16 maio 2013

Turquia pede aos EUA e à Europa que recebam refugiados sírios

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdoğan, admitiu pela primeira vez que não consegue suportar os gastos com os 400 mil refugiados sírios que estão no seu país. No encontro desta quarta-feira com o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai pedir ajuda económica e também que a América e a Europa recebam parte da avalanche humana que foge à guerra civil — oito mil pessoas por dia, segundo dados das Nações Unidas.
Os dois líderes reúnem-se em Washington no âmbito da ronda de encontros que estão a anteceder a conferência sobre a Síria que os EUA e a Rússia marcaram para o início de Junho em Genebra, na Suíça. A movimentação diplomática tem sido intensa — com Obama a receber o primeiro-ministro britânico, David Cameron, na terça-feira, dia em que o chefe do Governo israelita esteve em Moscovo — e tem como objectivo chegar a Genebra com a posição concertada de que só as negociações porão fim à guerra síria, que entra no seu terceiro ano, e levar as duas partes em conflito a declararem o cessar-fogo e a aceitarem o diálogo.
A guerra civil síria eclodiu pouco depois das manifestações pró-democracia de Março de 2011. O regime do Presidente Bashar al-Assad reprimiu os protestos e a violência instalou-se, travando-se uma guerra civil que já matou pelo menos 80 mil pessoas. O número foi actualizado na terça-feira pela ONU. Em Janeiro o número estava em 60 mil. Os combates e a escalada da ferocidade desta guerra provocaram o êxodo de 1,3 milhão de pessoas, e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, dirigido por António Guterres, estima que a meio do ano se chegue ao 1,5 milhões de refugiados. Alguns, poucos, optaram por abandonar o Médio Oriente — o Brasil registou a entrada de 137 sírios que fugiram à guerra. A maioria está instalada em campos de refugiados na Jordânia, no Líbano e na Turquia, estando neste país 400 mil pessoas. Prevê-se, porém, que, se a guerra prosseguir, antes do fim do ano a Turquia tenha um milhão de sírios dentro das suas fronteiras. "Temos uma tarefa maior do que imaginávamos. Infelizmente, os nossos programas ainda estão subfinanciados", disse Guterres em Abril numa cerimónia em que recebeu uma inédita contribuição de 110 milhões de dólares do Kuwait para os refugiados sírios. "Com esta contribuição podemos respirar e mudar substancialmente a situação", disse Guterres. "A comunidade internacional não deve apenas ajudar a pagar a conta, os países devem abrir as portas a estes refugiados", disse Levent Gumrukcu, um dos porta-vozes do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco. "Neste sentido, falharam na resposta efectiva [a esta crise humanitária]."
Washington já entregou ajuda no valor de 44 milhões de dólares (34 milhões de euros) a organizações humanitárias que auxiliam os refugiados sírios só na Turquia. A sua contribuição total para os refugiados nos diversos países foi de 150 milhões de dólares (116 milhões de euros). Uma fonte do Departamento de Estado (equivalente a um ministério dos negócios estrangeiros) disse ao jornal The Washington Post que não houve, até agora, um pedido formal da Turquia ou das Nações Unidas para os EUA receberem refugiados sírios. Se esse pedido surgir, disse a mesma fonte, o país estará "pronto para o ter em conta", mas a posição de momento é a de que a maior parte dos refugiados esperam a possibilidade de regressar a casa, preferindo essa opção a viajar para um país distante.
 
(Fonte: Público)

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