Condoleezza Rice admitiu que as relações entre os Estados Unidos e a Turquia atravessam um “momento difícil”, mas pediu contenção a Ancara quanto aos curdos do Iraque e à resolução do Senado norte-americano sobre o genocídio arménio. “É um momento difícil da relação”, disse a secretária de Estado norte-americana aos jornalistas que a acompanham na visita oficial que está a fazer à Rússia. Por instruções de Rice, a administração Bush enviou dois responsáveis à Turquia, na sequência da aprovação pelo Senado dos Estados Unidos de uma resolução reconhecendo o genocídio arménio Ancara. A Casa Branca opôs-se a uma tal resolução nomeadamente por recear que a Turquia deixe de facilitar o trânsito pelo seu território do reabastecimento das missões no Iraque e no Afeganistão. Por outro lado, Washington opõe-se a uma incursão turca no norte do Iraque, ameaçada pelo governo de Recep Tayyip Erdoğan para neutralizar os rebeldes curdos do sudeste turco que se escondem no Curdistão iraquiano. “Pensámos que era uma boa ideia enviar dois responsáveis da administração para falarem com as autoridades turcas e assegurarem-lhes que damos valor a esta relação”, disse a secretária de Estado. Rice acrescentou ter falado sexta-feira telefonicamente com o presidente (Abdullah Gül), o primeiro-ministro (Erdoğan) e o ministro dos Negócios Estrangeiros turco (Ali Babacan), que se disseram muito insatisfeitos com a resolução adoptada pelo Senado.
Por outro lado, o ministro de Estado da Turquia cancelou a visita que deveria iniciar hoje aos Estados Unidos, depois do Congresso ter reconhecido o genocídio praticado por Turcos sobre Arménios durante o Império Otomano. O ministro Kürsad Tüzmen, um influente membro do governo turco, com a pasta do Comércio Externo, deveria assistir, em Nova Iorque, a uma reunião organizada pelo conselho turco-americano. Os massacres e deportações de Arménios entre 1915 e 1917 fizeram mais de 1,5 milhões de mortos, segundo as autoridades arménias. Mas as contas da Turquia, que recusa a noção de genocídio e prefere falar em repressão contra uma comunidade que se revoltou e aliou ao inimigo russo, apontam para 250 a 500 mil mortos.
(Fonte: O Primeiro de Janeiro)
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