compra.

Danilo Pereira é um dos capitães do PSG e está há quatro temporadas no clube parisiense, depois de ter sido contratado ao FC Porto, em 2020/21, por cerca de 16 milhões de euros.

Na última temporada, Danilo Pereira fez 44 jogos. Nesta época participou em três encontros pelo PSG.

(Fonte: Bola na Rede)

04 setembro 2023

Voleibol: Portugal venceu a Turquia e segue para os “oitavos” no Europeu

Portugal está nos oitavos-de-final do Europeu de voleibol, ao triunfar sobre a Turquia por 3-2 (26-24, 21-25, 15-25, 28-26 e 15-13) no último jogo do Grupo D da fase inicial - ficará em segundo lugar. Em Telavive, a selecção orientada por João José conseguiu ter princípio e fim, superando o trauma dos dois sets do meio em que os turcos, que são uma potência emergente no voleibol europeu, foram francamente superiores.

Com este resultado, Portugal repete a qualificação para os "oitavos", tal como acontecera em 2021, mas bem melhor do que nesse Europeu, em que ficara em quarto na fase de grupos. Agora, é esperar pelo final da fase de grupos para saber quem será o adversário português na próxima ronda - será o terceiro classificado do Grupo B e o jogo será em Varna, na Bulgária.

(Fonte: Público)

01 setembro 2023

Rúben Ribeiro regressou ao futebol português


Depois de três épocas ao serviço do Hatayspor, na Turquia, clube no qual cumpriu 88 jogos e apontou três golos, Rúben Ribeiro regressa ao futebol português para vestir as cores do emblema flaviense.

Numa nota publicada nas redes sociais, o emblema transmontano destacou as "várias épocas de grande qualidade em Portugal", com passagens por Gil Vicente, Sporting, Rio Ave, Boavista, Paços de Ferreira, Beira-Mar, Penafiel e Leixões.

Além-fronteiras, o centrocampista passou, também, pelo Al Ain, nos Emirados Árabes Unidos.

Já em solo flaviense, Rúben Ribeiro mostrou-se feliz com o novo desafio, garantindo que veio para "ajudar a conquistar os objetivos do clube", elogiando a forma como foi acolhido e os adeptos transmontanos.

"Não há nada melhor [do que ser] bem recebido e desejado. Sei que [o clube] tem uma massa adepta exigente, mas eu gosto e é mais um desafio na minha carreira. Espero que com a ajuda de todos os meus colegas e o staff [cheguemos] a bom porto", frisou o jogador em declarações aos órgãos de comunicação do clube.

(Fonte: O Jogo)

13 julho 2023

Yilport reclama exclusividade em Leixões


A Yilport insiste na exclusividade do TCL no porto de Leixões, onde se propõe investir entre 500 e mil milhões de euros, adianta Robert Yildirim, o líder do grupo turco.

“Agora temos tido disputas com as autoridades, que reclamam que não temos a exclusividade, mas é claro. Preto no branco. Está escrito. E queremos continuar assim para expandir o porto”, afirma, peremptório, o homem forte da Yilport.

As divergências sobre a exclusividade do TCL na movimentação de contentores no porto de Leixões arrastam-se há anos e terão sido uma das razões do protelamento da construção do novo terminal de -14 metros. Pouco antes de deixar a liderança da APDL, Nuno Araújo afirmou que o assunto estava sanado com um acordo entre as partes, o que abriria caminho ao avanço da transformação do terminal multiusos num novo terminal de contentores.

O CEO e Chairman da Yilport desfaz a ideia de existência de qualquer acordo e, outrossim, mantém, os planos de expansão, apresentados por si, em Leixões, já em 2019 (aquando da assinatura da renegociaçãpo do contrato de concessão), e reafirmados no final de 2021, pelo então co-CEO Nicolas Sartini (na comemoração do recorde dos 700 mil TEU).

“Queremos construir no lado Norte um novo terminal de contentores e carga geral”, afirma Robert Yildirim, “mas estamos com dificuldades. Temos dialogado com os ministros, mas os ministros dos Transportes estão sempre a mudar, e quando explicamos a situação o ministro sai. E quando o apresentamos ao novo ministro, e o fazemos entender, e estamos à beira de conseguir o apoio, muda de novo”.

“Mais de 500 milhões de euros”, podendo chegar aos “mil milhões, é o montante do investimento proposto pela Yilport para Leixões. Para o lado Norte do porto (tendo por base o actual terminal de contentores Norte do TCL), Robert Yildirim fala num terminal “state of the art”, equipado com “pórticos super-post-panamax”, com “dragagens e fundos para trazer os maiores navios do mundo”, mais terraplenos e novas e maiores frentes de cais.

O projecto, diz, já foi actualizado várias vezes – “a versão actual é a melhor” -, mas “ainda não sabemos o que a autoridade portuária nos deixará fazer, em termos de dimensões físicas: localização, terraplenos, cais,…”.

No entretanto, e desde que assumiu o controlo do TCL, a Yilport já investiu “cerca de 50 milhões de euros” na modernização e aumento da capacidade do terminal de contentores. Robert Yildirim refere, a propósito, a instalação dos RTG automatizados, as melhorias no parque de contentores e a adopção do sistema de gestão Navis (que não correu bem, concede, tendo originado protestos dos transportadores rodoviários).

“Hoje o TCL está a trabalhar a 110% da capacidade”, garante.

(Fonte: Transportes e Negócios)

03 julho 2023

Turquia vence no campeonato da inflação

Num ano em que os custos subiram acentuadamente, os atores da indústria da moda inflacionaram os preços, mas esse aumento não tem sido transferido para o consumidor ao mesmo ritmo em todos os países. Mercados como Espanha, Islândia e Noruega mantiveram uma certa estabilidade dos preços, enquanto na Turquia, o aumento dos preços chegou a 31,5%, devido à desvalorização da lira.

De acordo com os dados da Eurostat, a agência de estatística europeia, a Turquia lidera a lista dos mercados mais inflacionistas, seguida pela República Checa, com uma subida de 18,5% dos preços em 2022, e pela Croácia (+7,3%). O top 5 encerra com a Bulgária (+6,7%) e a Estónia (+6,5%).

Em Portugal, os preços (incluindo calçado) subiram 0,8%, sendo que, considerando apenas o vestuário, a inflação foi de 1,1%.

Em Itália o aumento dos preços dos artigos de moda foi de 1,5% e em França de 2,7%. Já em Espanha, os preços do vestuário e calçado mantiveram-se iguais a 2021, na Islândia aumentaram 0,3% e na Noruega cresceram 0,5%.

De acordo com o Eurostat, no conjunto da União Europeia, a inflação do sector foi de 2,9%, em comparação com 1% registado em 2021. Desde 2018, a tendência tem sido de crescimento, tendo 2022 sido o ano mais inflacionista para a União Europeia.

O aumento dos preços na moda, contudo, situa-se bastante abaixo do registado no geral, onde a inflação atingiu 9,2%, em comparação com 2,9% no ano anterior, 0,7% em 2020 e 1,5% em 2019.

Nos EUA, o índice de preços ao consumidor aumentou 5,5% no ano passado, sendo a maior subida dos preços da moda nos últimos cinco anos. Em 2021, os preços do sector registaram um aumento de 2,4% e em 2020 houve uma queda de 4,3%.

(Fonte: Portugal Têxtil)

30 junho 2023

Morreu o Embaixador da Turquia em Portugal


Murat Karagöz havia apresentado este ano credenciais ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, passando a ser nomeado oficialmente como Embaixador a 4 de maio.

Dois dias depois, o diplomata publicou um artigo de opinião no DN no qual apontou as "tarefas significativas da Embaixada turca em Lisboa", tendo elogiado o papel de Portugal nas operações de busca e salvamento após os sismos que abalaram a Turquia em fevereiro.

No mesmo artigo, Karagöz anunciou que pela primeira vez em Portugal, a comunidade turca, com cerca de 1500 eleitores registados, poderia votar nas eleições presidenciais e parlamentares da Turquia, que tiveram lugar a 14 de maio, a partir da Embaixada.

"Estamos profundamente consternados com a súbita perda do nosso estimado Embaixador, Sr. Murat Karagöz. Desejamos a misericórdia de Alá ao nosso falecido Embaixador e serenidade à sua enlutada família. Condolências para toda a sua família e entes queridos. Que a sua alma descanse em paz", pode ler-se no Facebook da Embaixada da Turquia em Lisboa.

Ao que o DN apurou, o diplomata morreu subitamente enquanto passava férias na Turquia.

(Fonte: DN)

10 junho 2023

Kökcü é reforço do Benfica


O médio Orkun Kökcü, de 22 anos, é reforço da equipa de futebol profissional do Sport Lisboa e Benfica. O internacional turco chega ao Clube proveniente dos neerlandeses do Feyenoord e rubrica um contrato válido por cinco temporadas, até 2028.

Aí está o novo camisola 10 do Benfica, que, em declarações à BTV, assumiu o "orgulho" e a "honra" por representar um "grande clube", explicando o que o levou à tomada de decisão no momento de se transferir, perante o assédio de outros emblemas.

"Antes de tudo porque o Benfica é um grande clube europeu, forte na Liga dos Campeões e para mim é o melhor passo para me desenvolver. Sinto que o Benfica é uma família muito calorosa, como clube tem grandes adeptos, e o Estádio é fantástico. Também senti que há muito que o Benfica tentava bastante [contar comigo] e tinha de me manter fiel a isso. Os meus pais vieram ver o Benfica-Inter para a Liga dos Campeões. Nessa altura tive o feeling de que gostaria de vir para o Benfica, e agora estou feliz por estar aqui, no Estádio da Luz. Um grande Estádio! Estou muito feliz, muito orgulhoso e é o melhor passo para a minha carreira", assegurou.

"O Benfica é um grande clube europeu, forte na Liga dos Campeões e para mim é o melhor passo para me desenvolver"

De águia ao peito terá oportunidade de atuar ao lado de Aursnes, antigo colega no Feyenoord, e às ordens de Roger Schmidt, um técnico que o defrontou na Eredivisie, quando orientava o PSV Eindhoven. Um motivo para maior felicidade.

"Joguei uma temporada com o Fredrik [Aursnes] e, quando veio [para o Benfica], disse-lhe que me tinha deixado cedo demais. E agora, um ano depois de ele vir, volto a ter a oportunidade de jogar com ele. Combinamos bem em campo. Estou feliz por voltar a jogar com ele e por Roger Schmidt ser o treinador, porque ele conhece-me da Liga neerlandesa e eu conheço-o. É a escolha perfeita", defendeu.

"Conheço o treinador e como ele quer jogar. Encaixa no meu estilo. Mal posso esperar por jogar e ganhar troféus por este grande clube"

O papel a desempenhar num Benfica de ataque, um estilo de jogo que "encaixa" no que pratica, foi outro dos aspetos considerados pelo internacional turco de 22 anos.

"Quando há oportunidade de te transferires, primeiro olhas para o estilo de jogo da equipa, e é exatamente o mesmo estilo em que jogava. Conheço o treinador e como ele quer jogar. Encaixa no meu estilo. Mal posso esperar por jogar e ganhar troféus por este grande clube", asseverou, confessando o que espera do Glorioso: "O Estádio é grande, o Clube tem muitos adeptos, grandes adeptos. Mal posso esperar por jogar neste Estádio frente aos nossos adeptos, retribuir-lhes, ganhar títulos e ser bem-sucedido. É esse o objetivo."

"Receber a camisola 10 do Presidente é uma grande honra. Sinto-me muito honrado, e agora tenho de retribuir dentro de campo"

O facto de ter recebido a camisola 10 do Benfica das mãos do Presidente Rui Costa, que, enquanto jogador, envergou o mesmo número, defendeu o mesmo emblema e foi um dos melhores intérpretes do mundo no seu tempo, deixou Kökcü "honrado".

"É algo importante para mim. Era muito novo quando o nosso Presidente jogou, mas vi muitos vídeos. Podemos ver que era um grande jogador, uma lenda. Receber a camisola 10 do Presidente é uma grande honra. Sinto-me muito honrado, e agora tenho de retribuir dentro de campo", concluiu.

Orkun Kökcü deu os primeiros passos no futebol no Olympia Haarlem, nos Países Baixos, clube da cidade onde nasceu, representando-o durante duas temporadas. Em 2009/10 ingressou no HFC EDO, competindo até nova mudança no final da época para o Stormvogels. Aí, 2010/11, o talento chamou a atenção do Groningen, emblema que representou durante três estações, entre 2011/12 e 2013/14.

O jovem médio de ascendência turca transitou, ainda em 2014, para as equipas jovens do Feyenoord, onde se destacou rapidamente. Aliás, tal levou a que se estreasse pela equipa principal do atual campeão neerlandês com apenas 17 anos, concretamente a 17 de setembro de 2018, num encontro frente ao VV Gemert, na primeira ronda da KNBB Cup, apontando o segundo dos quatro golos que ditaram o triunfo da formação de Roterdão (4-0).

A estreia oficial na Eredivisie surgiu quase dois meses depois, a 9 de dezembro de 2018, pouco antes de completar 18 anos. O médio criativo foi suplente utilizado na vitória (1-4) perante o FC Emmen, jogo em que fez um golo e uma assistência nos 45 minutos em que esteve em campo.

Por esta altura já Orkun Kökcü era internacional Sub-17, Sub-18 e Sub-19 pelos Países Baixos, contando com 19 internacionalizações e cinco golos pelas seleções jovens neerlandesas.

Porém, em julho de 2019 o criativo decidiu representar a Turquia, ele que tem ascendência turca e azeri. A estreia oficial com as cores turcas verificou-se a 6 de setembro de 2019, precisamente na equipa de Sub-21, na qualificação para o Campeonato da Europa da categoria, frente à Inglaterra, que venceu por 3-2.

Orkun Kökcü fez apenas dois jogos pelos Sub-21 da Turquia, registando a primeira internacionalização pela seleção principal a 6 de setembro de 2020, perante a Sérvia, num encontro para a Liga das Nações que terminou empatado (0-0). Até ao momento da assinatura do contrato com o Benfica, o médio contava com 20 internacionalizações e dois golos, apontados frente a Montenegro, a 16 de novembro de 2021, e Arménia, a 25 de março de 2023.

Figura cada vez mais proeminente no Feyenoord, Orkun Kökcü fez parte da equipa titular – ao lado do hoje benfiquista Fredrik Aursnes – que disputou a final da Liga Conferência frente à AS Roma em 2021/22.

Em setembro de 2022, Orkun Kökcü tornou-se capitão do Feyenoord, guiando a equipa de Roterdão à conquista da Eredivisie em 2022/23, ele que já tinha no currículo uma Supertaça pelo clube, erguida em 2018, após o triunfo frente ao PSV Eindhoven no desempate por marcação de grandes penalidades (0-0, 5-6 gp), jogo no qual foi suplente não utilizado.

Na temporada finda (2022/23), Orkun Kökcü foi eleito Futebolista do Ano nos Países Baixos, encerrando a mesma com 46 jogos, mais de 3900 minutos de utilização, 12 golos e cinco assistências, isto englobando Campeonato, Taça e Liga Europa.

(Fonte: SLBenfica)

18 maio 2023

Kemal Kılıçdaroğlu promete enviar todos os refugiados de volta para casa

O adversário de Recep Tayyip Erdoğan na corrida presidencial da Turquia, Kemal Kılıçdaroğlu, elevou o tom sobre a imigração nesta quinta-feira, ao prometer enviar todos os imigrantes de volta para os seus países se for eleito na segunda volta de 28 de maio.

Kemal Kılıçdaroğlu, candidato de uma aliança de oposição de seis partidos, obteve cerca de 45% de votos na eleição de domingo, enquanto Erdoğan conseguiu cerca de 49,5%, ficando um pouco abaixo da maioria necessária para evitar uma segunda volta.

Os comentários mais recentes de Kılıçdaroğlu surgiram na sequência de expectativas de que o terceiro candidato na corrida presidencial anunciaria a sua decisão para a segunda volta.

Sinan Oğan, um político nacionalista apoiado por um partido anti-refugiados, obteve cerca de 5,2%, de votos, o que o tornou uma peça decisiva para a segunda volta.

Dirigindo-se aos membros de seu partido na sede do Partido Republicano do Povo (CHP), Kılıçdaroğlu manteve o seu tom desafiador contra as políticas de imigração de Erdoğan: "Erdogan, você permitiu deliberadamente 10 milhões de refugiados na Turquia. Você até colocou a cidadania turca à venda para obter votos importados". Anuncio aqui: vou mandar todos os refugiados de volta para casa assim que for eleito presidente, ponto final', disse Kılıcdaroğlu.

A Turquia abriga a maior população de refugiados do mundo, de cerca de 4 milhões, segundo dados oficiais.

(Fonte: Antena 1/Reuters)


Kiliçdaroğlu endurece tom para apelar ao eleitorado nacionalista


O opositor turco Kemal Kiliçdaroglu, que vai desafiar Recep Tayyip Erdogan na segunda volta das eleições presidenciais turcas de dia 28, endureceu hoje o tom sobre as questões dos refugiados e do terrorismo, num apelo ao eleitorado nacionalista.

"Nunca me sentei à mesa com organizações terroristas e nunca o farei [...]. Mandarei todos os refugiados para casa assim que chegar ao poder", afirmou o candidato da aliança da oposição em Ancara, no primeiro discurso público desde a primeira volta, a 14 de maio. 

Nos últimos meses, o líder da oposição tinha utilizado apenas a palavra "repatriamento" e dito que o faria num prazo de dois anos se vencesse a votação.

Estas duas promessas, agora formuladas num tom invulgarmente firme, tal como define a agência noticiosa France-Presse (AFP), "soam como uma mensagem" enviada aos 2,8 milhões de eleitores (5,2 por cento do eleitorado) que apoiaram o terceiro e último candidato mais votado na primeira volta, o ultranacionalista Sinan Ogan.

Segundo a imprensa turca, Sinan Ogan encontrou-se quarta-feira com um dos seis líderes da aliança da oposição e poderá encontrar-se sexta-feira com Kiliçdaroglu, que obteve 44,9% dos votos no domingo, contra 49,5% do Presidente cessante Recep Tayyip Erdogan, uma diferença de mais de 2,5 milhões de votos.

Sinan Ogan poderá apelar aos seus apoiantes no final da semana para que votem num dos dois finalistas da eleição, embora esteja por percecionar se o eventual apoio do ultranacionalista a qualquer um dos candidatos seja seguido pelos seus apoiantes.

Na primeira volta, Ogan centrou parcialmente a sua campanha na expulsão dos quatro milhões de refugiados que vivem em solo turco, 90% deles sírios.

Kiliçdaroglu, que há muito prometeu enviar os refugiados sírios para o país de origem, acusou hoje o chefe de Estado cessante de ter "trazido voluntariamente 10 milhões de refugiados" para a Turquia.

"Se se mantiverem no poder, haverá mais 10 milhões de refugiados [...]. Haverá pilhagens. As cidades serão geridas pela máfia e pelos traficantes de droga. O feminicídio vai aumentar", alertou.

Sobre a questão do terrorismo, Kiliçdaroglu acusou Erdogan de ter conduzido "negociações secretas" com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo descrito como terrorista por Ancara e pelos seus aliados ocidentais.

O líder da oposição turca também o chefe de Estado de ter "alimentado e feito crescer" o movimento do pastor exilado Fethullah Gülen, um antigo aliado de Erdogan, acusado por este último de ter fomentado a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016.

"Nunca estive do lado daqueles que conspiraram contra os nossos soldados e nunca estarei", disse, visando Erdogan, que, por sua vez, acusa Kiliçdaroglu de "receber ordens" do PKK desde que ganhou o apoio do partido pró-curdo HDP.

O candidato da oposição também denunciou as "irregularidades" que, defendeu, prejudicaram a primeira volta das eleições.

"Não precisamos de um ou dois, mas de cinco observadores em cada assembleia de voto", afirmou o líder da oposição.

(Fonte: JN)

14 maio 2023

Kemal Kılıçdaroğlu promete devolver a democracia ao país


O líder da oposição turco, Kemal Kiliçdaro[lu, exerceu este domingo o seu voto para as eleições presidenciais, apelando à harmonia numa eleição em que tem oportunidade de destituir o atual presidente, Recep Tayyip Erdoğan.

O líder do Partido Democrático Popular, Kiliçdaroğlu, exerceu o seu voto na escola primária Argentina, em Ancara, acompanhado da esposa, Selvi, entre clamores de "Kemal, presidente".

Em declarações aos jornalistas, depois de votar, Kiliçdaroğlu, que é o principal adversário do atual presidente Erdogan, destacou que "a primavera vai regressar" ao país.

"Todos sentimos falta da democracia. Sentimos falta de estarmos juntos, de nos abraçarmos uns aos outros. Vão ver, a Primavera vai regressar a este país, se Deus quiser, e vai durar para sempre", afirmou.

(Fonte: TSF)

12 maio 2023

Dirigente do AKP: Vamos vencer as eleições mas respeitamos qualquer resultado


O dirigente do AKP em Ancara assegurou em entrevista à Lusa que os resultados eleitorais de domingo serão respeitados pelo partido no poder, mas previu que nas legislativas e presidenciais de domingo a oposição será novamente derrotada.

“Respeitaremos a vontade da nação. Obedeceremos aos resultados, mas a aliança da oposição não aceitará a sua derrota e caminhará na lama. Não legitimarão os resultados para arruinar o processo eleitoral. E tentarão atuar em diversos cenários”, indicou Murat Alparslan, 49 anos, que concorre na terceira posição nas listas do partido.

“Acreditamos que vamos vencer as eleições legislativas e presidenciais. E que venceremos as presidenciais na primeira volta”, arriscou.

Numa observação final ao duplo escrutínio de 14 de maio, o dirigente local do AKP recordou que as eleições na Turquia registam geralmente elevada participação, com a presença de observadores nacionais e estrangeiros.

As eleições presidenciais e legislativas de domingo na Turquia serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayip Erdogan e do seu partido AKP, no poder há duas décadas.

A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroglu, apoiado pelo partido esquerdista e pró-curdo HDP.

Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votam antecipadamente.

Murat Alparslan falou à Lusa na sede de campanha para o 1.º distrito de Ancara, situada num amplo recinto no centro com construções pré-fabricadas e onde se concentram as equipas de apoio aos deputados.

Ao ser questionado sobre as alegadas conspirações internas e externas dirigidas contra o Estado e o partido no poder e denunciadas regulamente pelos media que controlam, considerou que não constituem uma surpresa.

“Tentaram que a Turquia ficasse controlada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e com esse objetivo pretendem afastar Erdogan, porque caso contrário o FMI não poderá controlar o destino da Turquia”, alegou.

“O país é suficientemente inteligente para enfrentar estas armadilhas contra si e contra Erdogan, e quando se livrar destas armadilhas solucionará os seus principais problemas. A grande vantagem de Erdogan consiste em aglutinar junto de si um partido forte e os seus membros, e manter uma forte empatia com a nação”, defendeu à Lusa.

Numa abordagem à “questão curda”, em particular o colapso das inéditas conversações promovidas pelo AKP com o proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), mas que colapsaram em 2015, Murat Alparslan recordou que todas as minorias étnicas e religiosas “desempenharam uma função essencial na construção da Turquia”, rejeitando por isso que sejam consideradas como minorias.

“Não temos problemas com minorias étnicas e religiosas e não temos um problema com os curdos, antes com os grupos terroristas. A maioria da população curda é prejudicada pelos grupos terroristas”, assinalou.

Ainda numa referência ao malogrado processo de paz, iniciado em 2012, sustentou que Erdogan e o Estado atuaram com brandura face aos curdos, “com o objetivo de terminar um prolongado banho de sangue e o funeral de mártires”.

Neste processo, acusa os “grupos terroristas” de aproveitamento da situação.

“Por isso, o Estado e Erdogan deram um murro com um punho de ferro na mesa. A luta contra o terrorismo e os grupos terroristas vai prosseguir até ao fim. No nosso grupo de deputados e no Governo do AKP existem mais curdos que no CHP”, a principal força da oposição, assinalou.

(Fonte: Lusa/Observador)

Mudança de poder na Turquia pode não significar o fim dos laços com Putin

Em plena campanha eleitoral e a apenas três semanas da abertura das urnas, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente russo, Vladimir Putin, inauguraram a primeira central nuclear da Turquia numa cerimónia virtual, gesto que aproximou ainda mais os dois vizinhos do Mar Negro.

No mês passado, foi feita a primeira entrega de combustível nuclear na central de Akkuyu, na província de Mersin, que é a primeira do mundo a ser construída, detida e explorada por uma única empresa - a empresa estatal russa de energia atómica Rosatom.

Com isso, a Turquia aumentou a sua dependência energética de Moscovo, numa altura em que os seus aliados da NATO estavam a reduzir esses laços para privar a Rússia de influência contra eles. A presença de Moscovo na Turquia foi reforçada a longo prazo, precisamente no momento em que Erdogan se prepara para participar numa eleição que, segundo algumas sondagens, o poderá afastar do poder.

O reforço dos laços entre Erdogan e Putin causou nervosismo no Ocidente, com alguns a observarem as próximas eleições na expectativa de uma possível saída de Erdogan.

O homem forte turco sabe disso. Quando, em março, o embaixador dos EUA em Ancara, Jeff Flake, visitou o seu principal rival eleitoral, Kemal Kiliçdaroglu, Erdogan atacou-o, chamando à visita do diplomata norte-americano uma "vergonha" e avisando que a Turquia tem de "dar uma lição aos EUA nestas eleições".

As sondagens sugerem uma corrida apertada entre Erdogan e Kiliçdaroglu, com a probabilidade de as eleições de 14 de maio irem a uma segunda volta se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos.

Mas os analistas afirmam que, mesmo que Erdogan seja derrotado nas urnas, uma reviravolta na política externa da Turquia não é um dado adquirido. Enquanto figuras próximas da oposição consideram que, em caso de vitória, a Turquia será reorientada para o Ocidente, outros dizem que as questões fundamentais da política externa provavelmente permanecerão inalteradas.

Ao longo das últimas duas décadas, a Turquia de Erdogan reposicionou-se de uma nação secular e orientada para o Ocidente para uma nação mais conservadora e orientada para a religião. Membro da NATO, e com o segundo maior exército da Aliança, reforçou os seus laços com a Rússia e, em 2019, chegou mesmo a comprar-lhe armas, desafiando os EUA. Erdogan tem levantado suspeitas no Ocidente ao continuar a manter laços estreitos com a Rússia, enquanto esta prossegue a sua ofensiva na Ucrânia, e foi uma dor de cabeça para os planos de expansão da NATO ao impedir a adesão da Finlândia e da Suécia.

No entanto, a Turquia também tem sido útil aos seus aliados ocidentais durante o governo de Erdogan. No ano passado, Ancara ajudou a mediar um acordo histórico de exportação de cereais entre a Ucrânia e a Rússia e até forneceu à Ucrânia drones que desempenharam um papel importante contra os ataques russos.

"Penso que há áreas em que vamos assistir a mudanças radicais, se a oposição ganhar, e muitos dos nossos colegas e diplomatas europeus em Ancara estão a perguntar até que ponto a Turquia vai voltar a aproximar-se dos seus aliados ocidentais", disse Onur Isci, professor assistente de relações internacionais na Universidade Bilkent, em Ancara, observando que, se a oposição ganhar, a primeira coisa que vai fazer é reparar as barreiras com o Ocidente.

Limites da viragem da Turquia para o Ocidente

Mas, mesmo que as relações com o Ocidente sejam restabelecidas, haverá limites para o regresso da Turquia àquela esfera, dada a profunda interligação entre as economias turca e russa, especialmente no que respeita à energia.

Segundo Isci, grande parte da política externa de Erdogan tem sido orientada por considerações económicas. E é provável que isso continue no próximo governo.

A Turquia é um parceiro comercial fundamental para a Rússia, bem como um centro para milhares de russos que fugiram após a invasão russa da Ucrânia, investindo dinheiro no sector imobiliário e noutros sectores.

O comércio entre os dois países tem vindo a aumentar e, no mês passado, Putin afirmou que a Rússia estava interessada em aprofundar os seus laços económicos com Ancara, referindo que o comércio bilateral ultrapassou os 57 mil milhões de euros em 2022, de acordo com a agência noticiosa estatal russa TASS. Este facto coloca a Rússia entre os maiores parceiros comerciais da Turquia.

No entanto, a União Europeia, enquanto bloco, continua a ser o maior parceiro comercial da Turquia, com o comércio bilateral a atingir cerca de 200 mil milhões de euros, de acordo com a Comissão Europeia. Entretanto, o comércio com os EUA ascendeu a cerca de 31 mil milhões de euros em 2022, de acordo com o Gabinete dos Censos dos EUA.

A proximidade geográfica da Rússia com a Turquia, bem como os seus interesses económicos em Ancara, provavelmente significa que um líder diferente de Erdogan continuará a manter boas relações com Moscovo, enquanto ancora a Turquia nas suas alianças democráticas ocidentais, perspetivou Murat Somer, professor de ciência política da Universidade Koc, em Istambul, à CNN.

"Em termos de perspetivas do país, este será orientado para o Ocidente democrático", afirmou Somer, salientando que tal não significa o fim total das divergências com os países ocidentais.

Após vários atrasos, a Turquia permitiu este ano que a Finlândia aderisse finalmente à NATO, mas continua a impedir a adesão da Suécia, alegando que este país alberga "organizações terroristas" curdas, referindo-se ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado um grupo terrorista pela Turquia, pelos EUA e pela UE.

As questões relativas à adesão da Suécia podem, no entanto, ser resolvidas com ou sem Erdogan.

"É muito provável que, independentemente de quem ganhe as eleições, Ancara ratifique a adesão da Suécia em 2023, depois de a nova legislação antiterrorista entrar em vigor na Suécia", antecipou à CNN Nigar Goksel, diretor para a Turquia do International Crisis Group.

A oposição tem feito questão de salientar que, para que a adesão da Suécia seja aprovada, são essenciais "medidas construtivas para eliminar as preocupações da Turquia em matéria de segurança".

Mas enquanto as relações com a UE podem melhorar se a oposição ganhar, o caminho pode ser mais longo e mais difícil com os EUA, dizem os especialistas.

"Quando mencionamos a relação da Turquia com o Ocidente por vezes tomamos os dois extremos do Atlântico como se fossem um só", disse Isci. "A relação da Turquia com os EUA chegou a um beco sem saída e tem vindo a deteriorar-se desde há muito tempo."

Quer Erdogan ou a oposição ganhem, acredita Isci, a Turquia vai tentar "desenredar a sua relação com os EUA e a UE", dada a dependência de Ancara dos seus parceiros comerciais europeus.

(Fonte: CNN Portugal)

UE pede tratamento igualitário de todos os candidatos e transparência

A União Europeia alerta para a importância de assegurar a pluralidade dos órgãos de comunicação social na Turquia e o tratamento igualitário de todos os candidatos às eleições presidenciais e legislativas de domingo, disse à Lusa fonte oficial comunitária.

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Peter Stano, disse esperar que as eleições do próximo domingo sejam “transparentes e inclusivas, e em linha com os princípios democráticos”.

É importante que seja assegurada a pluralidade dos órgãos de comunicação social e o tratamento igualitário de todos os partidos políticos e candidatos”, sustentou.

A União Europeia (UE) não vai enviar uma missão de observação para a Turquia, uma vez que o acompanhamento de eleições nos países da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) é feita pelo Gabinete para as Instituições Democráticas e Direitos Humanos.

Questionado sobre de que modo é que uma derrota do Presidente Recep Tayyip Erdogan, do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), pode ser um reinício das relações com Ancara, atribuladas nos últimos meses, a Comissão rejeitou “especular sobre cenários hipotéticos”.

Peter Stano comentou que Bruxelas “está preparada para continuar a trabalhar com proximidade com qualquer Governo e administração da Turquia eleitos democraticamente”.

As relações entre a UE e a Turquia têm sido complicadas. Há anos que Ancara utiliza como instrumento de negociação com Bruxelas os milhões de migrantes que tentam chegar à UE — muitos deles refugiados da Síria —, mas que acabam por ficar retidos em território turco, na sequência de um acordo assinado em 2016.

O acordo pode estar em causa em função do resultado das eleições, uma vez que existe a intenção dos dois lados de reduzir o número de migrantes que estão no país, obrigando-os a regressar aos países de origem ou possivelmente rompendo o acordo com a UE.

Em abril de 2021, o Presidente turco esteve no centro de uma polémica designada por Sofagate por ter deixado a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sentada num sofá afastada do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e do próprio Erdogan durante uma visita dos líderes das instituições europeias a Ancara.

Michel e Erdogan sentaram-se em duas poltronas para uma conversa e Von der Leyen ficou de pé, tendo apenas um sofá, afastado dos outros dois intervenientes na reunião, para se sentar.

O gesto foi na altura criticado pela diplomacia europeia.

De acordo com um artigo dos analistas Asli Aydintasbas e Jeremy Shapiro divulgado no final de abril pelo Conselho Europeu para Relações Estrangeiras, as relações da UE e dos Estados Unidos com a Turquia estão dependentes da atuação que estes dois blocos tenham nas eleições.

Os dois analistas sugerem que Bruxelas e Washington se resfriem de intervir durante o processo eleitoral, mesmo que vá a uma segunda volta (que poderá ocorrer a 28 de maio), uma vez que do lado do AKP e do Presidente Erdogan existem acusações de que o líder da oposição turca (e principal rival político de Erdogan no escrutínio) e a sua coligação são instrumentos do Ocidente para destabilizar a Turquia.

O opositor de Erdogan, Kemal Kiliçdaroglu, apresentou-se com um candidato mais pró-ocidental e que deseja criar um sistema democrático mais pluralista, em oposição ao regime populista e cada vez mais autoritário de Erdogan.

Na ótica dos analistas, o máximo que a UE e os Estados Unidos deveriam fazer era reiterar a importância de um processo eleitoral ordeiro e transparente, como a Comissão Europeia respondeu à Lusa.

As eleições presidenciais e legislativas na Turquia realizam-se no domingo, 14 de maio, e serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayyip Erdogan e do seu partido AKP, no poder há duas décadas.

A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroglu, líder do maior partido da oposição turca (Partido Republicano do Povo — CHP, social-democrata).

Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votaram antecipadamente.

A última sondagem divulgada na quinta-feira pelo reconhecido Instituto Konda atribui a Kiliçdaroglu 49,3% das intenções de voto na primeira volta, contra 43,7% de Erdogan.

(Fonte: Observador)

09 maio 2023

Portugal acompanha escrutínio na Turquia com atenção



O Governo português irá acompanhar “com muita atenção” as eleições na Turquia esperando que Ancara continue a ser parceiro da União Europeia (UE), e destaca o “papel muito importante” do país para mediar tensões na guerra na Ucrânia.

A posição é do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, que em entrevista à agência Lusa a propósito do Dia da Europa, que hoje se assinala, defende que “a Turquia é um país muitíssimo importante em si mesmo e também no domínio das relações com a UE porque é um país candidato e faz parte de uma União aduaneira com a União Europeia”.

“Portanto, naturalmente, seguimos com muita atenção, com muito interesse, tudo aquilo que se passa na Turquia”, afirma o responsável.

Além disso, continua Tiago Antunes, “nas atuais circunstâncias, é um país absolutamente decisivo, no contexto do conflito na Ucrânia, basta relembrar o papel muito importante que teve na negociação com as Nações Unidas na iniciativa dos cereais do Mar Negro, que garantiu o escoamento de cereais da Ucrânia e a sua mobilização para várias zonas do globo, designadamente no sul global, permitindo evitar situações de fome ou de subnutrição”.

“Todos estes fatores contribuem para que a realidade na Turquia seja algo que, na União Europeia, seguimos com muita atenção e todos os parceiros europeus acompanham com atenção, desejando, naturalmente, que continue a ser um parceiro”, sublinha o secretário de Estado.

O responsável lembra, ainda, aquele que foi um dos maiores desastres naturais da Europa, quando um sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu em fevereiro passado o sul da Turquia e o norte da vizinha Síria, provocando milhares de vítimas e o desabamento de milhares de edifícios.

“Há um esforço de reconstrução muito grande a fazer”, adianta.

As eleições presidenciais e legislativas na Turquia realizam-se em 14 de maio e serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayip Erdogan e do seu partido AKP, no poder há duas décadas.

A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroğlu, líder do maior partido da oposição turca (Partido Republicano do Povo - CHP, social-democrata), apoiado pelo partido esquerdista e pró-curdo HDP.

Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votam antecipadamente.

As mais recentes sondagens indicam que o resultado das eleições presidenciais está muito renhido, deixando em aberto uma vitória de Erdogan ou de Kiliçdaroglu, com uma ligeira vantagem para este último.

Se Erdogan vencer, poderá cumprir o seu terceiro mandato consecutivo como Presidente.

(Fonte: Açoriano Oriental)


04 maio 2023

Terramoto: UNICEF Portugal relembra que a consignação de 0,5% do IRS irá reverter 100% a favor das vítimas

Três meses depois dos terramotos na Síria e na Turquia, ainda há vítimas por resgatar dos escombros e cerca de 18 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária. Os sismos pararam, mas é tempo de reconstrução. A UNICEF Portugal destina a consignação dos 0,5% do IRS relativo a 2022 para ajudar as vítimas dos terramotos ocorridos a 6 de fevereiro passado na Turquia e na Síria.

De acordo com dados recentes divulgados pela UNICEF, só na Turquia, mais de 2,4 milhões de pessoas encontram-se alojadas em abrigos temporários (tendas e contentores) com acesso limitado a serviços básicos como água, saneamento e serviços médicos. Já na Síria, desde o início dos terramotos mais de 97 mil famílias foram deslocadas e 3,7 milhões de crianças, mulheres grávidas e lactantes foram afetadas e necessitam urgentemente de água, abrigo, alimentos e assistência médica e psicossocial de emergência.

Beatriz Imperatori, Diretora Executiva da UNICEF Portugal, salienta que "a situação em algumas regiões da Turquia e Síria é absolutamente crítica. As nossas equipas têm encontrado e lidado com situações de urgência humanitária que envolvem milhões de desalojados, especialmente mulheres e crianças, que são sempre as que mais sofrem nestes cenários de absoluta devastação”. A responsável sublinha ainda que “tendo em conta a dimensão da catástrofe nos dois países, e a guerra civil que dura há mais de uma década na Síria, a reconstrução demorará tempo, o que torna ainda mais urgente o regresso progressivo à normalidade para todas estas crianças”.

A UNICEF Portugal convida todos os portugueses a apoiarem as crianças e famílias da Síria e da Turquia, optando pela consignação de 0,5% do seu IRS à UNICEF, através do Número de Identificação Fiscal 500883823. O prazo para entrega do IRS de 2023, referente aos rendimentos do ano de 2022, é dia 30 de junho.

A consignação do IRS permite encaminhar uma parte do imposto que seria a favor do Estado português para uma entidade ou associação à escolha, sem qualquer custo associado. Através deste mecanismo, o Estado abdica de 0,5% do seu IRS e envia o respetivo montante para a entidade beneficiária escolhida. De destacar que o reembolso do contribuinte não é afetado com este processo, sendo certo que não receberá menos, nem pagará mais por ter decidido avançar com a consignação.

A UNICEF está na região, sendo responsável pelos sectores da Água e Saneamento, Educação e colíder no setor da Proteção Infantil.

Todas as informações relativas ao processo de consignação de 0,5% do IRS à UNICEF Portugal disponíveis em https://irs.unicef.pt. A UNICEF Portugal agradece antecipadamente a colaboração de todos neste importante apoio às vítimas dos terramotos na Turquia e Síria.

(Fonte: UNICEF)

20 abril 2023

Missão portuguesa pós-sismo liderada pelo Instituto Superior Técnico: uma questão de vontade política e não de legalidade #6

A presente missão de avaliação e reconhecimento pós-sismo na Turquia, tem como propósitos compreender melhor o que falhou em termos técnicos, sociais e políticos, bem como coligir o que se destaca pela positiva e possa servir de aprendizagem ao nosso país. Tem também um objetivo que é o de comunicar, informar o cidadão, por forma a incentivar a mudança de mentalidades e atitudes.

Em Ancara, foi-nos possível ter uma reunião com o Ministério da Saúde da Turquia, para perceber como se conseguiu que o Estado turco exigisse, na última década, que fossem instalados sistemas de isolamento base em hospitais novos que fossem construídos.

Depois do sismo de 1999 e, novamente, da destruição que causou, o Estado turco percebeu que teria de tomar alguma atitude e decisões relativamente à falta de capacidade de resposta dos hospitais perante um sismo.

Em 2007, um aluno de doutoramento turco no Japão, tomou conhecimento destes sistemas de proteção sísmica. Tendo avaliado o potencial da sua aplicação, em conjunto com os seus professores, envidou esforços para que o isolamento sísmico fosse considerado no projeto de hospitais. Um dos seus professores convidou então o ministro da Saúde turco a visitar os hospitais japoneses que possuíam isolamento de base e ver o potencial dessa tecnologia para melhorar o comportamento sísmico destes edifícios. A partir daí os laços estreitaram-se e o conhecimento foi passado para a Turquia.

Desde 2013, o Ministério da Saúde turco tem vindo então a exigir que os novos hospitais públicos com mais de 100 camas, que sejam construídos nas zonas de mais elevado risco (nível 1 e 2), possuam um sistema de isolamento de base e sensores de monitorização do edifício. Na Turquia, tal como em Portugal, os regulamentos técnicos de projeto e construção não obrigam à utilização de isolamento de base. Os edifícios, tal como cá, são construídos para a estrutura não colapsar por completo e para que as pessoas possam evacuar os edifícios após o sismo. No entanto, e particularmente em caso de hospitais, isso não é suficiente, uma vez que os elementos não-estruturais, como equipamentos médicos, sistemas de AVAC, tubagens, paredes divisórias, revestimentos, entre inúmeros componentes e equipamentos que possibilitam o funcionamento de um hospital, podem ser danificados. Para que isso não aconteça, e apesar do regulamento não exigir a utilização de sistemas de isolamento de base nestes edifícios, o Ministério da Saúde turco passou a exigi-la. Imediatamente após a ocorrência de um sismo, a solicitação de cuidados médicos vai disparar. Se não existirem hospitais operacionais, como poderão ser as pessoas socorridas? Como se observou na Turquia, hospitais com isolamento de base permitem dar uma resposta rápida e eficiente à sua população e não perder, em alguns segundos, todo o investimento feito no edifício, nos equipamentos médicos, etc.

O custo dos sistemas de isolamento de base nos hospitais turcos já construídos rondou os 7%-10% do custo do edifício. No entanto, informações sobre edifícios com isolamento de base em Itália e Portugal apontam para valores inferiores. Na avaliação dos custos também é preciso ter em conta outras questões: i) este sistema pode, em alguns casos, permitir poupanças a outros níveis, como por exemplo na estrutura acima do sistema de isolamento, e/ou mais lugares de estacionamento devido a haver menos necessidade de paredes estruturais em caves abaixo do sistema de isolamento, e ii) dado que o custo de todos os equipamentos médicos de um hospital pode ser da ordem de grandeza do custo do edifício, o custo relativo do isolamento de base é residual face ao investimento global (e note-se que protege não só o edifício e as pessoas, mas também os equipamentos médicos, ou seja, protege todo o investimento). Assim, o acréscimo de custo, em termos relativos, de um hospital com isolamento sísmico face a outros sem isolamento, será provavelmente inferior a 5%, sendo mais expectáveis valores da ordem de 2% a 3%. Mas muitíssimo mais importante é: quanto custa a perda total de um hospital numa situação de Emergência, ou seja, quando ele é mais preciso? E as vidas que não pode salvar por ficar inoperacional após um sismo?

Atualmente estão a ser construídos cerca de 65 hospitais nas zonas de risco sísmico mais elevado da Turquia. Todos incluem isolamento de base e um sistema de monitorização por decisão do Governo. E em Portugal, como vai ser?

Mesmo em casos como o do Hospital de Lisboa Oriental em que o projeto, sem isolamento de base, está feito e a obra adjudicada, e em que a alteração desta situação pode implicar outros custos (indemnizações, elaboração de novo projeto), o que está em causa é de tal forma importante, que vale a pena pagar esses custos adicionais.

Nota: Os autores agradecem ao Ministério da Saúde da Turquia, em Ancara, por os ter recebido.

Esta é uma missão não-governamental composta por membros da academia, da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica e de empresas, que se juntou a colegas da Turquia.

Autores:

Mónica Amaral Ferreira e Mário Lopes - Instituto Superior Técnico

Xavier Romão - Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Miguel Sério Lourenço - JSJ Structural Engineering

Cristina Oliveira - Escola Superior de Tecnologia do Barreiro do Instituto Politécnico de Setúbal

Paulo Pimenta - Pretensa Lda.

(Fonte: Expresso)

15 abril 2023

Missão portuguesa pós-sismo liderada pelo Instituto Superior Técnico: resiliência sísmica #1

A missão portuguesa de reconhecimento dos danos após os sismos que ocorreram na Turquia e Síria, a 6 de fevereiro, encontra-se desde dia 12 de abril a percorrer as áreas mais atingidas da Turquia. Tomadas de decisão que podem conduzir a que a resiliência sísmica de um país não aumente poderão ter impactos económicos e sociais significativos a curto e médio/longo prazo

A produção de aço é uma das principais indústrias da Turquia. Iskenderun, localizada a 120 quilómetros do epicentro, é uma dessas cidades industriais, com um importante terminal portuário no Mediterrâneo. Na sequência do sismo, os danos nas vias e o incêndio que deflagrou no terminal de contentores levaram ao encerramento deste porto, por tempo indeterminado, até que todas as condições básicas de operação estejam repostas.

Se ocorrer um sismo em Portugal, com magnitude semelhante ou superior à dos sismos de 6 de fevereiro, o terminal portuário de Sines poderá ficar igualmente paralisado por tempo indeterminado. O contributo desta infraestrutura para a competitividade da economia portuguesa é fundamental, pois além de albergar o mais importante terminal de gás natural liquefeito em território nacional, é o único porto português de águas profundas que permite exportar para todo o mundo.

Iskenderun, é também conhecida pelas suas praias, sendo uma zona onde muitas pessoas compram as suas casas. Na sequência dos sismos, foram observados diversos danos nos edifícios residenciais dessa zona, muitos associados a práticas construtivas inapropriadas (queda de paredes de fachada por deficiente fixação, entre outros), não sendo também de excluir a possibilidade de alguns desses danos terem sido intensificados devido à existência de solos de fundação inadequados.

Apesar dos danos observados em Iskenderun serem muito frequentes após um sismo, é possível observar pontos positivos na cidade de Osmaniye. Esta cidade fica a cerca de 20 quilómetros da povoação de Pazarcik, onde se localizou o epicentro do primeiro sismo (com magnitude 7.7), segundo a Proteção Civil Turca (AFAD), e possui um hospital construído com sistema de isolamento de base. Este tipo de sistema consiste em apoiar os pilares e paredes estruturais em aparelhos que separam a estrutura das fundações, reduzindo, assim, a intensidade das acelerações que o solo transfere para a estrutura.

Este sistema protege o edifício, os seus ocupantes e todos os equipamentos médicos do seu interior. A construção de hospitais com este sistema permite, assim, que estas infraestruturas essenciais fiquem totalmente operacionais após a ocorrência de um sismo. As vantagens de construir um hospital com isolamento de base foram confirmadas em Osmaniye. O hospital, acabado de ser construído, pôde ser posto ao serviço da comunidade imediatamente após o evento.

Durante a missão, foi possível observar todo o sistema de isolamento de base do edifício, desde os aparelhos de isolamento sísmico, os sistemas que permitem acomodar os deslocamentos relativos entre a estrutura isolada e outras infraestruturas não isoladas, até aos sistemas especiais para as instalações técnicas acomodarem os deslocamentos. O sistema de isolamento sísmico cumpriu a sua função como previsto; o edifício estava totalmente operacional e em pleno funcionamento. Sem dúvida que se trata de um sistema eficaz para garantir uma qualidade e segurança das construções, algo de extrema importância numa estrutura como um hospital, que se pretende em funcionamento sem interrupções durante e após um sismo. Este hospital foi também um elemento fulcral na assistência humanitária à população por ser a única estrutura capaz de assegurar alimentação a 40 mil pessoas no imediato e, atualmente, serve ainda 30 mil pessoas. Outros hospitais do mesmo tipo serviram até como abrigo temporário às populações.

As estratégias e políticas públicas de prevenção e preparação para a ocorrência de um sismo devem ter como um dos objetivos o aumento da resiliência das infraestruturas que possam vir a ser afetadas.

Esta é uma missão não-governamental composta por membros da academia, da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica e de empresas, que se juntou a colegas da Turquia. Os autores deste artigo são:

Mónica Amaral Ferreira e Mário Lopes - Instituto Superior Técnico;

Cristina Oliveira - Escola Superior de Tecnologia do Barreiro do Instituto Politécnico de Setúbal;

Xavier Romão - Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;

Paulo Pimenta - Pretensa Lda.;

Miguel Lourenço - JSJ Structural Engineering.

(Fonte: Expresso)

21 fevereiro 2023

Terminaram oficialmente as buscas por sobreviventes na província de Hatay

A província turca de Hatay foi a mais duramente atingida pelos terramotos de 6 de fevereiro e, esta segunda-feira, sofreu mais dois sismos que provocaram vítimas.

As autoridades turcas deram esta terça-feira por terminadas as buscas por sobreviventes na província de Hatay, a mais duramente atingida pelos terramotos de 6 de fevereiro e que sofreu mais dois tremores na segunda-feira à noite.

Os sismos de magnitude 6,4 e 5,8 da noite passada causaram o colapso de muitos edifícios que já tinham sido gravemente danificados pelos terramotos de há 15 dias.

Seis pessoas morreram em resultado dos colapsos, um número que as autoridades consideram agora definitivo, segundo a agência noticiosa turca oficial Anadolu, enquanto 294 pessoas, 18 das quais gravemente feridas, receberam cuidados médicos.

O número de mortos não foi mais elevado porque desde o primeiro sismo, que causou a morte a pelo menos 42.310 pessoas em toda a Turquia, os edifícios em Antakya e arredores permanecem desocupados e as pessoas têm passado a noite ao ar livre em tendas ou em casas pré-fabricadas que estão a ser montadas.

Pelo menos três das seis vítimas eram pessoas que tinham entrado em edifícios vazios ainda de pé para recuperar os seus pertences, uma prática comum nos dias de hoje, mas muito arriscada como o terramoto de segunda-feira à noite demonstrou.

O novo tremor de terra e o seu tremor secundário, com o seu epicentro a apenas uma dúzia de quilómetros a sul de Antakya, abalaram também edifícios que até agora pareciam intactos, de modo que nenhuma casa pode ser considerada segura de momento, segundo a emissora turca NTV.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdo[an, disse hoje que 139.000 edifícios, incluindo quase meio milhão de casas ou escritórios nas 11 províncias afectadas, foram demolidos ou severamente danificados pelos tremores de terra.

No total, depois de investigar mais de um milhão de edifícios na área, um em cada dez está desmoronado ou tem de ser demolido urgentemente, concluiu o ministro do Urbanismo, Murat Kurum.

A proporção é duas vezes superior nas duas províncias mais afectadas, Kahramanmaras e Hatay, onde um em cada cinco edifícios controlados é destruído.

Hatay, uma província de 1,6 milhões de habitantes com uma agricultura florescente, indústria, artesanato e turismo local, é de longe a mais afetada, com 37.000 edifícios em ruínas.

A capital provincial, Antakya, com quase 400.000 habitantes, está tão destruída que a economia não poderá recuperar a curto prazo, disse Hikmet Çinçin, presidente da câmara de comércio local, à emissora NTV.

Segundo este responsável, das 2.000 pequenas empresas registadas, 1.700 foram arruinadas pelos terramotos, causando um êxodo de sobreviventes que carecem dos serviços necessários para a vida quotidiana.

Duas instalações industriais nas colinas da periferia de Antakya resistiram ao terramoto praticamente incólumes, mas não poderão continuar a funcionar, uma vez que tanto os trabalhadores como os empregados mais instruídos deixaram a área, disse Çinçin.

A indústria local está agora desesperadamente à procura de trabalhadores mas terá de fechar se ninguém ficar para viver numa cidade onde não há electricidade neste momento, concluiu.

O terramoto de 6 de fevereiro, com epicentro em território turco, e ao qual se seguiram várias réplicas, fez pelo menos 44 mil mortos e mais de 100 mil feridos na Turquia e na Síria, números ainda provisórios e que deverão continuar a aumentar.

(Fonte: SIC Notícias)

Pelo menos seis mortos e quase 300 feridos após novo sismo na Turquia


Pelo menos seis pessoas morreram em dois sismos de magnitude 6,4 e 5,8 que atingiram a província turca de Hatay na segunda-feira à noite, noticiaram esta terça-feira os média locais.

Já o Ministério da Saúde turco indicou terem sido identificados até ao momento 294 feridos. O anterior balanço apontava para três mortos e 213 feridos.

O terramoto principal foi registado a sul da cidade de Antakya, na província de Hatay, uma das 11 regiões turcas devastadas há 15 dias por dois sismos que mataram pelo menos 44 mil pessoas, na Turquia e na Síria.

(Fonte: CMTV)

14 fevereiro 2023

“Caos e sofrimento”: O relato de um médico português na Turquia

“Vemos, ouvimos e lemos / Não podemos ignorar.” Assim começa a cantata da paz, escrita por Sophia de Mello Breyner.  Assim nos obriga a sentir a dimensão da tragédia humana, após o devastador terramoto que assolou a Síria e a Turquia, longe de poder ser contabilizada. 

Perante as imagens que nos chegam todos os dias, dividimos as lágrimas e a frequência cardíaca entre a atualização em crescendo do número de mortos e a esperança por cada vida salva, contra as probabilidades. 

O Dr. António Gandra d’Almeida, é o médico responsável da equipa do INEM em missão na Turquia e aceitou partilhar o seu testemunho, apesar do trabalho infindável e das condições adversas.

Onde se encontra a equipa da missão portuguesa na Turquia?

Estamos em Hatay. Estivemos, até domingo, no centro da cidade. Agora, começámos as operações nas zonas mais remotas. 

Quais foram as primeiras impressões à chegada à Turquia?

Caos e sofrimento. As pessoas perderam família, amigos e as suas casas. Não havia elettricidade nem água. As temperaturas são muito baixas. 

Estiveram envolvidos na operação que resgatou com vida uma criança de 10 anos, o pequeno Baran. O que sentiram?

É uma sensação difícil de explicar. Uma explosão de sentimentos muito intensa. O mais importante: o Baran vai ficar bem. Valeu a pena. 

Como é o cenário em termos de assistência médica no terreno e nos hospitais?

Há equipas médicas de emergência a dar apoio no terreno. Os hospitais nacionais de regiões vizinhas também estão a prestar apoio, ainda que por vezes se encontrem a grande distância.

Da sua experiência de cenários de catástrofe, o que podemos esperar nos próximos dias? Ainda se poderá encontrar pessoas com vida entre os escombros?

É cada vez mais improvável encontrar sobreviventes, mas continuamos com esperança e mantemos as operações de busca. Aos poucos, a população está a tentar restabelecer as suas vidas. Vai ser demorado e muito difícil.

Como está a equipa portuguesa? Como têm sido os vossos dias?

Os nossos dias são de muito trabalho e longos. Todos estão a dar o seu melhor. Estamos a fazer os possíveis e impossíveis para ajudar, apoiar e estarmos onde precisam de nós. Estamos bem e muito moralizados.

(Fonte: CNN)

12 fevereiro 2023

Equipa portuguesa resgata criança de dez anos em Hatay


A equipa portuguesa de busca e salvamento que está na Turquia resgatou com vida uma criança de dez anos. Em entrevista à RTP este domingo, o comandante da missão, José Guilherme, diz já ter valido a pena a deslocação a esse país.

O comandante explicou que o alerta sobre a criança foi dado por populares e que a operação de resgate "demorou algumas horas".

"Vamos continuar empenhados na nossa missão, que todos os portugueses nos confiaram, na ajuda a este país", declarou José Guilherme, falando num "orgulho pelos operacionais" que resgataram o menino de dez anos.

(Fonte: RTP)

11 fevereiro 2023

Equipa portuguesa de resgate procura vida nos escombros de Antáquia


Na baixa de Antáquia, junto a um edifício em que o rés-do-chão desapareceu, Orhan Demir e a mulher correm até à equipa portuguesa que está a apoiar operações de busca e salvamento em Antáquia, no sudeste da Turquia, desde quarta-feira.

A mulher pede ajuda, de forma insistente.

Orhan implora à equipa para olharem para dentro daquele prédio destruído, diz que há uma luz ao fundo de um buraco, que haverá alguma forma de lá chegar e que lá estarão a sua irmã e os seus três filhos.

Há um desespero e um sentido de urgência na voz do homem, que se põe em risco e salta logo de seguida para cima de um prédio altamente danificado, tentando mostrar à equipa portuguesa onde poderá estar a sua irmã e sobrinhos.

Pouco mais tarde, Orhan, sentado numa cadeira de plástico, fuma um cigarro, de olhos molhados, enquanto observa o prédio onde estará a sua irmã, junto ao seu, também completamente destruído.

Está em choque.

Chora e conta que, a juntar à irmã e sobrinhos (de oito, dez e 15 anos de idade) que não são encontrados, soma-se agora a morte do marido da sua irmã, que Orhan encontrou morto pelo frio, na noite de sexta-feira, à frente da casa, quando lhe ia entregar uns cobertores.

Orhan Demir apenas diz que vai continuar à espera, a fazer o que tem feito todos os dias, a gritar pelos nomes da sua irmã e dos seus sobrinhos, para o caso de estarem vivos.

"Fico aqui até poder fazer o funeral dos meus sobrinhos e da minha irmã", conta à agência Lusa.

No local, a equipa portuguesa, que se divide entre membros da Proteção Civil, GNR e INEM, vai verificando ruínas, à procura de sinais de vida, com a preciosa ajuda de Red, Agra e Síria, três cães que conseguem entrar dentro dos escombros das casas e ladrar, caso encontrem alguém vivo.

Junto à equipa, uma mulher fala com o tradutor e chora.

A mulher tinha ouvido ruídos da sua casa e acreditava que o seu filho estaria vivo, preso nos escombros.

A equipa fez uma busca extensa à residência, com o recurso aos cães, tiraram fotos e tiveram uma conversa, difícil, mas necessária.

"Havia a angústia de poder estar com vida e precisar de ajuda. Agora, aquela mãe pode, ao menos, começar o processo do luto", disse à Lusa a psicóloga do INEM, Joana Anjos.

A equipa avança por entre os escombros da baixa de Antáquia, uma zona mais pobre daquela cidade de meio milhão de habitantes onde não há qualquer edifício intacto.

Logo de seguida, a equipa pára e toda a gente se cala, outros pedem silêncio.

"Se alguém está vivo, que dê um som! Se alguém está vivo, que dê um som!", gritou um homem, em turco, enquanto toda a gente permanecia calada, imóvel, na expectativa.

Nada se ouviu e a equipa seguiu para a casa onde tinha estado com a mãe. Numa das paredes, grafitaram: "Vd" - sinal de que o edifício tinha sido verificado e que não tinha sido encontrado ninguém com vida.

Noutras ruínas, espalham-se fotos de família, uma mulher feliz a segurar um bebé recém-nascido, uma turma sorridente na escola, momentos de festa familiar, ou um casal a posar para uma fotografia de casamento.

A equipa portuguesa, que trabalha num setor que ainda estava por verificar, é chamada mais à frente.

Vão sempre confirmar, sempre à procura da chance, mesmo que ínfima, de encontrar um sobrevivente, que a prioridade ainda não é desenterrar os mortos, mas encontrar possíveis vivos.

Um militar da GNR recorda à Lusa uma história de uma pessoa que foi encontrada uma hora depois de morrer por outra equipa, de outro país.

Noutra ruela daquela baixa completamente intransitável, um homem aborda a missão portuguesa, pede para encontrarem a sua tia que poderá estar viva, debaixo de uns escombros.

Os cães avançam, mas nenhum deles ladra.

Na rua ao lado, um rapaz pede uma câmara térmica para encontrar uma prima que estaria dentro de outra casa completamente destruída.

É-lhe explicado que os cães já por lá andaram e também não encontraram qualquer sinal de vida.

Passados alguns metros, novamente outro pedido.

"Três vizinhos meus moravam aí. Eu não sei se estão vivos, mas, por favor, usem o cão", pede um homem velho, a chorar.

O cão entra nos escombros, mas também não sinaliza vida.

Pelo caminho, cruzam-se com a equipa portuguesa mineiros do Mar Negro, vestidos de branco, que seguem para as ruínas com as suas picaretas.

No final da operação da manhã, uma senhora, a chorar, chega ao pé da psicóloga do INEM, Joana Anjos, e dá-lhe um abraço.

"Espero que venham, mas como turistas e que todos nós nos possamos juntar, mas já sem desgraças, sem nada destruído", diz a mulher, de nome Sevim, que morava num prédio muito afetado, na baixa de Antáquia.

(Fonte: Mundo ao Minuto/Lusa)