12 junho 2007

Protestos contra o governo durante os funerais de três militares mortos em confrontos com o PKK


Foram realizados ontem os funerais de dois oficiais e de um soldado, mortos no passado Sábado em virtude dos confrontos com o ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
As cerimónias fúnebres realizaram-se em simultâneo em diferentes cidades do país: Ancara, Istambul e Manisa, e foram transmitidas em directo pela televisão.
No mesmo dia, outro soldado perdeu a vida perto da cidade de Erzincan.
Em Ancara realizou-se o funeral do major Ramazan Armutçuoğlu, ao qual compareceram os líderes do governo e do exército, nomeadamente o presidente Ahmet Necdet Sezer, o ministro dos Negócios Estrangeiros Abdullah Gül, o líder da oposição Deniz Baykal e o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Yaşar Büyükanıt.
Em Manisa realizou-se o funeral do coronel Melih Gülova, e em Istambul o funeral do soldado Hasan Güreşen. O presidente do Parlamento Bülent Arınç e o anterior General das Forças Armadas, Hilmi Özkök, compareceram ao funeral do coronel Gülova.
Os três militares morreram no Sábado quando o veículo em que seguiam pisou uma mina perto da cidade de Şırnak.
Ontem morreu outro soldado, Ahmet Bilgiç, elevando para 15 o número de mortos durante uma semana.
Protestos anti-violência marcaram os três funerais. Os presentes gritaram “fora os traidores”, referindo-se ao ilegalizado PKK, considerado organização terrorista pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia.
Em Ancara, os protestantes aplaudiram Büyükanıt e Sezer e vaiaram Gül e outros membros do partido do governo (AKP). Reacções similares afectaram Arinç em Manisa, como sinal de que grande parte da opinião pública culpa o governo pela crescente violência e insegurança que tem vindo a crescer no país.
Em Istambul, as autoridades locais e um grande número de pessoas compareceram ao funeral do soldado Güreşen. O pai de Güreşen, Nuri Güreşen, dirigiu-se à multidão: “Eu tinha um filho. Perdi-o agora. Deixem o nosso país sobreviver”, disse.
Ancara enviou dezenas de milhar de soldados para combaterem os terroristas curdos no Leste e Sudeste do país, enquanto que o chefe das Forças Armadas pediu uma operação no norte do Iraque para combater os terroristas aí baseados.
O governo disse concordar com o exército mas ainda não adoptou nenhuma medida para que o Parlamento aprove tal acção no Iraque. O ministro dos Negócios Estrangeiros Abdullah Gül disse na segunda-feira que todas as opções estavam a ser tidas em conta. "Tudo aquilo que pode dar resultado está entre as opções", disse Gül a um jornal diário turco.
Gül, cujo governo enfrenta eleições no próximo mês, reiterou não haver desacordo com o exército relativamente a assuntos de segurança e sobre o Iraque.
Os Estados Unidos opõem-se a qualquer grande operação no norte do Iraque. No entanto, na sexta-feira as Forças Armadas turcas disseram que irão responder aos ataques do PKK, culpado pela morte de mais de 30,000 pessoas desde o início da sua campanha em 1984.
Gülova e Armutçuoğlu foram os oficiais de mais alta patente a serem mortos nos últimos tempos em confrontos com o PKK.

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