O ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, que defende a independência das províncias curdas da Turquia) lançou na noite de sexta para sábado um ataque em grande escala sobre um posto fronteiriço com o Iraque, que causou 15 mortos, 20 feridos e dois desaparecidos entre os militares turcos. O alvo do PKK foi o posto fronteiriço de Aktütün, junto à cidade de Şemdinli (sudeste da Turquia), tendo a guerrilha utilizado artilharia pesada a partir do norte do Iraque e empregue cerca de 350 efectivos, segundo estimativa dos militares turcos. Segundo estes, o PKK sofreu 23 baixas naquela que é a sua quinta acção contra Aktütün desde 1992. O combate de sexta à noite prolongou-se por quase oito horas e as unidades turcas tiveram de solicitar apoio aéreo e cobertura de artilharia para forçarem os atacantes a abandonarem as suas posições. O Presidente Abdullah Gül, assim como o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan (que suspendeu uma deslocação à Ásia Central), asseguraram que Ancara não deixará de retaliar, desencadeando "uma resposta rápida e firme", e que os responsáveis do ataque "serão encontrados e responsabilizados". Os dois participaram ontem à tarde numa reunião do Conselho Superior da Luta Antiterrorista (órgão político-militar), em que foi analisada a situação. No plano diplomático, sucederam-se as condenações, com a União Europeia, os Estados Unidos e o Iraque a expressarem solidariedade ao Governo turco e a garantirem o seu apoio na luta contra o PKK. Recorde-se que este está inscrito na lista das organizações terroristas da UE e dos EUA e que este último país fornece a Ancara informação satélite real sobre os movimentos da guerrilha curda, escrevia ontem a AFP. O Governo de Bagdad classificou o ataque de Aktütün como "um acto criminoso" do PKK, admitindo que este "cria uma grave ameaça nas áreas fronteiriças e à segurança comum do Iraque e da Turquia". O porta-voz do Executivo iraquiano sublinhou a necessidade de Ancara actuar "com inteligência e contenção" na resposta àquele que é o mais grave ataque da guerrilha curda contra alvos militares turcos desde Outubro de 2007, quando foram mortos 13 soldados na província de Dağlica (sudeste da Turquia). O ataque de sexta à noite pode abrir um novo período de tensão entre a Turquia e o Iraque, país onde as forças armadas de Ancara desencadeiam desde há um ano operações contra os refúgios do PKK. Este já reivindicou a acção de Aktütün, apresentando-a como o início de uma campanha de retaliação pelos ataques turcos levados a cabo desde Fevereiro em território iraquiano. O Parlamento turco deve votar este mês a extensão por mais um ano das operações militares no interior daquele país, cuja autorização expira dia 17.
(Fonte: DN)
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