29 novembro 2023

UE e as condições para reaproximação à Turquia

A União Europeia (UE) quer reavivar as relações políticas e económicas com a Turquia, numa tentativa de promover a estabilidade regional, apesar da profunda divisão na política externa e do impasse nas negociações de adesão.

A Comissão Europeia apresentou recomendações para o reforço da cooperação com a Turquia nos domínios do comércio, da energia, dos transportes e da gestão dos fluxos migratórios,  na quarta-feira, em conferência de imprensa, em Bruxelas.

Olivér Várhelyi, comissário europeu para a Vizinhança e o Alargamento, disse que as duas partes estão em desacordo sobre muitas questões, mas "há mais coisas que nos unem do que aquelas que nos dividem".

"É evidente que houve dificuldades no passado, tais como a dinâmica no Mediterrâneo oriental, as relações bilaterais com alguns dos nossos Estados-membros e os problemas comerciais", afirmou, pro seu lado, Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE.

"Mas assistimos a uma atitude mais construtiva em relação a estes pontos", acrescentou Borrell, "embora ainda existam questões em aberto que temos de abordar em conjunto, o que inclui certamente, a revelante questão de Chipre". 

Chipre é um Estado-membro da UE que exerce soberania sobre dois terços da ilha mediterrânica, sendo a outra parte controlada pela Turquia, desde 1974. O governo turco justificou a invasão militar como resposta a um golpe orquestrado para anexar a ilha por parte da junta militar que governava a Grécia.

O que poderá ser melhorado

Entre os novos compromissos para reaproximar a UE da Turquia estão novos investimentos no ambiente e digitais, novos esforços para facilitar os pedidos de visto de viagem, diálogos de alto nível sobre economia, energia, transportes, clima e saúde, bem como um novo diálogo de alto nível destinado a resolver "contendas comerciais".

O bloco retomará, também, as negociações sobre uma união aduaneira modernizada entre a UE e a Turquia, desde que o governo de Ancara apoie os esforços para combater a circunvenção às sanções europeias contra a Rússia.

A colaboração na gestão da migração, central desde um acordo assinado em  2016, também será intensificada para evitar partidas irregulares de migrantes, reforçar o controlo das fronteiras e reprimir o contrabando de seres humanos.

O compromisso será "progressivo, proporcional e reversível", disse Borrell, numa alusão à abordagem cautelosa do bloco.

O que continua congelado

As relações entre Bruxelas e Ancara têm sido difíceis desde o início das conversações oficiais para a adesão da Turquia ao bloco, em outubro de 2005.

Os terramotos devastadores que atingiram o sul e o centro da Turquia, em fevereiro passado, fizeram com que as relações melhorassem, com uma diminuição acentuada das violações do espaço aéreo grego, mas há muitos pontos que continuam congelados.

O principal obstáculo tem sido a incapacidade de encontrar uma solução para a questão cipriota, com a recusa da Turquia em reconhecer a República de Chipre. O diferendo tem impedido qualquer esforço de aprofundamento da cooperação em matéria de defesa, apesar da Turquia ser membro da NATO.

Os diferendos marítimos greco-turcos e as anteriores atividades de perfuração de Ancara em águas contestadas também criaram crispação.

O bloco criticou também, duramente, o retrocesso democrático na Turquia, particularmente desde o final de 2016, quando o presidente Recep Tayyip Erdoğan tomou medidas drásticas de centralização do poder após uma tentativa de golpe contra o seu governo.

Apesar de Erdoğan ter nomeado o que é considerado um "gabinete amigo do Ocidente" após a nova vitória eleitoral, em maio passado, as relações entre Bruxelas e Ancara continuam tensas.

Num relatório sobre os progressos da Turquia na via da adesão à UE, publicado no início deste mês, a Comissão Europeia denunciou "graves deficiências" nas instituições democráticas, bem como um persistente "retrocesso democrático". 

A Comissão Europeia lamenta, igualmente, a falta de progressos na reforma do sistema judicial e na defesa da liberdade de expressão.

Divergências na política externa

O relatório  destacou profundas clivagens nas políticas externas de ambas as partes, com uma taxa de alinhamento de apenas 10%, em 2023, em comparação com 8% em 2022, de acordo com o executivo da UE.

Estas clivagens tornaram-se cada vez mais evidentes no contexto do reacender do conflito no Médio Oriente. No final de outubro, Erdoğan cancelou uma visita a Israel e disse que o Hamas "não é uma organização terrorista, mas um grupo de libertação, um grupo mujahideen que luta para proteger as suas terras e os seus cidadãos".

A Comissão Europeia reagiu, criticando o governo de Erdoğan pelo seu "apoio ao grupo terrorista Hamas na sequência do ataque contra Israel", afirmando que a retórica estava "em total desacordo com a abordagem da UE".

Mas Borrell explicou hoje qual é a posição: "Para nós, o Hamas continua a ser uma organização terrorista. A Turquia tem uma abordagem diferente, algo que é coerente com a posição do mundo muçulmano". 

"É certo que não existe um elevado nível de alinhamento da nossa política externa com a Turquia e queremos organizar os nossos intercâmbios em matéria de política externa para sermos mais eficazes e operacionais", acrescentou Borrell.

Apesar de se alinhar com a condenação da UE à invasão da Ucrânia pela Rússia, a Turquia optou por não aderir às sanções lideradas pelo Ocidente, numa tentativa de manter os seus laços com o governo de Moscovo. 

O governo de Ancara está, também, a enfrentar um escrutínio crescente por, alegadamente, facilitar a circunvenção à sanções, num contexto de aumento das exportações de bens essenciais para a Rússia.

Borrell afirmou que o bloco é "claro" quanto à expetativa de que Turquia continue a colaborar com os parceiros europeus e ocidentais para impedir que as sanções sejam contornadas, a fim de beneficiar de uma cooperação económica mais estreita.

(Fonte: Euronews)

28 novembro 2023

Oyak vende 60% da Cimpor por 480 milhões à Taiwan Cement

O fundo turco Oyak, que em 2018 adquiriu a Cimpor por 700 milhões de euros, vai vender duas participações em empresas de cimento à Taiwan Cement, sendo uma delas a cimenteira portuguesa. 

De acordo com a notícia avançada pela agência Bloomberg e confirmada pelo Negócios junto de fonte oficial da Cimpor, a Oyak chegou a um acordo preliminar para vender as duas participações - 60% da Cimpor e 20% da Oyak Denizli Cement - por um total de cerca de 673 milhões de euros.

A venda da Cimpor será feita por 480 milhões de euros, avaliando assim a cimenteira portuguesa em 800 milhões de euros, de acordo com um comunicado da Taiwan Cement, que refere que o valor está ainda sujeito a eventuais ajustes.

Já a venda de 20% da Oyak Denizli Cement será feita por 193,4 milhões de euros.

Com esta operação a Taiwan Cement ficará com a totalidade do capital da Cimpor. É que a empresa e a Oyak tinham já criado uma empresa conjunta, a Cimpor Global Holdings, na qual a primeira detém 40% e a segunda 60%.

Ao Negócios, fonte oficial da Cimpor refere que, "com o objetivo de continuar a expansão da sua estratégia de sustentabilidade a nível global e de forma a expandir o investimento no cimento de baixo carbono em continentes como a Europa, Ásia e África, a Taiwan Cement (TCC) aumentou a sua participação na Cimpor para 100% e passou a deter 60% da Oyak".

Segundo explicou, "a TCC é uma das únicas empresas que tem uma estrutura integrada e internacional, que aplica os seus investimentos em vários setores da área das energias renováveis" e está atualmente "também a procurar oportunidades de investimento em tecnologias de redução de emissões de carbono, baterias elétricas e armazenamento de energia".

Com este acordo, a Cimpor Portugal Holdings passará a ser detida a 100% pela Taiwan Cement. Já a Oyak permanecerá com 40% das operações de cimento na Turquia.

A cimenteira portuguesa diz ainda que "não existirão alterações na estrutura principal de gestão e todos os colaboradores continuarão a fazer parte do caminho para o futuro de tornar a Cimpor uma empresa de excelência no mercado".

(Fonte: Jornal de Negócios)

26 novembro 2023

O renascimento do vinho turco


A história do vinho na Turquia tem tido muitos altos e baixos. Actualmente, as leis proíbem qualquer publicidade, mas os produtores resistem e o sector dá sinais de uma nova vitalidade.

A história do vinho na Turquia é uma odisseia de persistência e de capacidade de sobrevivência. Tal como as vinhas velhas resistem, espalhadas por diferentes regiões do país, a vontade de fazer vinho revela-se mais forte do que todos os obstáculos. 

Levon Bagis e Umay Çeviker são dois dos maiores conhecedores desta história e, entre outras coisas, com os projectos Yaban e Heritage Vines of Turkey, são também dois dos principais protagonistas do atual renascimento do vinho turco.

(Fonte: Público)


25 novembro 2023

Jovens da Turquia efetuaram voluntariado em Vila Nova de Poiares


O Município de Vila Nova de Poiares acolheu durante os últimos 5 meses duas jovens voluntárias de nacionalidade turca, que estiveram a participar no programa ‘Fit Young and Senior’, promovido pela Câmara Municipal, no âmbito de uma candidatura ao Corpo Europeu de Solidariedade da União Europeia, refere em nota a autarquia.

Na despedida, a vereadora com o pelouro da Educação e Juventude, Maria da Luz Pedroso, recebeu as jovens Aysel Biban e Fatima Kanbay nos Paços do Concelho, acompanhada dos técnicos municipais que as orientaram durante a sua estadia, e entregou como forma de agradecimento uma lembrança do Município a cada uma.

O programa ‘Fit Young and Senior’ visa a promoção da atividade física e hábitos de vida saudável para crianças e seniores do Concelho. Trata-se de um projeto que se destaca pela forte vertente solidária, de inclusão social e respeito pela diversidade, dada a sua génese intergeracional, e que propicia o desenvolvimento pessoal, social e educativo dos voluntários, frisa a autarquia.

Ao longo dos cinco meses em que estiveram em Vila Nova de Poiares as duas jovens turcas desenvolveram voluntariado em atividades não só municipais como o ‘Verão em Atividade’ ou ‘Fit Sénior’, mas também em associações locais como a iCreate, onde a sua “colaboração proporcionou uma abordagem mais centrada na estimulação cognitiva da população sénior”.

“Paralelamente, e no âmbito do programa de voluntariado do Corpo Europeu de Solidariedade realizaram uma atividade semanal junto dos mais jovens, onde se destacavam os valores europeus e a apresentação da sua cultura”, sublinha.

“À semelhança das demais iniciativas realizadas neste âmbito, o balanço foi mais uma vez muito positivo para todos os envolvidos, na medida em que proporcionou um intercâmbio cultural, promovendo o respeito pela diversidade, bem como uma abordagem holística ao estimular a atividade física e cognitiva dos munícipes mais idosos, contribuindo para combater o isolamento social”, realça ainda a edilidade.

“Refira-se que o Município de Vila Nova de Poiares é uma entidade acreditada pela Agência Nacional Erasmus+ Juventude/Desporto e Corpo Europeu de Solidariedade, para o envio de jovens para outros projetos organizados em diversos países da União Europeia. Exemplo disso é a participação, este ano, de um jovem poiarense que, também em regime de voluntaria, participou na reabilitação de um centro para a juventude na Eslovénia”, conclui.

(Fonte: CentroTV)