11 maio 2009

Cavaco Silva aconselha paciência à Turquia no seu caminho rumo à UE

Mensagem presidencial: a Turquia tem de usar da sedução junto dos resistentes à sua entrada na UE, e pode aproveitar o exemplo português como trunfo para convencer França, Alemanha e Áustria da bondade do seu desejo.
Cavaco Silva não tem dúvidas: só com paciência é que os turcos poderão algum dia fazer parte do Grupo dos 27. E para isso nada melhor do que olhar para os sete anos que durou o namoro português a Bruxelas para perceber os frutos que a perseverança ajudou a colher. Foi no avião que o levou a Ancara, capital turca, que o presidente da República explicou a fórmula. A única, de resto, que parece resultar junto de países (França, Alemanha e Áustria) que tudo têm feito para desincentivar os restantes parceiros europeus no apoio à aventura turca. Mas há alguns senãos, como também notou Cavaco Silva. E o mais espinhoso será, porventura, o facto de a Turquia não reconhecer o Chipre como país autónomo, e ao mesmo tempo querer entrar para uma união onde esse país está representado. Temas que não passaram ao lado do encontro de uma hora que o chefe de Estado manteve com o primeiro-ministro Tayyip Erdoğan. O assunto central foi sem dúvida a adesão da Turquia à UE, mas os dois líderes políticos abordaram outras matérias de relacionamento bilateral, tendo-se registado uma consonância de posições. O mesmo sucedendo nos dossiês internacionais, com destaque para o conflito no Médio Oriente, a situação no Paquistão e no Afeganistão e a realidade de África e da América Latina.
A visita de Estado de quatro dias àquela nação muçulmana simboliza, por um lado, o apoio político de Portugal à ambição turca e, por outro lado, um piscar de olho a um mercado económico cuja atractividade os cerca de 73 milhões de habitantes ajudam a explicar. Por isso seguiu viagem no mesmo avião da SATA uma comitiva de cerca de 30 empresários de áreas de actividade consideradas mais promissoras. Basílio Horta, presidente da Agência Portuguesa para o Investimento, mostra a paisagem desta janela de oportunidade: "Já há cerca de 500 empresas portuguesas na Turquia", admite, ao JN, garantindo que a tendência é para engordar a cifra. Apostas económicas de Portugal naquele mercado: o negócio dos moldes, as várias áreas ligadas à saúde (biotecnologia, gestão hospitalar) e o software informático.
Mas como é a mesa que muitos dos negócios se proporcionam, nada melhor do que um branco da Gaivosa, um Porto 10 anos e um tinto reserva Casa Burmester para promover o vinho nacional. De resto, não é por acaso que o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto levou para a Turquia 750 garrafas. Com a liberalização do álcool naquele país muçulmano, o mercado turco pode matar a sede a muitas empresas portuguesas. "Apostamos sobretudo no sector do turismo, uma vez que a Turquia é visitada por pessoas de todo o Mundo", explica Luciano Vilhena, presidente do Instituto. Embora o ano passado as exportações do Vinho do Porto tenham diminuído.

(Fonte: Jornal de Notícias)

Sem comentários: