23 fevereiro 2010

Crise político-militar na Turquia

O exército turco é o segundo maior na NATO, a seguir ao americano, e é o garante da república laica fundada por Atatürk há 86 anos.
Três golpes de Estado depois de 1960 cimentaram este poder. No mais recente, em 1980, redigiram a actual constituição. O motivo oficial do golpe foi instaurar a democracia, como justificou o general Kenan Evren: “Estamos aqui para reconstruir e melhorar a democracia, que não está a funcionar.”
Quando os islamitas moderados do AKP chegaram ao poder, depois de décadas de governo laico, começou o braço de ferro com os militares. A “gota de água” foi o uso do véu islâmico pelas mulheres do presidente e do primeiro-ministro, proibido nas istituições do Estado. Foi uma das razões que impulsionaram os militares a tentar impedir a eleição de Abdullah Gül como presidente da Turquia. O general Yaşar Buyukanıt, então chefe do Estado-Maior, faltou à tomada de posse de Abdullah Gül como presidente da República. Este é um exemplo da opinião crítica do exército em relação à política.
Em 2008, os militares apoiaram tacitamente a tentativa do procurador-geral de banir o AKP. Mas o Tribunal Constitucional decidiu noutro sentido, com um voto de diferença: seis em 11 juízes votaram a interdição.
Mas o governo do AKP respondeu aos ataques. Em 2004 reformou o Conselho de Segurança Nacional, um orgão misto, onde os militares tinham o habito de impôr a opinião aos civis, tornando-o simplesmente consultivo. Mas o que mais afectou o prestígio do exército turco, foi o caso Ergenekon, uma alegada tentativa de golpe de Estado. Foram interpelados 200 estudantes universitários, jornalistas e militares, no âmbito de um processo judicial muito controverso. Nenhuma condenação foi pronunciada.
Em Janeiro passado, o chefe de Estado Maior, Ilker Başbuğ, denunciou uma campanha de desacreditação contra o exército e afirmou que o tempo dos golpes de Estado passou.
O general, que tem sido o fiel da balança em todas as contendas, mostrou-se muito impaciente: “Pergunto-vos como é que um exército que vai para a guerra a gritar por Alá pode colocar bombas nas mesquitas. É mesmo injusto. Amaldiçoo-vos.

(Fonte: Notícias da Turquia com Euronews)

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