Milhares de turcos protestaram quarta-feira nas ruas exigindo a demissão do primeiro-ministro, na sequência da explosão da mina de carvão em Soma, que vitimou pelo menos 282 mineiros, segundo o último balanço oficial. Cerca de 150 trabalhadores continuam soterrados no interior da mina, afirmou o ministro da Energia Taner Yıldız.
O Governo de Recep Tayyip Erdoğan é acusado de negligência por não salvaguardar a segurança dos trabalhadores do sector mineiro, que são alvo de frequentes acidentes no país.
"Infelizmente estes acidentes são normais", declarou o primeiro-ministro turco, numa conferência de imprensa em Soma, citado pela BBC, enumerando várias tragédias que ocorreram no passado a nível mundial, incluindo acidentes mineiros na Grã-Bretanha durante o século XIX. E garantiu "todos os esforços" na operação de resgate e na investigação das causas do acidente.
Chefe do Governo travado por manifestantes
A saída do local, o carro oficial de Recep Tayyip Erdoğan foi travado por manifestantes, obrigando o chefe do Governo turco a refugiar-se num supermercado até à chegada de reforço policial, refere o jornal turco "Today's Zaman". Oito pessoas foram detidas.
Também em Ancara cerca de 800 manifestantes tentaram marchar da zona universitária até ao Ministério da Indústria, em jeito de protesto, mas foram depois impedidos pela polícia, que usou gás lacrimogéneo e canhões de água.
Em Istambul, as autoridades recorreram também a canhões de água para dispersarem os manifestantes na Avenida de Istiklal, principal zona de comércio. O lema era comum: "Não foi um acidente, foi um assassinato", gritavam os manifestantes.
Falta de segurança na mina
Entretanto, um grupo de engenheiros, que está a investigar o caso, garante que a explosão não foi causada por uma falha elétrica, como foi inicialmente avançado. "A primeira inspecção revela que os sistemas de ar e de expulsão de gases na mina eram velhos e insuficientes", acusam os especialistas.
Também a Confederação de Sindicatos Operários Revolucionários (DISK) denuncia a falta de segurança nas minas que são privatizadas, apelando para que a população saia para as ruas em protesto.
O deputado do Partido Popular Republicano (CHP), Özgür Özel, revelou também que 20 dias antes da tragédia o Parlamento tinha chumbado uma moção apresentada por todos os grupos parlamentares da oposição para se inspecionar a mina de Soma, o que aumenta as suspeitas sobre a falta de segurança no local.
A Turquia é o terceiro país da Europa no ranking da sinistralidade laboral. A tragédia na mina de Soma transformou-se na mais mortífera da história do país, depois da explosão da mina de Zonguldak, em 1992, que causou a morte a 263 mineiros
(Fonte: Expresso)
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