O dirigente do AKP em Ancara assegurou em entrevista à Lusa que os resultados eleitorais de domingo serão respeitados pelo partido no poder, mas previu que nas legislativas e presidenciais de domingo a oposição será novamente derrotada.
“Respeitaremos a vontade da nação. Obedeceremos aos resultados, mas a aliança da oposição não aceitará a sua derrota e caminhará na lama. Não legitimarão os resultados para arruinar o processo eleitoral. E tentarão atuar em diversos cenários”, indicou Murat Alparslan, 49 anos, que concorre na terceira posição nas listas do partido.
“Acreditamos que vamos vencer as eleições legislativas e presidenciais. E que venceremos as presidenciais na primeira volta”, arriscou.
Numa observação final ao duplo escrutínio de 14 de maio, o dirigente local do AKP recordou que as eleições na Turquia registam geralmente elevada participação, com a presença de observadores nacionais e estrangeiros.
As eleições presidenciais e legislativas de domingo na Turquia serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayip Erdogan e do seu partido AKP, no poder há duas décadas.
A oposição apresenta uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroglu, apoiado pelo partido esquerdista e pró-curdo HDP.
Perto de 61 milhões de eleitores vão decidir o futuro do país, incluindo mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, que votam antecipadamente.
Murat Alparslan falou à Lusa na sede de campanha para o 1.º distrito de Ancara, situada num amplo recinto no centro com construções pré-fabricadas e onde se concentram as equipas de apoio aos deputados.
Ao ser questionado sobre as alegadas conspirações internas e externas dirigidas contra o Estado e o partido no poder e denunciadas regulamente pelos media que controlam, considerou que não constituem uma surpresa.
“Tentaram que a Turquia ficasse controlada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e com esse objetivo pretendem afastar Erdogan, porque caso contrário o FMI não poderá controlar o destino da Turquia”, alegou.
“O país é suficientemente inteligente para enfrentar estas armadilhas contra si e contra Erdogan, e quando se livrar destas armadilhas solucionará os seus principais problemas. A grande vantagem de Erdogan consiste em aglutinar junto de si um partido forte e os seus membros, e manter uma forte empatia com a nação”, defendeu à Lusa.
Numa abordagem à “questão curda”, em particular o colapso das inéditas conversações promovidas pelo AKP com o proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), mas que colapsaram em 2015, Murat Alparslan recordou que todas as minorias étnicas e religiosas “desempenharam uma função essencial na construção da Turquia”, rejeitando por isso que sejam consideradas como minorias.
“Não temos problemas com minorias étnicas e religiosas e não temos um problema com os curdos, antes com os grupos terroristas. A maioria da população curda é prejudicada pelos grupos terroristas”, assinalou.
Ainda numa referência ao malogrado processo de paz, iniciado em 2012, sustentou que Erdogan e o Estado atuaram com brandura face aos curdos, “com o objetivo de terminar um prolongado banho de sangue e o funeral de mártires”.
Neste processo, acusa os “grupos terroristas” de aproveitamento da situação.
“Por isso, o Estado e Erdogan deram um murro com um punho de ferro na mesa. A luta contra o terrorismo e os grupos terroristas vai prosseguir até ao fim. No nosso grupo de deputados e no Governo do AKP existem mais curdos que no CHP”, a principal força da oposição, assinalou.
(Fonte: Lusa/Observador)
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