03 dezembro 2010

Arcus contra investimentos da Brisa na Turquia

A Arcus Infrastruture Partners, que detém 19,87% do capital da Brisa, "não considera ser prioritário" o investimento da Brisa em mercados como a Índia e a Turquia e defende que a concessionária deve aplicar parte do encaixe de cerca de 1,2 mil milhões de euros proveniente da venda da Brasileira CCR na redução da dívida.
Em comunicado, o segundo maior accionista da Brisa congratulou-se com a suspensão dos trabalhos da assembleia geral de hoje, destinada a aprovar o processo de reorganização societária da Brisa, “registando com particular satisfação a sensibilidade demonstrada pelo accionista Grupo José de Mello para com as preocupações dos restantes accionistas”, afirma.
A Arcus sublinha ainda que “desde que há três anos adquiriu a posição inicial na Brisa, tem sempre apoiado o Grupo José de Mello e estado em sintonia com a administração da Brisa no que respeita à gestão da empresa”, mas sustenta que isso “não significa que não tenha ideias próprias quanto à estratégia a seguir pela empresa, numa perspectiva de longo prazo, a única que lhe interessa”.
Por essa razão, acrescenta ainda no comunicado, que “tendo em conta a volatilidade dos mercados em geral e a especial sensibilidade dos mercados emergentes em particular (...) não considera ser prioritário o investimento, em posições minoritárias, em mercados como a Índia e a Turquia, nos quais a Brisa não detém experiência de gestão e onde a exposição a riscos cambiais e outros é particularmente significativa”.
Em sua opinião, a Brisa deve “focar a sua política de investimentos em activos de infra-estruturas portuguesas, por forma a potenciar a economia nacional”, considerando que “os dividendos da concessão, como bem público, devem ser usados para reinvestir preferencialmente no crescimento e benefício locais”.
Por outro lado, a Arcus defende que parte do encaixe dos cerca de 1,2 mil milhões de euros proveniente da alienação da posição na Brasileira CCR, seja aplicado na redução da dívida da empresa, estabilizando dessa forma o seu balanço. “O pagamento de uma parte da dívida da Brisa detida pelos bancos portugueses, poderia, além de estabilizar a estrutura de capital da empresa, ajudar o sector bancário nacional, o que, por sua vez, iria melhorar o ambiente económico português, o que, além de outras vantagens, traria um feedback positivo ao património da Brisa”, afirma.
O segundo maior accionista da Brisa manifesta ainda “a sua convicção de que o conselho de administração da Brisa não deixará de ter em conta, nas suas decisões futuras, a opinião expressa pela maioria dos accionistas da empresa, garantindo que tudo continuará a fazer para proporcionar ao CA todas as condições e sustentáculo para a tomada de decisões que defendam os interesses estratégicos da empresa e dos seus accionistas, bem como o interesse nacional”.

(Fonte: Jornal de Negócios)

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