No primeiro dia de visita oficial à Turquia, o Presidente da República explicou a razão para estar em oposição às teses de Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, ambos contra a adesão plena dos Turcos à União Europeia. Cavaco Silva respondeu à letra, garantindo que a UE tem a ganhar com a entrada da Turquia. Para o PR, a questão revela falta de visão dos líderes europeus.
Cavaco Silva passou o dia de ontem a explicar porque é que a União Europeia precisa da Turquia. Fê-lo em três momentos diferentes. O primeiro foi quando o Presidente turco respondeu a Merkel e a Sarkozy, acusando-os de "falta de visão". "Os políticos chegam, falam, passam e às vezes por falta de visão dizem coisas diferentes". No Domingo, os líderes da Alemanha e da França tinham-se manifestado contra a adesão plena da Turquia à União Europeia (UE). Ontem, Abdullah Gül, o chefe de Estado turco, fez questão de sublinhar que Ancara só depende da decisão jurídica da Comissão e do Conselho europeus. Nessa altura, coube ao Presidente português sublinhar que também tem ouvido boas notícias, tendo em conta que a República Checa já ratificou o Tratado de Lisboa. Falta apenas o referendo na Irlanda, acrescentou Cavaco, fazendo notar que o Tratado cria condições mais favoráveis para o alargamento. Mas o chefe de Estado havia de voltar ao tema, poucas horas depois, quando falou na Grande Assembleia Nacional. Foi aí que sublinhou a acrescida importância estratégica na adesão da Turquia. E destacou dois factores: o contributo decisivo que Ancara pode dar para uma política energética comum e a garantia de uma projecção acrescida da política externa da UE. Pelos meios de defesa de que dispõe, pela influência de que goza na vizinhança da União e pelo respeito aos valores do projecto europeu que advém do facto de a Turquia ser uma grande nação muçulmana e democrática. Com isto, Cavaco mostrava também que a questão religiosa por vezes levantada por a Turquia ser um país maioritariamente muçulmano é entendida por Portugal como uma não-questão. "A Europa precisa da Turquia", resumia o Presidente da República, para travar combates como a segurança, as alterações climáticas ou a crise económica. A entrada da Turquia na UE voltou a ser o tema central do discurso que fez à noite, no banquete oferecido pelo Presidente Adbullah Gül, onde desejou que a adesão seja tão breve quanto possível. Admitindo que o processo "é complexo e exigente", Cavaco aconselhou a que perante os obstáculos, prevaleça a visão estratégica que define os construtores do futuro. Num dia politicamente muito preenchido, que incluiu ainda uma audiência ao líder da oposição ao governo de Recep Erdoğan, o discurso na Grande Assembleia Nacional acabou por ser o ponto alto do dia. O staff de Belém lembrou mais do que uma vez aos jornalistas que o último a discursar aqui foi Barack Obama. Antes dele, essa honra só tinha sido concedida a Bill Clinton e aos líderes da Autoridade Palestiniana e de Israel. Tal como fez ontem Cavaco, também Obama tinha vindo dizer aos deputados turcos que a América apoia o desejo da Turquia de entrar na União Europeia. Aplaudido quando disse aos deputados turcos que os gostava de ter na mesa das decisões europeias, o Presidente da República garantiu que se sentia em casa: "As semelhanças que encontrei entre nós fazem com que me pergunte se realmente saí do meu País."
Cavaco Silva passou o dia de ontem a explicar porque é que a União Europeia precisa da Turquia. Fê-lo em três momentos diferentes. O primeiro foi quando o Presidente turco respondeu a Merkel e a Sarkozy, acusando-os de "falta de visão". "Os políticos chegam, falam, passam e às vezes por falta de visão dizem coisas diferentes". No Domingo, os líderes da Alemanha e da França tinham-se manifestado contra a adesão plena da Turquia à União Europeia (UE). Ontem, Abdullah Gül, o chefe de Estado turco, fez questão de sublinhar que Ancara só depende da decisão jurídica da Comissão e do Conselho europeus. Nessa altura, coube ao Presidente português sublinhar que também tem ouvido boas notícias, tendo em conta que a República Checa já ratificou o Tratado de Lisboa. Falta apenas o referendo na Irlanda, acrescentou Cavaco, fazendo notar que o Tratado cria condições mais favoráveis para o alargamento. Mas o chefe de Estado havia de voltar ao tema, poucas horas depois, quando falou na Grande Assembleia Nacional. Foi aí que sublinhou a acrescida importância estratégica na adesão da Turquia. E destacou dois factores: o contributo decisivo que Ancara pode dar para uma política energética comum e a garantia de uma projecção acrescida da política externa da UE. Pelos meios de defesa de que dispõe, pela influência de que goza na vizinhança da União e pelo respeito aos valores do projecto europeu que advém do facto de a Turquia ser uma grande nação muçulmana e democrática. Com isto, Cavaco mostrava também que a questão religiosa por vezes levantada por a Turquia ser um país maioritariamente muçulmano é entendida por Portugal como uma não-questão. "A Europa precisa da Turquia", resumia o Presidente da República, para travar combates como a segurança, as alterações climáticas ou a crise económica. A entrada da Turquia na UE voltou a ser o tema central do discurso que fez à noite, no banquete oferecido pelo Presidente Adbullah Gül, onde desejou que a adesão seja tão breve quanto possível. Admitindo que o processo "é complexo e exigente", Cavaco aconselhou a que perante os obstáculos, prevaleça a visão estratégica que define os construtores do futuro. Num dia politicamente muito preenchido, que incluiu ainda uma audiência ao líder da oposição ao governo de Recep Erdoğan, o discurso na Grande Assembleia Nacional acabou por ser o ponto alto do dia. O staff de Belém lembrou mais do que uma vez aos jornalistas que o último a discursar aqui foi Barack Obama. Antes dele, essa honra só tinha sido concedida a Bill Clinton e aos líderes da Autoridade Palestiniana e de Israel. Tal como fez ontem Cavaco, também Obama tinha vindo dizer aos deputados turcos que a América apoia o desejo da Turquia de entrar na União Europeia. Aplaudido quando disse aos deputados turcos que os gostava de ter na mesa das decisões europeias, o Presidente da República garantiu que se sentia em casa: "As semelhanças que encontrei entre nós fazem com que me pergunte se realmente saí do meu País."
(Fonte: DN)
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