02 junho 2007

Cresce a tensão na fronteira entre a Turquia e o Iraque

Cresce a tensão na fronteira entre a Turquia e o Iraque, com o governo da Turquia a considerar um ataque contra uma base de rebeldes curdos no norte do país vizinho.
Hoje, durante uma visita à região autónoma curda, o primeiro-ministro iraquiano Nouri Al-Maliki exortou a Turquia a não realizar uma incursão militar, e disse que o seu governo não permitirá que uma área relativamente pacífica se torne um campo de batalha. Ao mesmo tempo, o comandante líder do grupo rebelde do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Murat Karayilan, disse que as suas forças vão resistir a qualquer ataque militar turco.
Nas últimas semanas, a Turquia tem reunido as suas forças militares na fronteira com o Iraque, ao mesmo tempo que líderes políticos e militares debatem no país a possibilidade de um ataque contra os rebeldes curdos do PKK, que se escondem no Iraque e realizam incursões no sudeste da Turquia.
Especialistas militares disseram que é improvável que um ataque das forças turcas conduza a uma vitória decisiva contra os rebeldes curdos."Ninguém deve esperar que estiquemos os nossos pescoços como ovelhas para serem abatidas diante de um ataque com o objetivo de nos destruir", disse o líder rebelde curdo Karayilan. Apesar do discurso agressivo, a experiente guerrilha curda provavelmente não vai ficar e combater, de acordo com analistas. Pelo contrário, deverá procurar abrigo no complexo de cavernas e penetrar no interior do norte do Iraque, de volta para a sua principal base na montanha Qandil, dificultando a tarefa da Turquia.
Os comandos turcos realizam ocasionalmente incursões através da fronteira com o Iraque em busca de rebeldes curdos, que operam em pequenos grupos, carregam poucos alimentos e conhecem as fontes de água na região. Essas incursões normalmente possuem alcance e tempo limitados.
O primeiro-ministro iraquiano, Al-Maliki, prometeu que a liderança nacional iraquiana e curda estão unidas em não permitir que o Iraque seja usado como base para atingir países vizinhos, e exortou os lados a resolverem os seus problemas pacificamente. "Se há algum problema, não devemos contar com armas e ameaças, ou usar violência ou poder porque isso vai aumentar a tensão e agravar os problemas", disse Al-Maliki durante uma entrevista conjunta com o líder da região autónoma curda, Massoud Barzani, na capital regional Irbil.
Se a Turquia invadir o norte do Iraque, as forças turcas deverão estabelecer uma zona tampão de até 20 km para tentar conter a infiltração de rebeldes curdos, segundo uma fonte do governo turco.
A Turquia tem mais de 1000 tropas no Iraque a monitorizar as actividades dos rebeldes curdos desde a última grande incursão na região há uma década.

Sem comentários: