08 outubro 2009

Thilo Sarrazin: "Árabes e Turcos só servem para vender frutas e legumes"

O Banco Central Alemão, uma das instituições mais conceituadas e respeitadas em toda a Alemanha, viu-se subitamente envolvido numa polémica sobre xenofobia, depois de um dos seus conselheiros, Thilo Sarrazin, de 64 anos, dizer "que os imigrantes árabes e turcos não têm qualquer actividade produtiva que não seja a de vender frutas e legumes".
Num comunicado pouco usual à imprensa, o governador do banco, Axel Weber, admitiu que as afirmações do conselheiro causaram "dano à reputação da instituição" e pediu, indirectamente, que Sarrazin solicitasse a demissão. Weber não pode demiti-lo do cargo. Apenas o Presidente, Horst Köhler, que foi quem o nomeou, tem plenos poderes para o fazer. Até agora, o chefe do Estado alemão não quebrou o silêncio para fazer qualquer comentário sobre o caso.
Numa entrevista publicada pela Lettre International, revista cultural da cidade de Berlim, o controverso antigo ministro das Finanças da cidade e do estado-federado de Berlim declarou que "70% dos turcos e 90% dos árabes de Berlim não querem saber de educar os seus filhos e a única coisa que sabem produzir são meninas de véu".
Sarrazin sublinha que "40% dos nascimentos em Berlim acontecem na classe baixa". O que, segundo ele, mostra como "os Turcos estão a conquistar a Alemanha com a sua taxa de natalidade". O conselheiro do Bundesbank, nomeado este ano para o cargo, justifica com esta teoria "o facto de a população alemã ser cada vez mais e mais estúpida".
O responsável alemão vai mesmo ao ponto de afirmar que prefere imigrantes judeus. "Seria mais feliz se fossem os judeus da Europa de Leste a virem para cá, pois eles têm uma inteligência que é 15% superior à dos Alemães".
A reacção da comunidade turca na Alemanha não se fez esperar. "Estas afirmações são próprias de membros da extrema-direita. O senhor Sarrazin não pensa no impacto das suas palavras", declarou o presidente da comunidade turca na Alemanha, Kenan Kolat, citado pela agência DPA.
Também o Partido Social-Democrata, a que pertence Sarrazin, condenou as suas declarações e indicou que está a ponderar expulsá-lo da formação. A procuradoria-geral indicou, por sua vez, que ia estudar se foi ou não cometido crime de incitação ao ódio racial.
A Alemanha é um país com quatro milhões de muçulmanos, muitos deles descendentes dos Turcos que ajudaram a reconstruir o país após a Segunda Guerra Mundial. Chamavam-lhes os "trabalhadores convidados".
A chanceler alemã, Angela Merkel, é abertamente contra a entrada da Turquia na União Europeia.

(Fonte: Diário de Notícias)

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