18 maio 2023

Kemal Kılıçdaroğlu promete enviar todos os refugiados de volta para casa

O adversário de Recep Tayyip Erdoğan na corrida presidencial da Turquia, Kemal Kılıçdaroğlu, elevou o tom sobre a imigração nesta quinta-feira, ao prometer enviar todos os imigrantes de volta para os seus países se for eleito na segunda volta de 28 de maio.

Kemal Kılıçdaroğlu, candidato de uma aliança de oposição de seis partidos, obteve cerca de 45% de votos na eleição de domingo, enquanto Erdoğan conseguiu cerca de 49,5%, ficando um pouco abaixo da maioria necessária para evitar uma segunda volta.

Os comentários mais recentes de Kılıçdaroğlu surgiram na sequência de expectativas de que o terceiro candidato na corrida presidencial anunciaria a sua decisão para a segunda volta.

Sinan Oğan, um político nacionalista apoiado por um partido anti-refugiados, obteve cerca de 5,2%, de votos, o que o tornou uma peça decisiva para a segunda volta.

Dirigindo-se aos membros de seu partido na sede do Partido Republicano do Povo (CHP), Kılıçdaroğlu manteve o seu tom desafiador contra as políticas de imigração de Erdoğan: "Erdogan, você permitiu deliberadamente 10 milhões de refugiados na Turquia. Você até colocou a cidadania turca à venda para obter votos importados". Anuncio aqui: vou mandar todos os refugiados de volta para casa assim que for eleito presidente, ponto final', disse Kılıcdaroğlu.

A Turquia abriga a maior população de refugiados do mundo, de cerca de 4 milhões, segundo dados oficiais.

(Fonte: Antena 1/Reuters)


Kiliçdaroğlu endurece tom para apelar ao eleitorado nacionalista


O opositor turco Kemal Kiliçdaroglu, que vai desafiar Recep Tayyip Erdogan na segunda volta das eleições presidenciais turcas de dia 28, endureceu hoje o tom sobre as questões dos refugiados e do terrorismo, num apelo ao eleitorado nacionalista.

"Nunca me sentei à mesa com organizações terroristas e nunca o farei [...]. Mandarei todos os refugiados para casa assim que chegar ao poder", afirmou o candidato da aliança da oposição em Ancara, no primeiro discurso público desde a primeira volta, a 14 de maio. 

Nos últimos meses, o líder da oposição tinha utilizado apenas a palavra "repatriamento" e dito que o faria num prazo de dois anos se vencesse a votação.

Estas duas promessas, agora formuladas num tom invulgarmente firme, tal como define a agência noticiosa France-Presse (AFP), "soam como uma mensagem" enviada aos 2,8 milhões de eleitores (5,2 por cento do eleitorado) que apoiaram o terceiro e último candidato mais votado na primeira volta, o ultranacionalista Sinan Ogan.

Segundo a imprensa turca, Sinan Ogan encontrou-se quarta-feira com um dos seis líderes da aliança da oposição e poderá encontrar-se sexta-feira com Kiliçdaroglu, que obteve 44,9% dos votos no domingo, contra 49,5% do Presidente cessante Recep Tayyip Erdogan, uma diferença de mais de 2,5 milhões de votos.

Sinan Ogan poderá apelar aos seus apoiantes no final da semana para que votem num dos dois finalistas da eleição, embora esteja por percecionar se o eventual apoio do ultranacionalista a qualquer um dos candidatos seja seguido pelos seus apoiantes.

Na primeira volta, Ogan centrou parcialmente a sua campanha na expulsão dos quatro milhões de refugiados que vivem em solo turco, 90% deles sírios.

Kiliçdaroglu, que há muito prometeu enviar os refugiados sírios para o país de origem, acusou hoje o chefe de Estado cessante de ter "trazido voluntariamente 10 milhões de refugiados" para a Turquia.

"Se se mantiverem no poder, haverá mais 10 milhões de refugiados [...]. Haverá pilhagens. As cidades serão geridas pela máfia e pelos traficantes de droga. O feminicídio vai aumentar", alertou.

Sobre a questão do terrorismo, Kiliçdaroglu acusou Erdogan de ter conduzido "negociações secretas" com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo descrito como terrorista por Ancara e pelos seus aliados ocidentais.

O líder da oposição turca também o chefe de Estado de ter "alimentado e feito crescer" o movimento do pastor exilado Fethullah Gülen, um antigo aliado de Erdogan, acusado por este último de ter fomentado a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016.

"Nunca estive do lado daqueles que conspiraram contra os nossos soldados e nunca estarei", disse, visando Erdogan, que, por sua vez, acusa Kiliçdaroglu de "receber ordens" do PKK desde que ganhou o apoio do partido pró-curdo HDP.

O candidato da oposição também denunciou as "irregularidades" que, defendeu, prejudicaram a primeira volta das eleições.

"Não precisamos de um ou dois, mas de cinco observadores em cada assembleia de voto", afirmou o líder da oposição.

(Fonte: JN)

14 maio 2023

Kemal Kılıçdaroğlu promete devolver a democracia ao país


O líder da oposição turco, Kemal Kiliçdaro[lu, exerceu este domingo o seu voto para as eleições presidenciais, apelando à harmonia numa eleição em que tem oportunidade de destituir o atual presidente, Recep Tayyip Erdoğan.

O líder do Partido Democrático Popular, Kiliçdaroğlu, exerceu o seu voto na escola primária Argentina, em Ancara, acompanhado da esposa, Selvi, entre clamores de "Kemal, presidente".

Em declarações aos jornalistas, depois de votar, Kiliçdaroğlu, que é o principal adversário do atual presidente Erdogan, destacou que "a primavera vai regressar" ao país.

"Todos sentimos falta da democracia. Sentimos falta de estarmos juntos, de nos abraçarmos uns aos outros. Vão ver, a Primavera vai regressar a este país, se Deus quiser, e vai durar para sempre", afirmou.

(Fonte: TSF)

12 maio 2023

Dirigente do AKP: Vamos vencer as eleições mas respeitamos qualquer resultado


O dirigente do AKP em Ancara assegurou em entrevista à Lusa que os resultados eleitorais de domingo serão respeitados pelo partido no poder, mas previu que nas legislativas e presidenciais de domingo a oposição será novamente derrotada.

“Respeitaremos a vontade da nação. Obedeceremos aos resultados, mas a aliança da oposição não aceitará a sua derrota e caminhará na lama. Não legitimarão os resultados para arruinar o processo eleitoral. E tentarão atuar em diversos cenários”, indicou Murat Alparslan, 49 anos, que concorre na terceira posição nas listas do partido.

“Acreditamos que vamos vencer as eleições legislativas e presidenciais. E que venceremos as presidenciais na primeira volta”, arriscou.

Numa observação final ao duplo escrutínio de 14 de maio, o dirigente local do AKP recordou que as eleições na Turquia registam geralmente elevada participação, com a presença de observadores nacionais e estrangeiros.

As eleições presidenciais e legislativas de domingo na Turquia serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayip Erdogan e do seu partido AKP, no poder há duas décadas.

A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroglu, apoiado pelo partido esquerdista e pró-curdo HDP.

Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votam antecipadamente.

Murat Alparslan falou à Lusa na sede de campanha para o 1.º distrito de Ancara, situada num amplo recinto no centro com construções pré-fabricadas e onde se concentram as equipas de apoio aos deputados.

Ao ser questionado sobre as alegadas conspirações internas e externas dirigidas contra o Estado e o partido no poder e denunciadas regulamente pelos media que controlam, considerou que não constituem uma surpresa.

“Tentaram que a Turquia ficasse controlada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e com esse objetivo pretendem afastar Erdogan, porque caso contrário o FMI não poderá controlar o destino da Turquia”, alegou.

“O país é suficientemente inteligente para enfrentar estas armadilhas contra si e contra Erdogan, e quando se livrar destas armadilhas solucionará os seus principais problemas. A grande vantagem de Erdogan consiste em aglutinar junto de si um partido forte e os seus membros, e manter uma forte empatia com a nação”, defendeu à Lusa.

Numa abordagem à “questão curda”, em particular o colapso das inéditas conversações promovidas pelo AKP com o proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), mas que colapsaram em 2015, Murat Alparslan recordou que todas as minorias étnicas e religiosas “desempenharam uma função essencial na construção da Turquia”, rejeitando por isso que sejam consideradas como minorias.

“Não temos problemas com minorias étnicas e religiosas e não temos um problema com os curdos, antes com os grupos terroristas. A maioria da população curda é prejudicada pelos grupos terroristas”, assinalou.

Ainda numa referência ao malogrado processo de paz, iniciado em 2012, sustentou que Erdogan e o Estado atuaram com brandura face aos curdos, “com o objetivo de terminar um prolongado banho de sangue e o funeral de mártires”.

Neste processo, acusa os “grupos terroristas” de aproveitamento da situação.

“Por isso, o Estado e Erdogan deram um murro com um punho de ferro na mesa. A luta contra o terrorismo e os grupos terroristas vai prosseguir até ao fim. No nosso grupo de deputados e no Governo do AKP existem mais curdos que no CHP”, a principal força da oposição, assinalou.

(Fonte: Lusa/Observador)

Mudança de poder na Turquia pode não significar o fim dos laços com Putin

Em plena campanha eleitoral e a apenas três semanas da abertura das urnas, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente russo, Vladimir Putin, inauguraram a primeira central nuclear da Turquia numa cerimónia virtual, gesto que aproximou ainda mais os dois vizinhos do Mar Negro.

No mês passado, foi feita a primeira entrega de combustível nuclear na central de Akkuyu, na província de Mersin, que é a primeira do mundo a ser construída, detida e explorada por uma única empresa - a empresa estatal russa de energia atómica Rosatom.

Com isso, a Turquia aumentou a sua dependência energética de Moscovo, numa altura em que os seus aliados da NATO estavam a reduzir esses laços para privar a Rússia de influência contra eles. A presença de Moscovo na Turquia foi reforçada a longo prazo, precisamente no momento em que Erdogan se prepara para participar numa eleição que, segundo algumas sondagens, o poderá afastar do poder.

O reforço dos laços entre Erdogan e Putin causou nervosismo no Ocidente, com alguns a observarem as próximas eleições na expectativa de uma possível saída de Erdogan.

O homem forte turco sabe disso. Quando, em março, o embaixador dos EUA em Ancara, Jeff Flake, visitou o seu principal rival eleitoral, Kemal Kiliçdaroglu, Erdogan atacou-o, chamando à visita do diplomata norte-americano uma "vergonha" e avisando que a Turquia tem de "dar uma lição aos EUA nestas eleições".

As sondagens sugerem uma corrida apertada entre Erdogan e Kiliçdaroglu, com a probabilidade de as eleições de 14 de maio irem a uma segunda volta se nenhum candidato obtiver a maioria dos votos.

Mas os analistas afirmam que, mesmo que Erdogan seja derrotado nas urnas, uma reviravolta na política externa da Turquia não é um dado adquirido. Enquanto figuras próximas da oposição consideram que, em caso de vitória, a Turquia será reorientada para o Ocidente, outros dizem que as questões fundamentais da política externa provavelmente permanecerão inalteradas.

Ao longo das últimas duas décadas, a Turquia de Erdogan reposicionou-se de uma nação secular e orientada para o Ocidente para uma nação mais conservadora e orientada para a religião. Membro da NATO, e com o segundo maior exército da Aliança, reforçou os seus laços com a Rússia e, em 2019, chegou mesmo a comprar-lhe armas, desafiando os EUA. Erdogan tem levantado suspeitas no Ocidente ao continuar a manter laços estreitos com a Rússia, enquanto esta prossegue a sua ofensiva na Ucrânia, e foi uma dor de cabeça para os planos de expansão da NATO ao impedir a adesão da Finlândia e da Suécia.

No entanto, a Turquia também tem sido útil aos seus aliados ocidentais durante o governo de Erdogan. No ano passado, Ancara ajudou a mediar um acordo histórico de exportação de cereais entre a Ucrânia e a Rússia e até forneceu à Ucrânia drones que desempenharam um papel importante contra os ataques russos.

"Penso que há áreas em que vamos assistir a mudanças radicais, se a oposição ganhar, e muitos dos nossos colegas e diplomatas europeus em Ancara estão a perguntar até que ponto a Turquia vai voltar a aproximar-se dos seus aliados ocidentais", disse Onur Isci, professor assistente de relações internacionais na Universidade Bilkent, em Ancara, observando que, se a oposição ganhar, a primeira coisa que vai fazer é reparar as barreiras com o Ocidente.

Limites da viragem da Turquia para o Ocidente

Mas, mesmo que as relações com o Ocidente sejam restabelecidas, haverá limites para o regresso da Turquia àquela esfera, dada a profunda interligação entre as economias turca e russa, especialmente no que respeita à energia.

Segundo Isci, grande parte da política externa de Erdogan tem sido orientada por considerações económicas. E é provável que isso continue no próximo governo.

A Turquia é um parceiro comercial fundamental para a Rússia, bem como um centro para milhares de russos que fugiram após a invasão russa da Ucrânia, investindo dinheiro no sector imobiliário e noutros sectores.

O comércio entre os dois países tem vindo a aumentar e, no mês passado, Putin afirmou que a Rússia estava interessada em aprofundar os seus laços económicos com Ancara, referindo que o comércio bilateral ultrapassou os 57 mil milhões de euros em 2022, de acordo com a agência noticiosa estatal russa TASS. Este facto coloca a Rússia entre os maiores parceiros comerciais da Turquia.

No entanto, a União Europeia, enquanto bloco, continua a ser o maior parceiro comercial da Turquia, com o comércio bilateral a atingir cerca de 200 mil milhões de euros, de acordo com a Comissão Europeia. Entretanto, o comércio com os EUA ascendeu a cerca de 31 mil milhões de euros em 2022, de acordo com o Gabinete dos Censos dos EUA.

A proximidade geográfica da Rússia com a Turquia, bem como os seus interesses económicos em Ancara, provavelmente significa que um líder diferente de Erdogan continuará a manter boas relações com Moscovo, enquanto ancora a Turquia nas suas alianças democráticas ocidentais, perspetivou Murat Somer, professor de ciência política da Universidade Koc, em Istambul, à CNN.

"Em termos de perspetivas do país, este será orientado para o Ocidente democrático", afirmou Somer, salientando que tal não significa o fim total das divergências com os países ocidentais.

Após vários atrasos, a Turquia permitiu este ano que a Finlândia aderisse finalmente à NATO, mas continua a impedir a adesão da Suécia, alegando que este país alberga "organizações terroristas" curdas, referindo-se ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado um grupo terrorista pela Turquia, pelos EUA e pela UE.

As questões relativas à adesão da Suécia podem, no entanto, ser resolvidas com ou sem Erdogan.

"É muito provável que, independentemente de quem ganhe as eleições, Ancara ratifique a adesão da Suécia em 2023, depois de a nova legislação antiterrorista entrar em vigor na Suécia", antecipou à CNN Nigar Goksel, diretor para a Turquia do International Crisis Group.

A oposição tem feito questão de salientar que, para que a adesão da Suécia seja aprovada, são essenciais "medidas construtivas para eliminar as preocupações da Turquia em matéria de segurança".

Mas enquanto as relações com a UE podem melhorar se a oposição ganhar, o caminho pode ser mais longo e mais difícil com os EUA, dizem os especialistas.

"Quando mencionamos a relação da Turquia com o Ocidente por vezes tomamos os dois extremos do Atlântico como se fossem um só", disse Isci. "A relação da Turquia com os EUA chegou a um beco sem saída e tem vindo a deteriorar-se desde há muito tempo."

Quer Erdogan ou a oposição ganhem, acredita Isci, a Turquia vai tentar "desenredar a sua relação com os EUA e a UE", dada a dependência de Ancara dos seus parceiros comerciais europeus.

(Fonte: CNN Portugal)

UE pede tratamento igualitário de todos os candidatos e transparência

A União Europeia alerta para a importância de assegurar a pluralidade dos órgãos de comunicação social na Turquia e o tratamento igualitário de todos os candidatos às eleições presidenciais e legislativas de domingo, disse à Lusa fonte oficial comunitária.

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Peter Stano, disse esperar que as eleições do próximo domingo sejam “transparentes e inclusivas, e em linha com os princípios democráticos”.

É importante que seja assegurada a pluralidade dos órgãos de comunicação social e o tratamento igualitário de todos os partidos políticos e candidatos”, sustentou.

A União Europeia (UE) não vai enviar uma missão de observação para a Turquia, uma vez que o acompanhamento de eleições nos países da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) é feita pelo Gabinete para as Instituições Democráticas e Direitos Humanos.

Questionado sobre de que modo é que uma derrota do Presidente Recep Tayyip Erdogan, do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), pode ser um reinício das relações com Ancara, atribuladas nos últimos meses, a Comissão rejeitou “especular sobre cenários hipotéticos”.

Peter Stano comentou que Bruxelas “está preparada para continuar a trabalhar com proximidade com qualquer Governo e administração da Turquia eleitos democraticamente”.

As relações entre a UE e a Turquia têm sido complicadas. Há anos que Ancara utiliza como instrumento de negociação com Bruxelas os milhões de migrantes que tentam chegar à UE — muitos deles refugiados da Síria —, mas que acabam por ficar retidos em território turco, na sequência de um acordo assinado em 2016.

O acordo pode estar em causa em função do resultado das eleições, uma vez que existe a intenção dos dois lados de reduzir o número de migrantes que estão no país, obrigando-os a regressar aos países de origem ou possivelmente rompendo o acordo com a UE.

Em abril de 2021, o Presidente turco esteve no centro de uma polémica designada por Sofagate por ter deixado a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sentada num sofá afastada do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e do próprio Erdogan durante uma visita dos líderes das instituições europeias a Ancara.

Michel e Erdogan sentaram-se em duas poltronas para uma conversa e Von der Leyen ficou de pé, tendo apenas um sofá, afastado dos outros dois intervenientes na reunião, para se sentar.

O gesto foi na altura criticado pela diplomacia europeia.

De acordo com um artigo dos analistas Asli Aydintasbas e Jeremy Shapiro divulgado no final de abril pelo Conselho Europeu para Relações Estrangeiras, as relações da UE e dos Estados Unidos com a Turquia estão dependentes da atuação que estes dois blocos tenham nas eleições.

Os dois analistas sugerem que Bruxelas e Washington se resfriem de intervir durante o processo eleitoral, mesmo que vá a uma segunda volta (que poderá ocorrer a 28 de maio), uma vez que do lado do AKP e do Presidente Erdogan existem acusações de que o líder da oposição turca (e principal rival político de Erdogan no escrutínio) e a sua coligação são instrumentos do Ocidente para destabilizar a Turquia.

O opositor de Erdogan, Kemal Kiliçdaroglu, apresentou-se com um candidato mais pró-ocidental e que deseja criar um sistema democrático mais pluralista, em oposição ao regime populista e cada vez mais autoritário de Erdogan.

Na ótica dos analistas, o máximo que a UE e os Estados Unidos deveriam fazer era reiterar a importância de um processo eleitoral ordeiro e transparente, como a Comissão Europeia respondeu à Lusa.

As eleições presidenciais e legislativas na Turquia realizam-se no domingo, 14 de maio, e serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayyip Erdogan e do seu partido AKP, no poder há duas décadas.

A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroglu, líder do maior partido da oposição turca (Partido Republicano do Povo — CHP, social-democrata).

Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votaram antecipadamente.

A última sondagem divulgada na quinta-feira pelo reconhecido Instituto Konda atribui a Kiliçdaroglu 49,3% das intenções de voto na primeira volta, contra 43,7% de Erdogan.

(Fonte: Observador)

09 maio 2023

Portugal acompanha escrutínio na Turquia com atenção



O Governo português irá acompanhar “com muita atenção” as eleições na Turquia esperando que Ancara continue a ser parceiro da União Europeia (UE), e destaca o “papel muito importante” do país para mediar tensões na guerra na Ucrânia.

A posição é do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, que em entrevista à agência Lusa a propósito do Dia da Europa, que hoje se assinala, defende que “a Turquia é um país muitíssimo importante em si mesmo e também no domínio das relações com a UE porque é um país candidato e faz parte de uma União aduaneira com a União Europeia”.

“Portanto, naturalmente, seguimos com muita atenção, com muito interesse, tudo aquilo que se passa na Turquia”, afirma o responsável.

Além disso, continua Tiago Antunes, “nas atuais circunstâncias, é um país absolutamente decisivo, no contexto do conflito na Ucrânia, basta relembrar o papel muito importante que teve na negociação com as Nações Unidas na iniciativa dos cereais do Mar Negro, que garantiu o escoamento de cereais da Ucrânia e a sua mobilização para várias zonas do globo, designadamente no sul global, permitindo evitar situações de fome ou de subnutrição”.

“Todos estes fatores contribuem para que a realidade na Turquia seja algo que, na União Europeia, seguimos com muita atenção e todos os parceiros europeus acompanham com atenção, desejando, naturalmente, que continue a ser um parceiro”, sublinha o secretário de Estado.

O responsável lembra, ainda, aquele que foi um dos maiores desastres naturais da Europa, quando um sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu em fevereiro passado o sul da Turquia e o norte da vizinha Síria, provocando milhares de vítimas e o desabamento de milhares de edifícios.

“Há um esforço de reconstrução muito grande a fazer”, adianta.

As eleições presidenciais e legislativas na Turquia realizam-se em 14 de maio e serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayip Erdogan e do seu partido AKP, no poder há duas décadas.

A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroğlu, líder do maior partido da oposição turca (Partido Republicano do Povo - CHP, social-democrata), apoiado pelo partido esquerdista e pró-curdo HDP.

Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votam antecipadamente.

As mais recentes sondagens indicam que o resultado das eleições presidenciais está muito renhido, deixando em aberto uma vitória de Erdogan ou de Kiliçdaroglu, com uma ligeira vantagem para este último.

Se Erdogan vencer, poderá cumprir o seu terceiro mandato consecutivo como Presidente.

(Fonte: Açoriano Oriental)


04 maio 2023

Terramoto: UNICEF Portugal relembra que a consignação de 0,5% do IRS irá reverter 100% a favor das vítimas

Três meses depois dos terramotos na Síria e na Turquia, ainda há vítimas por resgatar dos escombros e cerca de 18 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária. Os sismos pararam, mas é tempo de reconstrução. A UNICEF Portugal destina a consignação dos 0,5% do IRS relativo a 2022 para ajudar as vítimas dos terramotos ocorridos a 6 de fevereiro passado na Turquia e na Síria.

De acordo com dados recentes divulgados pela UNICEF, só na Turquia, mais de 2,4 milhões de pessoas encontram-se alojadas em abrigos temporários (tendas e contentores) com acesso limitado a serviços básicos como água, saneamento e serviços médicos. Já na Síria, desde o início dos terramotos mais de 97 mil famílias foram deslocadas e 3,7 milhões de crianças, mulheres grávidas e lactantes foram afetadas e necessitam urgentemente de água, abrigo, alimentos e assistência médica e psicossocial de emergência.

Beatriz Imperatori, Diretora Executiva da UNICEF Portugal, salienta que "a situação em algumas regiões da Turquia e Síria é absolutamente crítica. As nossas equipas têm encontrado e lidado com situações de urgência humanitária que envolvem milhões de desalojados, especialmente mulheres e crianças, que são sempre as que mais sofrem nestes cenários de absoluta devastação”. A responsável sublinha ainda que “tendo em conta a dimensão da catástrofe nos dois países, e a guerra civil que dura há mais de uma década na Síria, a reconstrução demorará tempo, o que torna ainda mais urgente o regresso progressivo à normalidade para todas estas crianças”.

A UNICEF Portugal convida todos os portugueses a apoiarem as crianças e famílias da Síria e da Turquia, optando pela consignação de 0,5% do seu IRS à UNICEF, através do Número de Identificação Fiscal 500883823. O prazo para entrega do IRS de 2023, referente aos rendimentos do ano de 2022, é dia 30 de junho.

A consignação do IRS permite encaminhar uma parte do imposto que seria a favor do Estado português para uma entidade ou associação à escolha, sem qualquer custo associado. Através deste mecanismo, o Estado abdica de 0,5% do seu IRS e envia o respetivo montante para a entidade beneficiária escolhida. De destacar que o reembolso do contribuinte não é afetado com este processo, sendo certo que não receberá menos, nem pagará mais por ter decidido avançar com a consignação.

A UNICEF está na região, sendo responsável pelos sectores da Água e Saneamento, Educação e colíder no setor da Proteção Infantil.

Todas as informações relativas ao processo de consignação de 0,5% do IRS à UNICEF Portugal disponíveis em https://irs.unicef.pt. A UNICEF Portugal agradece antecipadamente a colaboração de todos neste importante apoio às vítimas dos terramotos na Turquia e Síria.

(Fonte: UNICEF)