O vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, solicitou às principais autoridades turcas, em Ancara, o envio de mais tropas para o Afeganistão para combater os talibãs, ao mesmo tempo que exigiu que a Turquia reduzisse as suas relações com o regime teocrático do seu vizinho Irão.
O número dois da Casa Branca realizou uma visita-relâmpago de apenas cinco horas à capital turca, onde se reuniu com o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdoğan, com o presidente, Abdullah Gül, e com o chefe do Estado-Maior, Yaşar Büyükanıt. Outro tema tratado foi a situação do Iraque. O território ao norte desse país tem sido palco de combates entre os rebeldes do ilegalizado Partido dos Trabalhadores de Curdistão (PKK) e a Turquia. Nada surgiu oficialmente das reuniões, embora fontes diplomáticas citadas pela imprensa local indiquem que Cheney e os seus interlocutores concordaram em considerar o PKK como uma ameaça para a segurança da Turquia. Por isso, os líderes turcos solicitaram que o Pentágono continue a enviar informação de espionagem para colaborar na luta contra o PKK. "A Turquia intensificará as suas relações com o Iraque, incluindo a administração curda", explicou uma fonte que acompanhou o encontro. Semih Idiz, analista do jornal turco "Milliyet", disse que Cheney só conseguiu o mínimo da Turquia. "O Afeganistão é actualmente o problema número um para os Estados Unidos já que está sobrecarregado no país. Por isso, pedem mais combatentes. Mas a Turquia (só) poderia enviar entre 200 e 300 soldados que não seriam forças de combate", afirmou Idiz. O Estado-Maior turco já havia afirmado anteriormente que não é favorável ao envio de mais tropas para o Afeganistão, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ali Babacan, deu a entender que poderia aceitar o pedido americano porque a política turca "é a de ajudar o Afeganistão". Büyükanıt disse após o seu encontro com Cheney que "a decisão de enviar ou não mais soldados para o Afeganistão tem de ser tomada pelo Governo e não pelas Forças Armadas".
O canal turco "NTV" informou que outra das reivindicações de Cheney foi a de isolar o Irão, embora os líderes turcos tenham sustentado na reunião o desejo de continuar com "uma política de amizade com o país vizinho". Apesar das objecções norte-americanas, Ancara continua com as preparações para a visita do presidente iraniano (Mahmoud) Ahmadinejad, prevista para os próximos meses. Por outro lado, Cheney defendeu perante a cúpula turca o escudo antimísseis e expressou a sua esperança de que a Turquia se una à Polónia e à República Checa como Estados candidatos a abrigar este sistema. Washington assegura que o escudo se destina a proteger os EUA de países como o Irão ou a Coreia do Norte, enquanto Moscovo se opõe ferrenhamente por considerá-lo uma ameaça à sua segurança nacional.
Apesar das medidas de segurança extremas que acompanharam a visita de Cheney, alguns grupos conseguiram manifestar-se em Ancara contra a sua presença gritando slogans como "Cheney fora da Turquia" ou "EUA fora do Médio Oriente". Um grupo de activistas de esquerda queimou um boneco de Cheney no momento em que ele entrava no Palácio Presidencial, enquanto outros três manifestantes foram detidos após atirarem tinta vermelha para a entrada da residência do primeiro-ministro turco.
Após as reuniões na capital turca, o vice-presidente americano, que chegou à Turquia com a mulher e a filha, foi levado para Istambul para realizar uma visita turística.
(Fonte: Efe)
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