Os países ocidentais condenaram em peso o ataque sírio contra a Turquia, mas aconselham "contenção" às duas partes. A Rússia apela à Síria que comunique que o lançamento do míssil que atingiu a Turquia foi "acidental".
A diplomacia internacional está de olhos postos na fronteira entre a Turquia e a Síria. A Turquia atacou quarta-feira à noite com artilharia contra a Síria, depois de, horas antes, uma aldeia turca ter sido atingida por um míssil sírio.
Desde os confrontos de quarta-feira à noite, que se prolongaram até, pelo menos, quinta-feira da manhã, vários países e organizações internacionais emitiram as suas oposições perante o conflito entre a Síria e a Turquia. Entre condenações do ataque sírio e pedidos de "contenção" às duas partes, apenas a Rússia mostra estar do lado da Síria.
O gabinete do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, emitiu um comunicado ao mesmo tempo que corriam notícias de que a Turquia tinha atacado a Síria. "Estas provocações contra a segurança da Turquia não vão ficar sem reposta," dizia o comunicado, onde o ataque turco foi classificado como "legítima defesa". A mesma mensagem dizia que o ataque sírio "desencadeou uma resposta imediata das nossas Forças Armadas (...) que bombardearam alvos identificados por radar ao longo da fronteira."
O Governo turco reuniu-se com o Parlamento e os deputados aprovaram a deslocação de tropas para lá das suas fronteiras, "se necessário".
"A Turquia não está interessada numa guerra com a Síria, mas a Turquia é capaz de defender as fronteiras e irá retaliar quando for necessário," escreveu, nesta quinta-feira, no Twitter Ibrahim Kalın, conselheiro do primeiro-ministro turco.
A Síria garantiu estar a investigar a origem do míssil que atingiu a aldeia turca quarta-feira à tarde e apelou a contenção. O ministro da informação sírio, Omran Zoabi, enviou as suas condolências ao povo turco, e disse que a Síria respeita a soberania dos seus países vizinhos.
A diplomacia de Moscovo foi a única que surgiu em defesa da Síria. "Através do nosso embaixador na Síria, falámos com as autoridades sírias que nos asseguraram que aquilo que aconteceu na fronteira com a Turquia foi um acidente trágico que não voltará a acontecer," disse o MNE russo Sergei Lavrov à agência noticiosa RIA Novosti. Lavrov considera que é de "fundamental importância" que as autoridades sírias comuniquem que o lançamento do míssil que matou cinco civis turcos foi um acidente.
O gabinete dos negócios estrangeiros da China emitiu um comunicado em que apela "a todas os intervenientes de relevo, incluindo a Síria e a Turquia, para optarem pela contenção e não levarem para a frente nenhuma acção que possa levar ao aumento de tensões". A China e a Rússia são os únicos países no Conselho de Segurança da ONU que têm vetado uma intervenção conjunta contra o regime de Bashar al-Assad e em colaboração com as tropas do Exército Síria Livre.
Na quarta-feira à noite os 28 países membros da NATO tiveram uma reunião de emergência convocada pela Turquia, que alegou ter a sua integridade territorial "sob ameaça". No fim da reunião, a NATO emitiu um comunicado em que era exigido à Síria "o fim dos actos agressivos contra o seu aliado turco" e que pusesse um fim "às suas flagrantes violações da lei internacional". O comunicado dizia ainda que o ataque sírio "constitui uma causa de grande preocupação e é fortemente condenado por todos os aliados". Antes da reunião, o secretário-geral da NATO, Anders Rasmussen, adiantou que a NATO não tenciona intervir na Síria, mas disse que protegerá o seu aliado turco de futuros ataques se tal for necessário.
O porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, emitiu um comunicado que dizia que o sul-coreano está "alarmado pela escalada de tensões" entre a Síria e a Turquia. "À medida que a situação na Síria se deteriora cada vez mais, os riscos de um conflito regional e a ameaça à paz e segurança internacionais estão a aumentar".
(Fonte: Público)
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