As eleições gerais que hoje decorrem na Turquia são vistas como um teste vital à secularidade do país. O sufrágio foi antecipado pelo primeiro-ministro, Recep Erdoğan, que tenta assim pôr fim à crise política iniciada em Maio passado quando o Parlamento falhou sucessivamente a nomeação de um candidato presidencial.
Na altura o Partido da Justiça e do Desenvolvimento, AKP, de raiz muçulmana moderada, visto pela oposição como um bastião do radicalismo islâmico num país secularista – acusações sempre negadas por Erdoğan –, tentou que o escolhido fosse Abdullah Gül, que tem a pasta dos Negócios Estrangeiros. A tentativa falhou e atirou o país laico para uma crise política, onde até as altas chefias do exército ameaçaram pegar em armas caso Gül fosse o eleito.
Agora a Turquia encontra-se novamente numa encruzilhada, com os especialistas a vaticinarem, que estas são as eleições mais importantes dos últimos 25 anos.
Uma vez que a Turquia é um eterno candidato a fazer parte da UE, Bruxelas que acompanha toda esta movimentação já disse que não vai tolerar a asfixia dos valores democráticos, nem tão pouco dar qualquer tipo de encobrimento às ameaças dos militares, que se encaram como a guarda pretoriana do laicismo turco.
Os 42 milhões de eleitores também sabem que há muito em jogo, alguns deles interromperam as férias para dar o seu contributo no que defendem ser “a protecção dos valores seculares”, segundo afirmou um repórter da BBC.
São 14 os partidos que lutam pelos 550 lugares no parlamento de Ancara, mas unicamente os laicos do Partido Republicano do Povo, CHP, e os extremistas de direita do Partido do Movimento Nacional, MHP, devem ultrapassar a fasquia dos 10 por cento. As previsões apontam ainda alguns lugares no parlamento que deverão ser garantidos por candidatos independentes pró-curdos. No fim deverá ganhar o AKP de Erdoğan, por quanto é que ainda não se sabe.
O partido, acusado de querer paulatinamente transformar o estado laico turco numa teocracia ao estilo iraniano, continua a gozar de um grande apoio popular. Foi debaixo do seu governo que a economia do país mais floresceu e que finalmente se iniciaram conversações para a entrada da Turquia na UE, algo que o país tentava há décadas sem grande sucesso.
Os partidos, especialmente os mais extremistas, valem-se do sentimento crescente de descontentamento em relação à UE, bem como dos enraizados valores nacionalistas contra os separatistas curdos e de uma cada vez mais eminente invasão do norte do Iraque.
(Fonte: Expresso)
22 julho 2007
Turquia vai a votos
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