14 outubro 2009

Relatório anual sobre o alargamento não poupa críticas à Turquia

A Comissão Europeia fez o ponto da situação sobre o alargamento da União Europeia e não poupou críticas à Turquia. O relatório anual, publicado esta quarta-feira, denuncia os ataques à liberdade de expressão e imprensa.
Em causa está a pesada multa ao grupo Doğan Yayın, como explica Olli Rehn, comissário europeu para o Alargamento: “Há uma preocupação face à multa, pois quando esta equivale ao valor anual de negócios da empresa, não se trata apenas de sanção fiscal, mas assemelha-se mais a uma sanção política”.
O grupo Doğan é proprietário de metade dos media privados turcos e foi multado em 2,2 mil milhões de euros por fraude fiscal. A empresa fala de perseguição devido às críticas que faz ao governo.
Gusen Ozalp, correspondente do jornal Milliyet, do grupo Doğan, defende: “É a pior parte do relatório. Podemos dizê-lo porque é a primeira vez que a Comissão Europeia acusa a Turquia em relação à liberdade de imprensa e isso é uma mancha. Dizem claramente que há uma pressão política sobre a imprensa. Não é bom para a candidatura da Turquia porque, como sabem, a liberdade de imprensa é um dos princípios fundamentais da União Europeia”.
Ancara é criticada também pela ausência de progresso nas reformas políticas e constitucionais, na defesa das minorias, como os Curdos, ou das mulheres face à violência doméstica e aos crimes de honra.
Temas que não são inéditos, como reconhece Bahadir Kaleağası, chefe do patronato turco em Bruxelas: “A maioria das críticas presentes no relatório já são alvo de um intenso debate na imprensa e na sociedade civil turca. Nós como homens de negócios sempre pusemos estes assuntos no topo da agenda turca”.
Mas nem tudo é negro. Bruxelas saudou os acordos históricos de reconciliação assinados entre a Turquia e a Arménia no passado fim-de-semana na Suíça.
Impasse ainda em torno do conflito sobre Chipre. Ancara continua a recusar abrir portos e aeroportos aos Cipriotas-gregos, mas este ano Bruxelas não impôs mais sanções para deixar avançar as difíceis negociações sobre a reunificação de Chipre iniciadas há um ano.

(Fonte: Euronews)

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