O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, teve hoje de madrugada uma recepção apoteótica no aeroporto Atatürk, na cidade de Istambul, ao regressar antecipadamente ao país depois de se haver incompatibilizado no Fórum Económico de Davos, na Suíça, com o Presidente israelita, Shimon Peres.
Mesmo apesar de ser a meio da noite, cerca de 3.000 cidadãos afluíram à aerogare, num mar de bandeiras vermelhas turcas, para aclamar a atitude de Erdoğan, ao condenar de forma inequívoca a operação militar israelita na Faixa de Gaza. Havia cartazes a denunciar o Estado de Israel, mesmo apesar de a Turquia ser tradicionalmente o país mais próximo dos Iraelitas de entre todos os muçulmanos. E Erdoğan explicou-se perante os seus compatriotas: “Fiz o que tinha de ser feito”. Numa das sessões mais emotivas da normalmente circunspecta conferência de Davos, que congrega grandes sumidades da política internacional, o primeiro-ministro turco passara ontem em frente do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e de outras entidades para sair ostensivamente da sala, queixando-se de que os seus comentários sobre a operação em que morreram mais de 1.300 palestinianos tinham sido interrompidos. Sentiu-se perante um verdadeiro atentado à liberdade de expressão e preferiu deixar a Suíça mais cedo do que o previsto, jurando nunca mais voltar a Davos, enquanto não lhe fosse possível dizer tudo o que pensa quanto a determinadas situações.Tendo surgido na altura como um autêntico porta-voz dos sentimentos islâmicos, o chefe do Governo de Ancara, que tem vindo a procurar ser mediador no conflito do Médio Oriente, designadamente entre Israel e a Síria, lamentou que grande parte da audiência tivesse aplaudido a forma como o velho Peres defendeu a luta de Israel contra o Hamas. Entretanto, Shimon Peres, que em 1994 foi um dos galardoados com o Prémio Nobel da Paz, já lhe telefonou para lhe apresentar desculpas pela forma como tudo decorrera, noticiou a agência turca Anatólia.
(Fonte: Público)
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