08 fevereiro 2008

O véu islâmico foi aprovado mas o debate está longe do fim


A primeira sessão parlamentar que discutiu e aprovou a suspensão da proibição do véu nas universidades reacendeu o debate na Turquia entre apoiantes e opositores da medida. O debate parlamentar, que terminou na madrugada desta quinta-feira, 7, foi tenso e esteve cercado de manifestações do lado de fora da assembleia.
A proposta, que consiste em emendar dois artigos da Constituição e um da Lei de Educação Superior, foi aprovada por 404 votos a favor, 92 contra, dois em branco e 1 inválido, embora o resultado seja provisório até à votação definitiva em segunda instância, que ocorrerá no Sábado.
Os favoráveis à modificação constitucional, o Partido da Justiça e o Desenvolvimento (AKP, no governo) e o Partido da Acção Nacionalista (MHP), juntamente com o pró-curdo Partido da Sociedade Democrática (DTP), votaram a favor da proposta. Já os laicos Partido Republicano do Povo (CHP) e Partido da Esquerda Democrática (DSP) posicionaram-se contra a medida.
A oposição dos laicos foi tão forte que o presidente da assembleia foi obrigado a interromper a sessão num dado momento porque um deputado do DSP se negava a passar a palavra aos parlamentares rivais.
Ufuk Uras, deputado independente, votou em branco, dizendo que defende "o direito à educação das meninas com véu e dos jovens com camisas de Che Guevara ou com piercings". Advertiu relativamente aos riscos da aliança "turco-islâmica" entre islamitas moderados do AKP e ultranacionalistas do MHP.
Uma pesquisa divulgada na terça-feira por vários jornais indicou que 64,9% dos turcos aprovam a suspensão da proibição do véu e só 27,6% se opõem. A maioria (57%) acredita que se trata de uma questão de "democracia, liberdade de consciência e liberdade religiosa" e, por outro lado, 26,3% consideram a medida um "ataque contra o laicismo e o regime republicano".

(Fonte: Efe / Estadão)

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