“Vemos, ouvimos e lemos / Não podemos ignorar.” Assim começa a cantata da paz, escrita por Sophia de Mello Breyner. Assim nos obriga a sentir a dimensão da tragédia humana, após o devastador terramoto que assolou a Síria e a Turquia, longe de poder ser contabilizada.
Perante as imagens que nos chegam todos os dias, dividimos as lágrimas e a frequência cardíaca entre a atualização em crescendo do número de mortos e a esperança por cada vida salva, contra as probabilidades.
O Dr. António Gandra d’Almeida, é o médico responsável da equipa do INEM em missão na Turquia e aceitou partilhar o seu testemunho, apesar do trabalho infindável e das condições adversas.
Onde se encontra a equipa da missão portuguesa na Turquia?
Estamos em Hatay. Estivemos, até domingo, no centro da cidade. Agora, começámos as operações nas zonas mais remotas.
Quais foram as primeiras impressões à chegada à Turquia?
Caos e sofrimento. As pessoas perderam família, amigos e as suas casas. Não havia elettricidade nem água. As temperaturas são muito baixas.
Estiveram envolvidos na operação que resgatou com vida uma criança de 10 anos, o pequeno Baran. O que sentiram?
É uma sensação difícil de explicar. Uma explosão de sentimentos muito intensa. O mais importante: o Baran vai ficar bem. Valeu a pena.
Como é o cenário em termos de assistência médica no terreno e nos hospitais?
Há equipas médicas de emergência a dar apoio no terreno. Os hospitais nacionais de regiões vizinhas também estão a prestar apoio, ainda que por vezes se encontrem a grande distância.
Da sua experiência de cenários de catástrofe, o que podemos esperar nos próximos dias? Ainda se poderá encontrar pessoas com vida entre os escombros?
É cada vez mais improvável encontrar sobreviventes, mas continuamos com esperança e mantemos as operações de busca. Aos poucos, a população está a tentar restabelecer as suas vidas. Vai ser demorado e muito difícil.
Como está a equipa portuguesa? Como têm sido os vossos dias?
Os nossos dias são de muito trabalho e longos. Todos estão a dar o seu melhor. Estamos a fazer os possíveis e impossíveis para ajudar, apoiar e estarmos onde precisam de nós. Estamos bem e muito moralizados.
(Fonte: CNN)
Sem comentários:
Enviar um comentário