20 outubro 2007

Curdos do Iraque declaram-se determinados a lutar contra ataques turcos


As autoridades autónomas do Curdistão, no norte do Iraque, declararam-se nesta sexta-feira dispostas a responder a qualquer ataque contra o seu território se a Turquia lançar uma incursão militar para desalojar os rebeldes curdos da região.
"Anunciamos a todos os protagonistas que, se atacarem a região, sob qualquer pretexto, estamos totalmente determinados a defender a nossa experiência democrática, a dignidade do nosso povo e a integridade de nosso território", indicou o gabinete do presidente da região autónoma do Curdistão, Massud Barzani, em comunicado.
A advertência acontece depois do Parlamento turco ter autorizado, na quarta-feira, a realização de incursões militares no norte do Iraque para combater os insurgentes curdos, apesar da forte oposição dos Estados Unidos e de Bagdad, que pediu mais tempo para neutralizar os rebeldes.
A iniciativa do governo, que solicitou uma autorização de um ano para realizar uma ou mais incursões militares no norte do Iraque, foi aprovada com o apoio de 507 dos 550 deputados do Parlamento. Dezanove votaram contra a medida.
A moção deixa sob a responsabilidade do Governo a coordenação e o alcance da operação, assim como o número de soldados enviados.
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, afirmou que a autorização do Parlamento não implica uma acção imediata, e que a diplomacia ainda terá oportunidade de actuar na questão.
Bagdad e Washington tentaram dissuadir Ancara de realizar uma acção militar no norte do Iraque.
O primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al-Maliki, declarou-se disposto a combater os separatistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que realizam ataques na Turquia a partir de bases mantidas no norte do Iraque.
Segundo Ancara, cerca de 3.500 combatentes do PKK estão refugiados nesta região e são apoiados pelos Curdos do Iraque.
A reacção da presidência curda, a primeira desde o início da crise, surgiu depois do secretário americano da Defesa, Robert Gates, ter dado a entender nesta quinta-feira que as forças americanas e iraquianas estariam dispostas a actuar contra os rebeldes do PKK.
Na quinta-feira, o governo do Curdistão pediu à Turquia para negociar directamente a questão do PKK, enquanto milhares de manifestantes protestavam em Erbil, a capital do Curdistão, contra os planos de intervenção de Ancara.
A Turquia afirma que a sua única opção é a acção militar contra o PKK porque nem Washington nem Bagdad estão a ajudar a combater os rebeldes.
Desde que foi colocado sob protecção dos Estados Unidos, em 1991, depois da guerra do Golfo, o Curdistão - que tem o seu próprio Governo e Parlamento - afastou-se do Governo central iraquiano. A sua segurança é garantida pelos combatentes curdos iraquianos, os peshmergas.
O ministro da Defesa turco, Vecdi Gönül, informou na véspera que se reunirá, no Domingo, com Gates para analisar as questões que estão a gerar um clima de tensão entre os seus países.
A reunião será realizada à margem de uma cimeira internacional em Kiev. Será abordada a intenção de Ancara de enviar tropas para o norte do Iraque para expulsar os rebeldes curdos entrincheirados nessa zona e também a possível votação no Congresso americano de uma resolução que reconhece a existência de genocídio arménio na Turquia.

(Fonte: AFP)

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