31 outubro 2014

Chegadas de portugueses à Turquia aumentam 31,6% em Setembro

A Turquia teve em Setembro um aumento em 31,6% do número de visitantes residentes em Portugal, que foram 6 410.
 
Esta subida, que significou um incremento de 1 540 relativamente a Setembro de 2013, impulsionou o crescimento da chegada de residentes em Portugal nos primeiros nove meses deste ano para 13,6%, representando um aumento de 5 054, para 42 319.
Estes números, divulgados pelo Ministério turco da Cultura e do Turismo, seguem a tendência verificada no Aeroporto de Lisboa, mas sem atingir os mesmos níveis de crescimento.
Em Setembro o movimento de passageiros em voos de e para a Turquia aumentou em 69,8% ou cerca de 5,8 mil, atingindo um total de 14 202, e nos nove meses de Janeiro a Setembro o aumento é em 33,1% ou cerca de 25,8 mil, para 103,9 mil.
A Turkish Airlines, parceira da TAP na Star Alliance e única companhia com voos regulares entre Portugal (Lisboa) e a Turquia (Istambul), teve em Setembro 13 247 passageiros nestas ligações, em alta de 58,5% ou cerca de 4,9 mil, e nos primeiros nove meses deste ano somou 99,3 mil, em alta de 33,3% ou cerca de 24,8 mil.
A Turkish, porém, não se dedica em Portugal apenas ao tráfego que tem como destino final a Turquia, pois aposta também em fazer valer o seu hub de Istambul para conexões para outros destinos, designadamente do Médio e Extremo Oriente.
Além dos voos da Turkish, o Aeroporto de Lisboa teve também este Setembro charters para Antália e Istambul, que no mês homólogo de 2013 não existiram.
Os charters para Antália somaram 693 passageiros nos dois sentidos em Setembro e 3 011 nos primeiros nove meses, neste caso com um crescimento superior a 200%.
Os charters para Istambul transportaram 262 passageiros em Setembro e 1 615 deste o início de 2014, neste caso em queda de 60,8%.

Fonte: (Press Tur)

30 outubro 2014

Crise da Rússia chega ao turismo da Turquia

A Turquia teve em Setembro um aumento das chegadas de visitantes estrangeiros em 2% ou 86,3 mil, para 4,352 milhões, porque lhe ‘valeram’ os emissores da Ásia, que compensaram a queda do seu maior emissor este ano, a Rússia.

Dados do Ministério turco da Cultura e da Economia revelam que em Setembro as chegadas da Rússia caíram 10,2% ou cerca de 72,3 mil, a que se somou uma queda também das chegadas da Ucrânia, em 35,4% ou cerca de 37,7 mil.
Estas quedas acarretaram um decréscimo em 9,5% ou cerca de 113,2 mil visitantes residentes nos países da UIS (União de Estados Independentes), que foi compensada principalmente pelo aumento das chegadas dos emissores asiáticos em 23,5% ou 110,4 mil, com realce para o Irão, que foi mesmo o emissor de onde teve o maior aumento em Setembro, em 34,5% ou 47,9 mil.
Igualmente em alta estiveram as chegadas de emissores europeus, com realce para a Alemanha (+4,6% ou mais 28,6 mil), Reino Unido (+10,8% ou mais 10,3 mil), Bulgária (+10,8% ou mais 17,3 mil) e Grécia (+21,9% ou mais 13,4 mil).
O maior emissor em Setembro foi a Alemanha, com 645,9 mil visitantes, seguida da Rússia, que apesar da queda totalizou 637,7 mil, ficando à frente do Reino Unido (400,4 mil), Irão (186,5 mil) e Bulgária (176,7 mil).
O Top10 dos emissores em Setembro inclui ainda a Geórgia, com 163,6 mil (-9,7% ou menos 17,7 mil), a Holanda, com 132,4 mil (-5,1% ou menos 7,1 mil), França, com 90,3 mil (-1,2% ou menos 1,1 mil), Estados Unidos, com 89,6 mil (-3,4% ou menos 3,1 mil), e Suécia, com 84,5 mil (-11,2% ou menos 10,6 mil).
Entre os emissores de onde a Turquia teve maiores aumentos das chegadas em Setembro contaram-se, além do Irão (mais 47,9 mil), Alemanha (mais 28,6 mil), Reino Unido (mais 20,3 mil), Bulgária (mais 17,3 mil) e Grécia (mais 13,4 mil), também a Arábia Saudita, que foi mesmo o emissor com o segundo maior aumento, com mais 35 mil (+240,2%, para 49,6 mil).
Os dez maiores aumentos do mês incluem ainda a Polónia, com mais 9,2 mil (+12,4%, para 83,2 mil), a China, com mais 8,6 mil (+57,1%, para 23,6 mil), a Índia, com mais 4,7 mil (+60,6%, para 12,5 mil), e o Japão, com mais 4,6 mil (+31,3%, para 19,6 mil).
Nos nove meses de Janeiro a Setembro, em que se dilui o impacto da crise Rússia-Ucrânia e da desvalorização do rublo, a Rússia mantém-se o maior emissor para a Turquia com 4,143 milhões de visitantes, em alta de 8,6% ou 328,8 mil, suplantando a Alemanha, que no período homólogo de 2013 era nº 1, mas cujo crescimento este ano é de 3,4% ou 133 mil, para 4,089 milhões.
A lista dos maiores emissores até Setembro inclui ainda o Reino Unido, com 2,219 milhões (+4,5% ou mais 96,5 mil), a Geórgia, com 1,344 milhões (-2,6% ou menos 35,5 mil), o Irão, com 1,297 milhões (+39,6% ou mais 367,7 mil), a Bulgária, com 1,269 milhões (+8,3% ou mais 96,7 mil), a Holanda, com 1,092 milhões (-0,1% ou menos 1,3 mil), França, com 869,1 mil (+0,8% ou mais 6,8 mil), Iraque, com 670,2 mil (+25,3% ou mais 135,4 mil), e a Grécia, com 631,3 mil (+24% ou mais 122,3 mil).
O Irão mantém-se nos nove meses como o emissor com o maior aumento (mais 367,7 mil), seguido da Rússia (mais 328,8 mil), Iraque (mais 135,4 mil), Alemanha (mais 133 mil), Grécia (mais 122,3 mil), Arábia Saudita (mais 104,2 mil ou +56%, para 290,3 mil), Bulgária (mais 96,7 mil), Reino Unido, mais 96,5 mil), Polónia (mais 83,8 mil) e Coreia (mais 47,6 mil ou +33,3%, para 190,5 mil).
A informação do Ministério turco da Cultura e Turismo mostra que o aumento em 6,1% ou 1,733 milhões de visitantes nos primeiros nove meses deste ano, para +30,088 milhões, deveu-se ao aumento em 7,1% ou 1,909 milhões de turistas (que pernoitaram pelo menos uma noite no país), para 28,679 milhões, compensando um decréscimo dos excursionistas (que não fizeram qualquer pernoita) em 11,1% ou 175,6 mil, para 1,408 milhões.
Antalya manteve-se a principal ‘porta de entrada’ na Turquia, com 10,014 milhões de visitantes de Janeiro a Setembro, acima do período homólogo de 2013 em 4,7% ou 453,3 mil, mas foi Istambul que teve o maior aumento, em 12,7% ou 1,015 milhões, para 8,985 milhões.

(Fonte: PressTur)


Lucro da Inapa quintuplica para 800 mil euros com ajuda da Turquia

A fábrica comprada na Turquia no ano passado contribuiu para a subida do negócio do papel, o principal mercado da empresa. A embalagem também ajudou às contas. A dívida continua a ser para diminuir.
 
A Inapa conseguiu quintuplicar os lucros nos primeiros nove meses do ano. Os negócios do papel, a principal operação, e da embalagem, impulsionaram as contas da empresa liderada por José Félix Morgado.
 
O resultado líquido nos primeiros nove meses do ano ascendeu a 800 mil euros, praticamente cinco vezes mais do que os 160 mil euros alcançados no mesmo período de 2013, conforme aponta o comunicado de resultados enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
 
O aumento das receitas permitiu este crescimento do lucro da distribuidora. As vendas subiram 4,8% para 681,3 milhões de euros. Para este campo contribuiu o negócio central da empresa, o papel, em que o aumento das receitas foi de 4,4%. Nos negócios complementares, a embalagem verificou um comportamento positivo, com um avanço de 24,9%, ao passo que a comunicação visual deslizou 1,7%.
 
A margem bruta ficou-se pelos 124,2 milhões de euros, uma subida de 4,7%. Os custos cresceram 1,7% para os 102,3 milhões de euros. O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recorrente – sem influência de aquisições – subiu 17,5% para 18,5 milhões de euros.
 
Turquia sustenta papel
 
As vendas do papel subiram 4,4% para 591,6 milhões de euros. Um valor que foi sustentado pela entrada no mercado turco, com a fábrica Korda, em 2013. "A ligeira desaceleração do crescimento económico levou a um abrandamento no crescimento do negócio do papel em termos orgânicos, cujo aumento de vendas reflecte a contribuição relevante decorrente da entrada no mercado turco", acrescenta o comunicado.
 
É por isso que, no documento, a Inapa ressalva que "a evolução do volume de negócios confirma a execução em 2013 do plano estratégico de investimento nos mercados emergentes, como a Turquia, e dos negócios complementares, designadamente no sector da embalagem".

A embalagem registou uma subida de 24,9% para 48,6 milhões de euros, "impulsionada pelo crescimento nos mercados onde opera e complementado pelas aquisições da Karbox (França), Tradembal (Portugal) e Realpack (Alemanha)". Já a comunicação visual obteve vendas 23,1 milhões de euros, uma quebra de 1,7% em termos homólogos.
 
Em relação à dívida, uma prioridade assumida pela gestão, houve uma redução de 2% para 321 milhões de euros. Excluindo as compras de activos do ano passado, a dívida caiu 6,6%.  
 
(Fonte: Jornal de Negócios)
 

Turquia é "uma das molas que está a puxar pela melhoria da rentabilidade "

O presidente da Inapa acredita que fez um bom investimento ao adquirir a fábrica Korda, na Turquia, que contribuiu para uma evolução positiva do negócio do papel. "Por enquanto", a Korda está apenas centrada no papel. Mas Félix Morgado frisou o "por enquanto".
A fábrica de papel turca Korda foi comprada em Setembro de 2013. E já ajudou as contas da compradora, a Inapa, até Setembro de 2014. Aliás, segundo o presidente executivo da empresa, "é uma das molas que está a puxar pela melhoria da rentabilidade".
 
A Inapa conseguiu que o lucro quintuplicasse, nos primeiros nove meses do ano, até aos 800 mil euros, graças ao avanço das vendas. O negócio do papel é o mais significativo. E a fábrica turca permitiu que esta operação, em declínio na Europa, tivesse um desempenho positivo. 
 
"Se retirássemos a Turquia e Angola, não teríamos crescido 4,8% nas vendas da Inapa. Teríamos um volume de negócios equivalente ao do ano passado", comentou ao Negócios o presidente executivo da empresa.

No comunicado de resultados, a Inapa sublinha que as contas confirmam "a oportunidade da execução" daquela compra no ano passado. A fábrica da Turquia centra-se no negócio do papel. "Por enquanto", sublinhou Félix Morgado.
 
As últimas compras foram bem sucedidas, segundo o CEO da distribuidora de papel, que está "a olhar para novas oportunidades". Novidades nunca são dadas antes de serem concretizadas, diz, mas certo é que a gestão não quer "descurar a redução da dívida" – uma das razões para que os dividendos não devam ser, novamente, distribuídos no próximo ano.
 
A melhoria dos resultados, com uma maior geração de fundos de caixa ("cash flow") tem permitido reembolsar alguma dessa dívida - que superou os 321 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2014. O fundo de maneio também tem vindo a ser reduzido. O controlo de custos também contribui para isso. Ainda assim, sublinha Félix Morgado, não se prevêem despedimentos. A Inapa emprega cerca de 1.500 funcionários nos vários mercados onde opera. Alterações neste número tanto podem ser no sentido ascendente como descendente, defende o CEO, referindo que se trata da normal vida das empresas.
 
O papel e as embalagens deram um contributo positivo para as contas dos primeiros nove meses de 2014. Já a comunicação visual sofreu uma ligeira contracção, algo que Félix Morgado atribui "a algum adiamento de algumas operações de investimento por parte de clientes", que espera que sejam retomadas no quarto trimestre. Apesar desta evolução "pontual", é para continuar a apostar neste negócio complementar. 
 
(Fonte: Jornal de Negócios)

28 outubro 2014

Dezanove homens presos em mina de carvão

Dezanove homens estão presos numa mina de carvão em Ermenek, província de Karaman, na Turquia, depois de um desabamento provocado por uma inundação.
O governador de Karaman revelou que 25 trabalhadores terão conseguido escapar, enquanto 19 ficaram presos dentro da mina. A operação de salvamento já está em marcha. Os mineiros estão presos numa galeria a cerca de 300 metros da superfície. Os ministros turcos da Energia e dos Transportes, Taner Yildiz e Lutfi Elvan, respectivamente, estão a dirigir-se para o local para acompanhar as operações de resgate.
 
(Fonte: TVI)

27 outubro 2014

Investidores turcos interessados nos portos nacionais

Mais de duas dezenas de empresas portuguesas de vários sectores foram à Turquia na busca de novas oportunidades de negócio.
As concessões portuárias que se prevê serem adjudicadas nos próximos meses em Portugal despertaram o interesse de vários investidores turcos, apurou o Diário Económico junto de fonte do Governo, que não especificou a identidade desses potenciais concorrentes. A abertura para a entrada do investimento turco no sector portuário português está mais consolidada desde que, nas passadas quinta e sexta-feira, o vice primeiro-ministro Paulo Portas fez uma visita diplomática e económica à Turquia. Um dos pontos altos dessa visita foi a assinatura de um acordo de cooperação bilateral, Estado a Estado, para o sector portuário.
Segundo o Diário Económico soube, de entre as áreas de cooperação previstas nesse acordo para o sector portuário, está previsto o estabelecimento de parcerias para a construção, gestão e desenvolvimento dos portos, assim como a construção de navios e iates, manutenção e reparação naval, reciclagem de navios e construção de estaleiros navais.
O acordo sobre o sector dos portos entre Portugal e a Turquia, assinado em Ancara, capital turca, na passada quinta-feira (dia 23), determina ainda a cooperação entre os dois países no âmbito da formação profissional em áreas como segurança marítima; prevenção da poluição marinha; gestão portuária e de frotas; construção, manutenção e reparação naval; e desenvolvimento de sistemas de transporte multimodal entre os dois países.
"Espera-se ainda que este novo instrumento jurídico contribua para reforçar as ligações marítimas directas entre operadores dos dois países", refere um documento governamental sobre este protocolo, a que o Diário Económico teve acesso.
A estreia do investimento turco em Portugal, em montantes de referência, ocorreu precisamente este ano, em Julho, quando o consórcio integrado pela GPH - Global Ports Holding (Global Liman Isletmeleri) ganhou o concurso para a construção e concessão do novo terminal de cruzeiros do porto de Lisboa.
A GPH tem sede em Istambul e gere os três maiores portos comerciais e de cruzeiro da Turquia, servindo mais de 850 mil passageiros por ano e detendo uma quota de mercado de cerca de 50%. Das 55 empresas de cruzeiro que operam no Mediterrâneo, 43 escalam regularmente os portos geridos pela GPH.
A delegação chefiada por Paulo Portas integrou o secretário de Estado da Inovação, Investimento e Competitividade, Pedro Gonçalves, assim como a administração da AICEP.
Ocorreram encontros com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoğlu; com o vice-primeiro-ministro, Ali Babacan; e com os ministros turcos dos Transportes e da Economia, na passada quinta-feira.
Esta missão de Paulo Portas à Turquia foi precedida pela primeira reunião da comissão conjunta entre os dois países, a 27 de Junho. A segunda reunião teve lugar já na passada sexta-feira, na Turquia, liderada por Paulo Portas e pelo ministro turco da Economia, Nihat Zeybecki. Os objectivos passaram por "estimular a relação económica para criar oportunidades para o sector privado, reforçar as exportações, facilitar o investimento e parcerias empresariais, geradoras de emprego", sublinha o documento oficial.
Durante esta visita à Turquia realizou-se também o Fórum Empresarial Portugal-Turquia, em que participaram 24 empresas portuguesas dos sectores industrial, de engenharia, arquitectura, tecnologias de informação, farmacêutica e biotecnologia.
As exportações portuguesas para a Turquia cresceram 7,6% no ano passado, para 382 milhões de euros.
 
(Fonte: Económico)

24 outubro 2014

Consulados da Turquia evacuados devido a envelope com pó amarelo

A recepção de um envelope com um pó amarelo desencadeou a evacuação, como medida de prevenção, de três consulados da Turquia, o canadiano, o belga e o alemão, informou esta sexta-feira a emissora CNNTürk.
O primeiro a soar o alarme foi o consulado do Canadá, situado no distrito de negócios de Levent de Istambul, que avisou a polícia da chegada de um envelope com um estranho pó amarelo.
A polícia evacuou as dependências do consulado, situado num prédio de escritórios, e iniciou uma investigação na qual participam especialistas do serviço de emergências turco, com trajes especiais de protecção.
Do consulado alemão também chegou uma notícia muito similar e este foi igualmente evacuado, o mesmo acontecendo na delegação belga, assegurou a emissora.
Até ao momento não se sabem mais detalhes sobre a natureza do envio nem qual é a substância dentro dos envelopes.
 
(Fonte: Diário Digital)

20 outubro 2014

Turquia cede o mínimo e insiste que os EUA estão a armar curdos “terroristas”

Norte-americanos fazem primeira entrega de armas e munições aos combatentes que defendem a cidade síria de Kobani dos jihadistas.

À Turquia tem-se pedido muito: que autorize a entrada na Síria de combatentes turcos curdos, que permita a passagem pelo seu território de armas para reforçar os curdos que combatem os fundamentalistas do Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque, e que deixe a coligação liderada pelos Estados Unidos usar as suas bases aéreas. Para Ancara, os riscos são altos – e daí todas as condições que tem colocado. O anúncio de que vai facilitar a entrada na Síria aos combatentes curdos iraquianos é um primeiro passo, mas também é uma forma de continuar a evitar entrar nesta guerra.
Os curdos que defendem Kobani, cidade síria junto à fronteira com a Turquia, cercada pelo EI por todos os lados menos por Norte, tiveram esta segunda-feira um dia de boas notícias. Primeiro, vieram os “27 fardos” largados por aviões de transporte C-130 norte-americanos: 21 toneladas de armas e munições fornecidas pelas autoridades do Curdistão iraquiano, incluindo armamento antitanques, dizem os curdos no terreno, que esperam novos carregamentos nos próximos dias.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, telefonou ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, a avisá-lo desta operação, que não implicou a entrada no espaço aéreo turco. Horas depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Çavusoğlu, anunciava que o seu Governo ia “ajudar os peshmerga [combatentes] a passar para Kobani”.
Mas nada disto muda o facto de Ancara ver o YPG (Unidades de Defesa do Povo), a milícia do Partido da União Democrática (PYD, sírio) que defende Kobani, como igual aos seus aliados do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, turco), que tanto a Turquia como os EUA e Bruxelas consideram um “grupo terrorista”, ou mesmo como igual ao EI.
“Nos últimos dias, começou a surgir a ideia de armar o PYD para combater o ISIL [outro acrónimo de EI]. “Para nós, PYD e PKK são o mesmo, uma organização terrorista”, disse Erdoğan este fim-de-semana. “Seria errado esperar um ‘sim’ como resposta da nossa parte se um país amigo e aliado da NATO nos pede colaboração e admite apoiar uma organização terrorista.”
Entretanto, as autoridades turcas libertaram os últimos curdos sírios dos 250 detidos há duas semanas. O grupo, vindo de Kobani, era acusado de ligações ao PKK, o movimento com o qual Ancara iniciou negociações há dois anos, após um conflito com mais de 30 anos que já fez mais de 40 mil mortos.
“Deixem-me dizer claramente aos nossos aliados turcos que compreendemos os fundamentos da sua oposição e os nossos a qualquer tipo de grupo terrorista, e são particularmente óbvios os desafios que eles enfrentam com o PKK”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, John Kerry. Mas os membros do EI “escolheram este campo de batalha [Kobani], atacando um pequeno grupo que, apesar de estarem ligados às pessoas a que os nossos amigos turcos se opõem, estão corajosamente a combater o ISIL”.
Se o PYD e o seu exército são próximos do PKK – e são, muito próximos –, a lógica dita que Washington também se oporia. Mas a Síria e a ameaça dos jihadistas pôs em causa muitas lógicas. Com esta operação de entrega de armas, os EUA admitem pela primeira vez estar a armar directamente o YPG.
UE pressiona Ancara
Não é de agora que a Turquia teme o PYD. Este partido controla desde há muito várias zonas da Síria conquistadas ao regime de Bashar al-Assad. No final do ano passado, anunciou a criação de um governo para três distritos. Esta ambição territorial (que Ancara usa para sustentar a comparação com o EI) é o que mais preocupa um país onde vivem 14 milhões de curdos, muitos dos quais já protestaram violentamente pela ausência de mais ajuda a Kobani, razão que levou também o PKK a ameaçar desistir das negociações de paz.
Permitir a entrada de combatentes curdos iraquianos – Ancara acabou por se render à existência de um Curdistão iraquiano e tem boas relações com os seus líderes – e libertar os sírios são formas de aliviar um pouco a pressão sem ceder em nada no que são as suas linhas vermelhas.
Para mais cooperação, Erdoğan exige que o alvo se alargue do EI ao regime de Assad, que seja imposta uma zona de segurança na Síria junto à fronteira turca para os refugiados (a Turquia recebe pelo menos 1,5 milhões, incluindo quase 200 mil que fugiram de Kobani), a criação de uma zona de exclusão aérea no espaço sírio junto à Turquia para proteger os refugiados e os sírios que combatem Assad (Exército Livre da Síria) e que outros grupos da oposição (não ligados à Al-Qaeda nem ao EI) recebam treino e equipamento.
A pressão é que não vai parar. Já ao fim do dia, a União Europeia pediu a Ancara que “abra a sua fronteira para todos os reabastecimentos para a população de Kobani”. O comunicado, saído de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, não é claro, mas um diplomata ouvido pela AFP diz que o pedido se refere a bens de primeira necessidade, mas também a combatentes e armas.
 
(Fonte: Público)

17 outubro 2014

A Turquia e a questão curda

1.A Turquia é um Estado complexo, em termos de identidade e geopolíticos. Isso resulta da sua própria história, da extensão do seu território, superior a 780.000 Km2, mas também da heterogeneidade de uma população que ronda os 80 milhões.
Sendo, simultaneamente, Europa e Médio Oriente, o leste e o sudeste do país interligam-na com essa área geopolítica conturbada e os seus intrincados conflitos. Às suas portas decorrem a violenta guerra civil na Síria, a guerra intermitente no Iraque e as bárbaras atrocidades do ISIL (Estado Islâmico do Iraque e Levante, na sigla Inglesa), sobre as minorias cristãs, yazidis, xiitas e curdas. Consequência da instabilidade geopolítica e da crise humanitária gerada, a questão curda voltou a reentrar na política internacional. Como se pode ver pelas recentes e dramáticas imagens do cerco à cidade síria de Kobani, junto à fronteira turca, pelo ISIL, o problema curdo tem um perfil transnacional. O que explica a repartição das populações curdas por vários Estados? Como se chegou à questão curda actual, onde esta minoria étnica é alvo frequente de violência e sofrimentos provocados pelos próprios Estados onde vive? Impõe-se um breve enquadramento político e histórico.
2. Até à I Guerra Mundial os curdos encontravam-se essencialmente repartidos entre o Império Otomano e o Império Persa. Hoje encontram-se nos seus Estados sucessores, respectivamente Turquia, Iraque e Síria (Império Otomano) e Irão (Império Persa). A sua população total é estimada algures entre os 27,5 e os 35 milhões de pessoas. A seguir aos árabes, aos turcos e aos persas/iranianos, os curdos são o quarto maior grupo étnico do Médio Oriente. Não existem, todavia, estatísticas oficiais que permitam dar um número rigoroso, pelo que todos os valores que se possam apontar são meras aproximações. A dispersão territorial e política da população curda acentuou a sua heterogeneidade. Encontram-se repartidos por vários grupos religiosos e linguísticos, a par de divisões tribais e em clãs. Em termos religiosos, existe uma grande predominância de muçulmanos sunitas (rondará os 80% ou até um pouco mais). É significativo o número de alevis (estimado entre 12% a 15 %). Em termos mais residuais, encontram-se também yazidis, judeus e cristãos (na ordem dos 3% ou algo inferior). Quanto à língua curda contém vários dialectos: o curmanji, o sorani, o zaza e o gorani. Os dois primeiros são predominantes, existindo, também, diversos subdialectos. Importa notar que uma parte significativa dos curdos não fala curdo, em qualquer dos seus dialectos. As razões são essencialmente políticas e estão ligadas à proibição legal e/ou marginalização política e social do uso da língua curda, nos Estados onde vivem.
3. A história faz sentir o seu peso na questão curda. O Tratado de Sèvres, assinado em 1920, entre as potências vencedoras da I Guerra Mundial e o Império Otomano/Turquia previa a possibilidade de nascimento de um Estado curdo. À parte os interesses estratégicos das potências europeias na região, a ideia inseria-se na linha dos ideais do Presidente dos EUA, Woodrow Wilson e da fórmula do “direito das Nações disporem de si próprias”. O Tratado de Sèvres nunca chegou a ter validade jurídica, pois não foi ratificado pelo Império Otomano/Turquia. Todavia, o seu texto reflecte problemas bem actuais. No seu artigo 62.º, sob a epígrafe “Curdistão”, estabelecia a preparação da “autonomia local para as regiões predominantemente curdas, situadas a leste do Eufrates [...] e a norte da fronteira da Turquia com a Síria e a Mesopotâmia.” Previa, complementarmente, “garantias plenas para a protecção dos assírios-caldeus e outras minorias raciais ou religiosas no interior destas regiões”. Por sua vez, o artigo 64.º considerava uma possível independência: “Se, no prazo de um ano a contar da entrada em vigor do presente Tratado, a população curda [...] demonstrar que uma maioria da população dessas regiões deseja tornar-se independente da Turquia [...]” esta compromete-se “a executar essa recomendação e a renunciar a todos os direitos e títulos sobre essas regiões.” Não foi esse o rumo da história, após a vitoriosa campanha militar de Mustafa Kemal Atatúrk, em 1921-1922, que levou à fundação da moderna República da Turquia em 1923.
 
(Fonte: Público)

14 outubro 2014

Turquia quebra cessar-fogo e bombardeia PKK

Esta é a primeira grande falha num cessar-fogo de quase dois anos entre independentistas curdos e a Turquia. Tensões regressaram depois de Ancara ter recusado apoiar os curdos no combate aos avanços do autoproclamado Estado Islâmico.

Aviões F-16 e F-4 turcos bombardearam esta terça-feira duas bases militares do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), perto da fronteira com o Iraque. As acções desta terça-feira não deixam dúvidas acerca do momento de tensão vivido no cessar-fogo em vigor há quase dois anos.
Os ataques aéreos em Daglica, cidade próxima da fronteira com o Iraque, constituíram uma resposta ao bombardeamento de um posto militar turco pelo PKK, dizem as forças armadas, citadas pela BBC. Também o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoğlu, fez saber que as acções do exército turco constituem uma retaliação face a ataques do PKK na zona fronteiriça, de acordo com a agência Reuters.
Pelo menos 35 pessoas morreram em tumultos durante a semana passada quando membros da minoria turca (que conta cerca de 15 milhões) se insurgiam contra a inércia da Turquia no combate ao Estado Islâmico (EI), especialmente no combate travado no enclave sírio de Kobane, cidade que os jihadistas tentam tomar há quase um mês e da qual detêm agora a maior parte.
"Pela primeira vez em quase dois anos, uma operação aérea foi levada a cabo contra nós pelas forças do exército da ocupante República da Turquia", disse uma fonte do PKK, citada pela agência Reuters. "Estes ataques contra duas bases da guerrilha em Daglica violaram o cessar-fogo", declarou o membro do PKK.
Os curdos do PKK têm ajudado a milícia curda YPG (Unidades de Protecção Popular) no combate aos extremistas sunitas do EI. Já a Turquia não está disposta a abrir mão do combate de três décadas contra o movimento curdo independentista e nega firmemente armar as forças curdas ou permitir-lhes que atravessem a fronteira com a Síria através de território turco.
Ancara, como os EUA e a União Europeia, classifica o PKK como organização terrorista. O líder e cofundador dos rebeldes soberanistas, Abdullah Ocalan, está preso na Turquia desde 2012.
Ocalan terá dito esta semana que as conversações de paz entre o grupo e Ancara deveriam ocorrer até quarta-feira, segundo a agência Reuters. Citado pelo seu irmão, Mehmet, Ocalan terá avisado a partir da prisão: "Esperaremos até 15 de outubro... Depois nisso não haverá nada que possamos fazer".
Num funeral na cidade turca de Suruc (a cerca de 10 quilómetros da fronteira síria) de quatro mulheres combatentes do YPG, centenas de pessoas cantavam: "'Erdoğan [Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan] assassino" em turco e também 'longa vida ao YPG' em curdo", contava a Reuters esta terça-feira.
Relutante em juntar-se às fileiras de combate aos jihadistas, o Parlamento de Ancara aprovou a 2 de outubro a entrada do país na coligação internacional - liderada pelos EUA - que tem levado a cabo ataques aéreos no Iraque e na Síria. Contudo, o país não está disposto a abrir mão do combate ao regime sírio de Bashar al-Assad e aos separatistas curdos do PKK.
A Turquia põe como condição para um apoio real à campanha militar contra os jihadistas do EI uma luta paralela contra o regime de Damasco. Todavia, Washington opõe-se a esta medida, por dispersar a estratégia militar em curso, que visa unicamente destruir o autoproclamado EI.

(Fonte: Expresso)

13 outubro 2014

Afinal, ainda não há acordo entre EUA e Turquia para uso das bases aéreas turcas

Estados Unidos anunciaram o acordo no domingo, mas a Turquia negou-o esta segunda-feira, revelando que existem conversações e que se mantêm.
 
Falso alarme. O acordo entre Estados Unidos e Turquia para o acesso dos primeiros às bases aéreas turcas, com particular foco em Incirlik, foi negado pelo governo de Erdogan, avançou o New York Times esta segunda-feira. Ainda assim, as conversações existem e mantêm-se. Tudo não terá passado de um mal-entendido.
As negociações surgem no âmbito da campanha internacional liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico (EI), que quererá envolver a Turquia depois do grupo jihadista ter investido na conquista de Kobane, uma cidade síria próxima da fronteira turca.
O anúncio de domingo foi feito pela conselheira de Defesa, Susan Rice, na rede de televisão NBC, acrescentando que os norte-americanos teriam ainda autorização para treinarem “forças rebeldes moderadas” nessas mesmas instalações. “Este é um novo compromisso, e um acordo que é muito bem-vindo”, disse Susan Rice, referindo que ainda haveria detalhes sobre a utilização destas bases aéreas que estariam a ser acertadas entre os dois países. Sabe-se agora que serão mais do que detalhes, embora o diálogo continue de pé.
A base de Incirlik é atualmente utilizada por forças turcas e norte-americanas, uma situação que não está inserida no plano de coligação internacional contra o Estado Islâmico. Estas instalações têm especial interesse por se localizarem perto da fronteira entre a Turquia e a Síria.
A Turquia tem estado relutante em aderir a este esforço internacional devido às reservas em apoiar as forças curdas com quem manteve uma longa guerra civil. Com o avanço dos terroristas em Kobane, o país mobilizou tropas para aquela zona do território, mas pôs de lado qualquer intervenção terrestre. Mais de 200 mil pessoas já fugiram da cidade e estão agora refugiadas do lado turco.
 
(Fonte: Observador)