Cavaco Silva terminou esta sexta-feira visita à Turquia. Último dia foi dedicado à ímpar paisagem da Capadócia
A primeira-dama ficava angustiada de cada vez que, nas várias conversas em família sobre a Turquia, alguém mencionava a palavra Capadócia. Sempre teve o desejo de conhecer aquele templo de uma civilização milenar, onde abundam vales pontuados por torres de pedras.
O marido e Presidente da República, Cavaco Silva, fez-lhe a vontade e, seis anos volvidos da primeira visita do casal àquele país, levou Maria a conhecer as ímpares formações rochosas da antiga província romana, em Nevşehir.
O sol não deu tréguas. Antes de entrar numa das centenas de "cavernas" formadas no séc. IV por um povo que se protegia assim dos ataques do inimigo, o chefe de Estado luso tirou a gravata vermelha, que fazia "pendant" com o casaco da mulher. Acto contínuo: os engravatados da comitiva sentiram-se autorizados a imitá-lo. Do outro lado da rua, Peter, louro polaco de visita à Turquia com os pais, perguntava: "Quem é que está aí?". Informámo-lo. Não conhecia. "De Portugal só conheço os clubes de futebol (pena o F.C. Porto não ter ganho aquele jogo contra o Manchester...), o vinho e o clima, ameno". A partir de ontem ficou a conhecer também o Presidente da República.
Já sem o casaco, o casal Cavaco Silva iniciou a subida até à Dark Church, trocando em Francês as dúvidas sobre aquela paisagem lunar que serviu de cenário ao filme "Guerra das Estrelas". A segurança distraiu-se e um rebanho de turistas espanhóis furou o perímetro. "Somos Espanhóis! Espanha!", atirou uma cidadã de sangue quente. "Portugal!", ripostou, pronta, a primeira-dama. Mas o grupo de turistas não ficou satisfeito com este Portugal-Espanha em vocábulos e um dos homens cometeu a ousadia de tentar beijar Maria Cavaco Silva. Que demonstrou ter grandes reflexos: ergueu o braço e afastou o "invasor". "Cuidado...", alertou, dirigindo-se ao segurança pessoal.
"Eles cozinhavam nestas casas? Havia chaminés?", pergunta depois ao guia a primeira-dama. "Não havia chaminés, uma vez que os odores eram absorvidos pela pedra". Começa, então, a procissão do "cuidado com a cabeça", a comitiva agacha-se para caber nos reentrâncias que não terão mais de um metro de altura, e desagua mesmo em frente a três simpáticos londrinos, derretidos com o calor e com o espectáculo. "Estamos com muita sorte. Há três dias, cruzámo-nos com o governador da Anatólia, hoje [ontem] com o Presidente português. Se ficarmos mais uns dias ainda cumprimentamos o Obama", gracejou Margaret, antiga jornalista na reforma.
Passo lesto até à Dark Church, o mesmo (e baixo) problema de acesso ao local-símbolo desta região formada por meia dúzia de cidadelas e vilas, que dista 700 quilómetros de Istambul. Há muitos anos, foram "erguidas" na pedra quatro igrejas, que funcionavam como "escolas da fé", explicou, depois, aos jornalistas, o Presidente da República. "Senti-me a fazer uma viagem no tempo", confessou ainda.
O mesmo não poderá dizer a esmagadora maioria dos Portugueses, sem orçamento para poder sentir o ar abafado das cavernas onde viviam os cristãos em fuga e tirar fotografias com vista para as chamadas "chaminés de fada", formações rochosas que se assemelham a cogumelos. "Não está ao alcance de todos os Portugueses, mas há muitos Portugueses que visitam a Turquia", assegurou o chefe de Estado, torneando, desta forma, uma pergunta directa sobre os mais recentes números negros do PIB e do desemprego. "Tenho-os na minha algibeira, mas na algibeira do casaco". O casaco tinha ficado na camioneta.
Tempo ainda para ficarmos a saber que a primeira-dama não conseguiu levar um "souvenir" para os dois netos e que só comprou uma lembrança para a neta de 13 anos, prestes a celebrar mais um aniversário. "Faço um balanço positivo desta visita", afirmou Maria Cavaco Silva. E o que lhe pareceu o facto de a sua congénere turca usar um véu a tapar a cabeça? "Isso é um problema da primeira-dama, não meu. Eles discutem muito isso, mas eu como visitante e mulher do Presidente não vou comentar".
Enquanto isso, Cavaco esperava, braços cruzados, que os holofotes mediáticos se virassem de novo para ele. Os jornalistas turcos já estavam com os microfones em riste.
O marido e Presidente da República, Cavaco Silva, fez-lhe a vontade e, seis anos volvidos da primeira visita do casal àquele país, levou Maria a conhecer as ímpares formações rochosas da antiga província romana, em Nevşehir.
O sol não deu tréguas. Antes de entrar numa das centenas de "cavernas" formadas no séc. IV por um povo que se protegia assim dos ataques do inimigo, o chefe de Estado luso tirou a gravata vermelha, que fazia "pendant" com o casaco da mulher. Acto contínuo: os engravatados da comitiva sentiram-se autorizados a imitá-lo. Do outro lado da rua, Peter, louro polaco de visita à Turquia com os pais, perguntava: "Quem é que está aí?". Informámo-lo. Não conhecia. "De Portugal só conheço os clubes de futebol (pena o F.C. Porto não ter ganho aquele jogo contra o Manchester...), o vinho e o clima, ameno". A partir de ontem ficou a conhecer também o Presidente da República.
Já sem o casaco, o casal Cavaco Silva iniciou a subida até à Dark Church, trocando em Francês as dúvidas sobre aquela paisagem lunar que serviu de cenário ao filme "Guerra das Estrelas". A segurança distraiu-se e um rebanho de turistas espanhóis furou o perímetro. "Somos Espanhóis! Espanha!", atirou uma cidadã de sangue quente. "Portugal!", ripostou, pronta, a primeira-dama. Mas o grupo de turistas não ficou satisfeito com este Portugal-Espanha em vocábulos e um dos homens cometeu a ousadia de tentar beijar Maria Cavaco Silva. Que demonstrou ter grandes reflexos: ergueu o braço e afastou o "invasor". "Cuidado...", alertou, dirigindo-se ao segurança pessoal.
"Eles cozinhavam nestas casas? Havia chaminés?", pergunta depois ao guia a primeira-dama. "Não havia chaminés, uma vez que os odores eram absorvidos pela pedra". Começa, então, a procissão do "cuidado com a cabeça", a comitiva agacha-se para caber nos reentrâncias que não terão mais de um metro de altura, e desagua mesmo em frente a três simpáticos londrinos, derretidos com o calor e com o espectáculo. "Estamos com muita sorte. Há três dias, cruzámo-nos com o governador da Anatólia, hoje [ontem] com o Presidente português. Se ficarmos mais uns dias ainda cumprimentamos o Obama", gracejou Margaret, antiga jornalista na reforma.
Passo lesto até à Dark Church, o mesmo (e baixo) problema de acesso ao local-símbolo desta região formada por meia dúzia de cidadelas e vilas, que dista 700 quilómetros de Istambul. Há muitos anos, foram "erguidas" na pedra quatro igrejas, que funcionavam como "escolas da fé", explicou, depois, aos jornalistas, o Presidente da República. "Senti-me a fazer uma viagem no tempo", confessou ainda.
O mesmo não poderá dizer a esmagadora maioria dos Portugueses, sem orçamento para poder sentir o ar abafado das cavernas onde viviam os cristãos em fuga e tirar fotografias com vista para as chamadas "chaminés de fada", formações rochosas que se assemelham a cogumelos. "Não está ao alcance de todos os Portugueses, mas há muitos Portugueses que visitam a Turquia", assegurou o chefe de Estado, torneando, desta forma, uma pergunta directa sobre os mais recentes números negros do PIB e do desemprego. "Tenho-os na minha algibeira, mas na algibeira do casaco". O casaco tinha ficado na camioneta.
Tempo ainda para ficarmos a saber que a primeira-dama não conseguiu levar um "souvenir" para os dois netos e que só comprou uma lembrança para a neta de 13 anos, prestes a celebrar mais um aniversário. "Faço um balanço positivo desta visita", afirmou Maria Cavaco Silva. E o que lhe pareceu o facto de a sua congénere turca usar um véu a tapar a cabeça? "Isso é um problema da primeira-dama, não meu. Eles discutem muito isso, mas eu como visitante e mulher do Presidente não vou comentar".
Enquanto isso, Cavaco esperava, braços cruzados, que os holofotes mediáticos se virassem de novo para ele. Os jornalistas turcos já estavam com os microfones em riste.
(Fonte: Jornal de Notícias)
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