07 junho 2008

Seleccionador Fathi Terim apostou numa táctica híbrida

O primeiro adversário de Portugal no Euro tem duas caras: uma capaz de jogar um futebol versátil, rápido e dinâmico e outra que parece tolhida pela insegurança, principalmente na defesa, e pela falta de confiança. Logo à noite se descobrirá que Turquia subirá ao Estádio de Genève, onde deverá ter o apoio de muitos dos 80 mil que formam a sua comunidade emigrante na Suíça.
A dupla personalidade revelou-se na qualificação, em que até nem começou mal, mas acabou em dificuldade para se impor à Noruega e garantir o segundo lugar do grupo, atrás da Grécia.
A Turquia é dirigida por Fatih Terim, treinador conhecido por "Imperador" devido aos dotes de liderança. Foi quatro anos técnico do Galatasaray e passou pela Fiorentina e pelo AC Milan (foi ele que exigiu a contratação de Rui Costa). Dá grande importância à valência física e o seu braço-direito é o norte-americano de nascença Scott Piri, que foi o preparador físico da Alemanha no Mundial de 2006 e que, tal como o nutricionista, Megan Margano, foi contratado pela Internet.
Esta selecção, com 22 seguidores do islamismo (só o brasileiro naturalizado Mehmet Aurélio é católico), foi sujeita a renovação e Terim surpreendeu ao deixar de fora o veterano (36 anos) avançado Hakan Şükür (melhor marcador turco de sempre) e o médio-ofensivo do Estugarda Baştürk. Terim explicou ir apostar numa táctica em que Şükür não seria titular e que, por isso, ficaria afectado. O tal esquema é um pouco híbrido, porque as pedras tão depressa se distribuem num 4x3x3 (Tuncay e Mavlut sobem nas faixas) como num 4x1x3x2 (Mavlut junta-se ao miolo e Tuncay aproxima-se de Nihat), como no último teste com a Finlândia. "Parece que jogamos com dois avançados, mas atacamos com mais de cinco", diz o craque Nihat.
A provar as debilidades defensivas aí estão os quatro golos sofridos, na fase de qualificação, na sequência de lançamentos laterais. O guarda-redes Volkan é irregular e pouco fiável, mas brilhou na Liga dos Campeões pelo Fenerbahçe. O suplente é o veterano (35 anos) Rüştü, longe dos tempos em que foi eleito o melhor do Mundial de 2002, quando a Turquia conseguiu um surpreendente terceiro lugar. Os centrais são lentos e inseguros. Servet Çetin é o menos mau, mas o gigante (1,94) Gökhan peca ainda por ser desordenado tacticamente. O lateral-direito Sabri é um médio adaptado e beneficiou da lesão do titular Gökhan Gönül, que falha o Europeu. No lado contrário jogará Hakan Balta, nascido na Alemanha e uma das melhores pedras da equipa.
O miolo é o melhor sector da Turquia, rápido e forte nos passes de rotura. Mehmet Aurélio é um médio-defensivo inteligente (Topal é uma boa alternativa, apesar de jovem), sendo uma das traves-mestras da equipa, juntamente com o canhoto Emre, que em 2002 deu nas vistas no Mundial com o seu futebol ofensivo. Desde que ajudou o Galatasaray a ganhar a Taça UEFA, passaram a chamar-lhe "Maradona do Bósforo", um exagero. Acaba de ser transferido do Newcastle para o Fenerbahçe por 3,5 milhões de euros, sendo acusado de traição pelos 25 milhões de adeptos do seu antigo clube, o Galatasaray. Hamit Altıntop recuperou da fractura num dedo a tempo de oferecer o seu futebol fiável no lado direito, podendo recuar para lateral. Nasceu na Alemanha e tem um forte remate de meia-distância.
Nihat é, aos 28 anos, a grande figura da equipa. Brilhou na Real Sociedad e este ano foi essencial no surpreendente segundo lugar do Villarreal na liga espanhola, onde apontou 18 golos (mais quatro na Taça UEFA). É um avançado completo (pode também jogar nas alas), rápido e explosivo. Tuncay recuperou de uma lesão recente, joga no Middlesbrough e é muito versátil. Chamam-lhe "guerreiro", mas tem técnica. Mevlut joga em França (Sochaux) e é rápido. A alternativa principal é Arda Turan, muito móvel e um dos jovens (21 anos) da equipa.

(Fonte: Público)

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