Erdoğan disse que discutiu com Bush uma estratégia conjunta para o combate ao terrorismo, e caminhos para a adopção de medidas concretas para lidar com o problema.
O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdoğan reuniu-se com o presidente dos Estados Unidos George W. Bush no Domingo, para discutir uma estratégia de cooperação contra o radicalismo e extremismo e medidas contra o terrorismo.
Bush, numa conferência de imprensa conjunta com Erdoğan, depois de cerca de duas horas de reunião, revelou apoio à entrada da Turquia na União Europeia, evitando no entanto uma declaração clara relativamente às preocupações de Ancara sobre o cessar-fogo proposto pelo ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). “Eu disse claramente ao primeiro-ministro que penso que é do interesse dos Estados Unidos que a Turquia faça parte da União Europeia”, disse Bush aos jornalistas na conferência de imprensa. Disse igualmente que abordaram o extremismo e radicalismo, assim como esforços comuns para “trazer estabilidade para o médio oriente" e a situação Irão e Iraque.
Bush congratulou Erdoğan pelas reformas económicas que “permitiram que a economia turca se tivesse fortalecido para o bem da população turca”, e elogiou-o como “amigo e homem de paz”.
Outro assunto que Bush e Erdoğan discutiram foi a região problemática do Darfur, com Bush a referir que “o nosso grande desejo é melhorar as vidas daqueles que sofrem no Darfur”.
O encontro Erdoğan-Bush foi muito aguardado, principalmente no que diz respeito ao tema da luta contra o PKK. Erdoğan, em declarações antes de partir para os Estados Unidos, disse que iria pedir aos responsáveis norte-americanos para tomarem medidas para acelerar o processo de luta contra o PKK.
Erdoğan disse que discutiu com Bush todos os asuntos importantes entre dois parceiros estratégicos, com maior destaque para o combate ao terrorismo.
Numa conferência de imprensa só para jornalistas turcos, mais tarde, Erdoğan disse que ele e Bush discutiram passos conjuntos para o combate ao terrorismo, e medidas que permitam passos importantes contra o terrorismo. Declinou, contudo, fornecer uma linha cronológica de actuação relativamente a medidas contra o PKK. Disse ainda que os dois países já partilhavam da opinião de que uma plataforma global necessita de ser criada para combater o terrorismo global.
A conversa entre Erdoğan e Bush aconteceu depois do PKK ter anunciado um cessar-fogo unilateral no Sábado, de acordo com uma comunicação do líder Abdullah Öcalan a partir da prisão onde se encontra. O pedido de Öcalan foi precedido de uma declaração feita pelo presidente iraquiano Jalal Talabani, um Curdo, dizendo que o PKK iria anunciar um cessar-fogo nos próximos dias.
Os analistas dizem que a liderança curdo-iraquiana ajudou a projectar um anúncio de cessar-fogo do PKK com a instigação dos Estados Unidos.
Horas antes do encontro Erdoğan-Bush, O comandante geral das Forças Armadas, general Yaşar Büyükanıt, anulou claramente o cessar-fogo unilateral do PKK. “As Forças Armadas turcas disseram que vão manter a luta contra o terrorismo até que não exista um único terrorista armado. Não há uma única mudança na nossa posição, nem haverá”, disse num discurso na Academia Turca de Guerra em Istambul. “A única solução para os membros da organização terrorista é baixarem as armas e renderem-se à justiça turca”. As declarações de Büyükanıt pareceram ser uma resposta às propostas de uma amnistia para o PKK, no sentido de fazer descer os seus militantes das montanhas Kandil no Iraque, e fazê-los largar as armas. Relatos jornalísticos disseram antes do encontro, que os Estados Unidos queriam que a Turquia proclamasse uma amnistia para ajudar a resolver o problema, embora os responsáveis americanos nunca tenham feito declarações públicas que sugerissem isso. “É mencionado [...] um cessar-fogo como se houvessem dois países em guerra”, disse Büyükanıt sobre a declaração do PKK. “Isto foi agendado primeiro por certos indivíduos, instituições e grupos. Depois, pedidos semelhantes foram feitos por membros do parlamento europeu e alguns Estados. Na semana passada, a pessoa que ostenta o título de presidente do Iraque disse que tinha convencido a organização terrorista a cessar-fogo. E depois, a organização terrorista declarou um cessar-fogo. Isto mostra que o assunto se trata de grande plano”.
A Turquia ignorou as anteriores declarações de cessar-fogo do PKK, e os oficiais acreditam que se trata de um mero movimento táctico. Os peritos militares dizem que a chegada do Inverno nas áreas montanhosas do sudeste na fronteira com o Iraque, onde o PKK é particularmente activo, iria forçar o grupo terrorista a abrandar os seus ataques ate à proxima primavera. Büyükanıt disse que a experiência do passado demonstrou que não há outra alternativa senão manter a luta contra o PKK. “Tem-se visto que a organização terrorista arranja ramificações onde quer e até tentou pactuar com o Estado para concretizar alguns objectivos”, disse.
03 outubro 2006
Turquia e Estados Unidos discutem estratégia contra o PKK
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