Discutir a possibilidade e as consequências da entrada da Turquia na União Europeia foi um tópico extremamente importante nos últimos seis anos. O 11 de Setembro foi uma grande prancha política para Ancara e para os partidários da sua entrada na União Europeia. As dúvidas e as hesitações vieram a seguir. As eleições de Angela Merkel e Nicolas Sarkozy parecem ter assinalado o fim da ideia. E com 2007 veio a ideia de que, sem a União Europeia, a Turquia está destinada a ter um papel menor na política internacional. Afinal de contas ouvimos falar da Turquia apenas por causa dos seus problemas internos ou então por causa das ansiedades dos militares de Ancara em relação às actividades do PKK no Curdistão iraquiano.
Os europeus que ignoram ou desvalorizam a importância política da Turquia cometem um grave erro. Primeiro, por uma razão que é normalmente ignorada sempre que se fala do país na maior parte das capitais europeias. Longe dos nossos olhares, a economia turca tem vido a crescer consistentemente acima dos cinco por cento durante os últimos anos. Este crescimento transformou a Turquia na maior e mais dinâmica economia muçulmana e garantiu a entrada do país no grupo das vinte maiores economias mundiais. Este crescimento não está assegurado, é certo, mas a Turquia já é hoje a maior economia no Mediterrâneo oriental, Médio-Oriente e Cáucaso. A ascensão da economia turca tem sido silenciosa mas não pode continuar a ser ignorada.
Acima de tudo, e este é o segundo ponto que é crucial reter, porque um crescimento económico deste tipo não deixará de ter importantes consequências políticas no relacionamento da Turquia com os seus vizinhos. Aqui, as últimas décadas não são um bom guia para o que aí vem. O colapso do império otomano, a fundação da Turquia, a influência de ingleses e franceses no Médio-Oriente, a Guerra Fria e a ascensão regional dos EUA contribuíram para diminuir drasticamente o papel político internacional de Ancara. As importantes mudanças que estão a actualmente a decorrer no xadrez político regional são uma enorme oportunidade para a Turquia voltar a desempenhar o seu papel histórico.
Por Miguel Monjardino in Expresso
Os europeus que ignoram ou desvalorizam a importância política da Turquia cometem um grave erro. Primeiro, por uma razão que é normalmente ignorada sempre que se fala do país na maior parte das capitais europeias. Longe dos nossos olhares, a economia turca tem vido a crescer consistentemente acima dos cinco por cento durante os últimos anos. Este crescimento transformou a Turquia na maior e mais dinâmica economia muçulmana e garantiu a entrada do país no grupo das vinte maiores economias mundiais. Este crescimento não está assegurado, é certo, mas a Turquia já é hoje a maior economia no Mediterrâneo oriental, Médio-Oriente e Cáucaso. A ascensão da economia turca tem sido silenciosa mas não pode continuar a ser ignorada.
Acima de tudo, e este é o segundo ponto que é crucial reter, porque um crescimento económico deste tipo não deixará de ter importantes consequências políticas no relacionamento da Turquia com os seus vizinhos. Aqui, as últimas décadas não são um bom guia para o que aí vem. O colapso do império otomano, a fundação da Turquia, a influência de ingleses e franceses no Médio-Oriente, a Guerra Fria e a ascensão regional dos EUA contribuíram para diminuir drasticamente o papel político internacional de Ancara. As importantes mudanças que estão a actualmente a decorrer no xadrez político regional são uma enorme oportunidade para a Turquia voltar a desempenhar o seu papel histórico.
Por Miguel Monjardino in Expresso
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