07 abril 2007

Entrevista com o novo embaixador da Turquia em Portugal: Ömer Kaya Türkmen

2014 é a data que o embaixador da Turquia em Portugal aponta como provável para a adesão do seu país à União Europeia. Ancara é um dos mais antigos candidatos ao clube europeu, mas só em Outubro de 2005 viu o pedido atendido por Bruxelas.

O embaixador da Turquia em Portugal, Ömer Kaya Türkmen, argumenta que os entraves à adesão de Ancara são sobretudo "de ordem psicológica" e acrescenta que "se não houvessem todas estas questões de ordem política, do ponto de vista puramente técnico e económico, a Turquia poderia entrar na União Europeia dentro de três ou quatro anos".
A Turquia é hoje o candidato mais controverso. Não há consenso entre os países do núcleo duro da Europa. O respeito pelos direitos humanos, o embargo à República do Chipre e o reconhecimento do genocídio de Arménios, no início do século XX, são os obstáculos mais pesados.
Apesar das vozes dissonantes entre os 27, Türkmen diz que cabe à Turquia mostrar aos Europeus o que pode trazer de novo à velha Europa. O embaixador aponta que, para além da pouca vontade política de alguns governos, "é preciso convencer os cidadãos europeus de que não devem ter medo da entrada da Turquia".
A Turquia representa um mercado adicional de mais de 70 milhões de pessoas. Esta é, na visão do diplomata, a maior vantagem para a Europa.
Do ponto de vista geográfico, "a Turquia encontra-se na rota do abastecimento de energia para a Europa, por exemplo, o que constitui uma grande vantagem," aponta.
Por outro lado, Türkmen refere que "é chegada a hora da União criar uma ligação ao mundo islâmico". Este é provavelmente o ponto mais controverso para os governos europeus, que se dividem entre a preservação das raízes judaico-cristãs e aqueles que acreditam que a adesão de um estado islâmico seria uma mais-valia para a Europa. "Os outros países muçulmanos olhar-nos-iam como exemplo e, mais do que isso, a adesão da Turquia daria credibilidade à Europa."
Kaya Türmen desvaloriza as diferenças religiosas, com o argumento de que a "Turquia é o único Estado muçulmano laico e democrático". Para além disso, o embaixador diz que é necessário analisar a questão de outro prisma: "Sim, é verdade que os Europeus têm receio. Mas há 70 milhões de Turcos muçulmanos e eles não têm medo."

Direitos humanos: O eterno obstáculo

"Nos últimos anos a Turquia desenvolveu muito a legislação ao nível do respeito pelos direitos humanos. Mas ainda há muito a fazer ao nível da aplicação dessas leis."
Kaya Türkmen rejeita a ideia de que o respeito pelo direito internacional continue a ser um obstáculo à adesão. Aponta que "a Turquia cumpre todos os critérios de Copenhaga ao nível dos direitos humanos, do Estado de direito e da democracia".
Ainda assim, o histórico de violação de direitos humanos na Turquia não ajuda a que os responsáveis europeus tenham confiança na vontade de Ancara em cumprir à risca as recomendações vindas de Bruxelas. O embaixador alerta que "a mudança de mentalidades não ocorre da noite para o dia", e admite que "ainda há muito trabalho a fazer para mudar a forma de pensar, por exemplo, dos juízes e dos polícias".
A ensombrar ainda mais as negociações da adesão, está o embargo contínuo à ilha de Chipre. A Turquia vai ter de tomar uma posição se quiser ver o fim do problema. Este é, pelo menos, o aviso que ecoa em Bruxelas e em Berlim.
A ilha de Chipre está partida ao meio. O lado grego faz hoje parte da União Europeia, e o lado turco está, segundo Ancara, numa situação injusta. O diplomata acusa os Cipriotas gregos de falta de vontade política na reunificação da ilha.

Contas do passado


Injusta é também a situação que opõe duas versões da história, pelo menos da perspectiva turca. Ancara não aceita a classificação de genocídio para o que aconteceu em 1915 na Arménia. A falta de provas para o que sucedeu no início do século XX impede uma classificação final que esteja de acordo com a Convenção das Nações Unidas para o genocídio. Mesmo assim, a comunidade internacional, quase em uníssono, coloca-se do lado dos Arménios e endorsa a versão da história que conta uma limpeza étnica.
Também aqui, o embaixador remete para a falta de vontade dos adversários em encontrar uma solução viável, que agrade a ambos os lados. "Propusemos a criação de uma comissão internacional de académicos para averiguação dos factos. Não estão interessados. Isto porque o mundo inteiro parece ter aceite que o que se passou foi um genocídio. Os Arménios tiram partido desta situação em termos políticos. Porquê mudar os factos? França e Suíça são alguns dos países que chegaram mesmo a criminalizar a negação do genocídio arménio. Na mesma linha, o Parlamento Europeu já avisou que se vai opor à adesão de Ancara, até que a Turquia assuma os erros do passado."

(Fonte: Diário da Europa)

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá, Lídia!
Passei por aqui para te desejar uma Páscoa feliz, cheia de amêndoas e deixar-te uns bjs. graaaandes! ... eu sei que sou um gato mas dou bjs. às minhas amigas e acho que tu também és minha amiga se gostares de gatos. Aí na Turquia também há gatos? Se há, bjs. para eles tanbém com muitas amêndoas. A propósito de amêndoas, aí também há? Se não houver eu tiro algumas ao Ventor para te dar. Um chi-coração, e, uma Páscoa cheia de tudo de bom para ti! Com muitos êxitos!