05 maio 2013

Presidente da Turquia visita Portugal para reforçar relações económicas

O reforço dos laços económicos bilaterais vai dominar a visita oficial de três dias a Portugal do Presidente da Turquia, Abdullah Gül, que se inicia na segunda-feira a convite do seu homólogo Aníbal Cavaco Silva. "Devido às boas relações entre os dois países, esta visita tem por objectivo reforçá-las. O Presidente Cavaco Silva foi meu convidado numa visita oficial [Maio de 2009] e na ocasião também me convidou. Estou a retribuir, e ao mesmo tempo esperamos melhorar as relações económicas entre os dois países", referiu o chefe de Estado turco em entrevista à Lusa, em Ancara. Abdullah Gül, que recordou "as similitudes entre Lisboa e Istambul" e as "relações históricas desde 1843", quando um embaixador português foi enviado à então capital otomana, é acompanhado na deslocação a Lisboa por dezenas de empresários, representantes dos partidos com assento parlamentar e pelos ministros da Economia, Cultura e Negócios Estrangeiros. "As nossas relações políticas já estão num excelente nível em todos os aspectos, mas no campo da economia julgo que esta visita nos vai ajudar a reforçar os laços económicos. Os dois países possuem muito potencial para concretizar em termos económicos", sugeriu Abdullah Gül durante a entrevista que decorreu no Çankaya Köskü, a residência oficial em Ancara fundada por Mustafa Kemal Ataturk em 1923. "Na minha opinião será a principal prioridade desta visita", reafirmou. A deslocação de Gül a Portugal, a primeira na qualidade de chefe de Estado, tem como pano de fundo a persistente crise económica e financeira que atinge os países do flanco sul da zona euro, situação que tem merecido a atenção de Ancara. "Seguimos a crise económica que a Europa atravessa e avaliamos a situação numa perspectiva realista. De facto, não foi uma surpresa a forma como se iniciou esta crise, porque os critérios de Maastricht incluem uma série de indicadores em termos do peso da dívida e do défice orçamental de cada Estado membro", referiu. Após insistir na existência de "critérios que estão em vigor", o dirigente turco sustentou que diversos Estados membros não cumpriram essas normas, com "países com um peso da dívida que excede em 100% o seu respectivo PIB" ou com défices orçamentais "três vezes superiores" ao limite exigido. "Assim, era inevitável. Sim, existe na Europa uma união monetária, mas apesar da união monetária as políticas financeiras são diferentes. E agora existe este problema", adiantou o chefe de Estado turco, doutorado em Economia pela Universidade de Istambul. O insuficiente reforço das regras em vigor nas instituições e no sistema financeiro e que "não são respeitadas pelos países quando se trata do sistema financeiro" foram ainda considerados factores decisivos para a actual crise europeia. No entanto, Abdullah Gül acredita ser "possível ultrapassar esta crise", que também foi provocada, como sugeriu, por alguma incúria. "De repente, sem se esperar, irrompe a crise. Mesmo que os indicadores estivessem lá, incluindo nos chamados bons velhos tempos, não foram analisados com cuidado, para que fossem tomadas as medidas e as práticas necessárias", afirmou. Apesar de admitir a necessidade de "medidas rígidas" para assegurar "o sucesso a longo prazo", o Presidente turco salienta que muitos países já optaram por "medidas de austeridade, de rigor", e que no futuro poderão reforçar "cada Estado-membro da UE". Nesta perspectiva, não deixa de demonstrar confiança. "Tenho esperança no futuro. Nenhum país será confrontado para sempre com esta crise e após a aplicação das medidas, mesmo que sejam duras, mesmo que sejam medidas de austeridade, surgirá um melhor período logo após a sua aplicação total, e na minha perspectiva é isso que vai acontecer na Europa".
 
(Fonte: Notícias ao Minuto)

Sem comentários: