O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, e o seu homólogo espanhol, Jose Luis Rodríguez Zapatero, impulsionadores da iniciativa Aliança das Civilizações conduzida pelas Nações Unidas, participaram na segunda-feira, em Istambul, no 4.º encontro do Grupo Internacional de Alto Nível, que lidera a iniciativa, para apresentarem o plano de acção que visa aproximar o mundo islâmico e o ocidente.
Durante uma cerimónia, Erdoğan e Zapatero apresentaram o plano de acção ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, também presente no encontro.
Erdoğan e Zapatero irão encontrar-se com Annan uma vez mais em Nova Iorque no final deste ano. O plano de acção contém recomendações e esquemas para aumentar e desenvolver a aliança entre o mundo árabe e o mundo ocidental.
O Grupo Internacional de Alto Nível, responsável pela iniciativa conduzida pelas Nações Unidas, finalizou o plano de acção numa reunião em Istambul durante o passado fim-de-semana.
A iniciativa, proposta por Zapatero na 59.ª Assembleia Geral das Nações Unidas em 2004, e co-patrocionada por Erdoğan, tem como objectivo produzir, no final de 2006, recomendações para serem adoptadas pelos Estados-membros das Nações Unidas.
Annan disse que a iniciativa pretende responder à necessidade de um esforço e compromisso da comunidade internacional no plano institucional e civil, para anular divisões e superar preconceitos, assim como conceitos e percepções erróneos e polarizações, que ameaçam potencialmente a paz mundial. A Aliança das Civilizações terá como objectivo fomentar tratados resultantes da percepção da hostilidade que fomenta a violência, e incrementar a cooperação através da congregação de esforços no sentido de ultrapassar essas divisões.
A iniciativa resultou de um consenso entre nações, culturas e religiões, de que todas as sociedades são independentes, embora interligadas no seu desenvolvimento e segurança e no seu bem estar ambiental, económico e financeiro.
Para conduzir esta iniciativa, o secretário-geral das Nações Unidas, reuniu-se em Setembro de 2005 com os co-patrocinadores da iniciativa e com vários especialistas em relações inter-civilizacionais e inter-culturais que integram um Grupo Internacional de Alto Nível composto por 20 figuras eminentes da vida política, académicos, sociedade civil e líderes religiosos, originários de várias regiões e civilizações.
O Grupo de Alto Nível é co-presidido por Federico Mayor, antigo director geral da UNESCO e presidente da Fundação Cultura da Paz sediada em Madrid, e Mehmet Aydın, ministro turco do Estado. O grupo inclui ainda Sheikha Mozah, consorte do Emir do Estado do Qatar e presidente da Fundação do Qatar para o Desenvolvimento da Educação, Ciências e Comunidade; Mohammad Khatami, antigo presidente do Irão; Moustapha Niasse, antigo primeiro-ministro do Senegal; Andre Azoulay, vencedor do Prémio Nobel da Paz; Desmond Tutu, Nobel da Paz, arcebispo da África do Sul e conselheiro especial do rei de Marrocos; Sarajaldeen Ismael, director da Biblioteca de Alexandria no Egipto, e Hubert Vedrine, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros francês.
Annan pediu ao Grupo de Alto Nível para fortalecer a compreensão mútua, o respeito e a partilha de valores entre pessoas, culturas e civilizações diferentes; para combater a influência de grupos fomentadores de extremismo e para lutar contra o extremismo e a sua ameaça à paz e estabilidade mundial. Também pediu propostas de medidas direccionadas para a juventude do mundo, de forma a serem incutidos valores de moderação e cooperação e promoção da valorização da diversidade.
A Aliança das Civilizações foi recebida pelos líderes europeus e pelo mundo islâmico como uma alternativa construtiva e positiva à hipótese de Huntington do choque de civilizações.
Em Fevereiro de 2005, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, disse numa carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Miguel Angel Moratinos, que os Estados Unidos pretendem colaborar com a proposta da Aliança das Civilizações, na esperança de que a iniciativa ajude a promover “reformas democráticas, paz, e estabilidade no Próximo Oriente”.
O Secretário Geral da Liga Árabe, Amr Moussa, também elogiou a iniciativa dizendo tratar-se de “um passo muito importante. É mais positivo discutir sobre uma aliança de civilizações do que sobre choque de civilizações.”
Na véspera da Cimeira Euro-Mediterrânea de Barcelona, em Novembro de 2005, o presidente francês, Jacques Chirac, referindo-se à Aliança das Civilizações, disse: “Trata-se de uma prioridade urgente na conjuntura em que vivemos.”
O presidente russo, Vladimir Putin, tem encorajado encontros de líderes religiosos em Moscovo, para combater aquilo a que ele chamou de “esforços para colocar cristãos e muçulmanos uns contra os outros”, e avisou que um potencial choque de civilizações pode ser desastroso.
Erdoğan também disse: “Juntos estamos a plantar a semente para que uma aliança de civilizações cresça no nosso mundo, e isso será uma ajuda para que sementes de centenas de milhar de alianças de civilizações floresçam.”
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