27 fevereiro 2018

Mais de 2100 sefarditas adquiriram nacionalidade portuguesa

Um total de 2 160 sefarditas, judeus originários da Península Ibérica expulsos de Portugal no século XVI, adquiriram a nacionalidade portuguesa desde 2016, de acordo com dados do Instituto dos Registos e do Notariado.

Desde finais de março de 2015, altura em que entrou em vigor o decreto-lei que permite a concessão de nacionalidade portuguesa a descendentes de sefarditas, que 12 610 membros apresentaram pedidos, 466 nesse ano, 5 100 em 2016 e 7044 no ano passado. Em 2015, não foi atribuída a nacionalidade portuguesa a qualquer dos 466 de geração sefardita que realizaram o pedido.

Nos dois últimos anos, não só aumentou o número de entradas de pedidos de descendentes de sefarditas como o registo de casos em que foi concedida a nacionalidade portuguesa teve um acréscimo considerável.

Em 2016, foram deferidos 431 pedidos de entre os 5 100, enquanto dos 1 730 processos tendentes à atribuição de nacionalidade no ano passado de requerentes daquela comunidade judaica apenas um foi indeferido.

Na repartição por mês do número de requerimentos em 2017, o Instituto dos Registos e Notariado recebeu um máximo de 1 507 em outubro (252 nacionalidades concedidas), 754 em novembro (214), 738 em setembro (377), 640 em março (126) e 620 em janeiro (104). O registo mais baixo reporta-se aos meses de fevereiro e junho, com 332 formulários apresentados.

Os descendentes de sefarditas com naturalização israelita e turca foram a maioria dos que receberam a nacionalidade portuguesa. Em 2016, foi atribuída a nacionalidade portuguesa a 81 naturais de Israel e a 271 da Turquia, enquanto no ano passado os números ficaram em 457 e 968, respetivamente. Significa que, até ao final do ano passado, 538 descendentes de sefarditas naturais de Israel têm a nacionalidade portuguesa e 1 239 são provenientes da Turquia.

A iniciativa legislativa visou reforçar os laços de Portugal com a comunidade judaica e reconhecer a sua herança.

Em Espanha, o Governo legislou igualmente sobre a matéria, igualmente em 2015, e concedeu a nacionalidade espanhola a mais de 5 000 descendentes de sefarditas.

Com a perseguição movida pela Inquisição espanhola aos sefarditas (também conhecidos na época por "marranos"), que começou em 1492, Portugal acolheu-os, mas, a partir de 1459 expulsou os que não se sujeitassem ao batismo católico. A expulsão obrigou a um êxodo para Holanda, Reino Unido, Turquia e norte de África, mais tarde para o Brasil, Argentina, México e Estados Unidos.

(Fonte: Diário de Notícias)

26 fevereiro 2018

Meral Akşener: "A Turquia está limitada em Afrin"

Meral Akşener, antiga ministra do interior e atual líder do "Bom Partido" da Turquia, falou com a Euronews sobre a operação militar turca em Afrin e sobre a política do presidente Erdogan para a Síria.


“Infelizmente, a Turquia transformou-se num país que não discute a sua política externa, nem no parlamento, nem em público. A política externa é construída a partir das declarações do Sr. Erdoğan. Como resultado desta realidade, todos os dias enfrentamos uma consequência diferente. Sobre o Exército Livre da Síria, gostaria de dizer o seguinte: Lançámos uma operação tardia em Afrin com o objetivo de garantir a segurança para a Turquia, de acordo com o direito internacional. Não se trata de uma guerra. Lançámos uma operação. Portanto, este é um processo legítimo para o país. E o Senhor Erdogan declarou que será feito o que é preciso na região e só depois a operação pode terminar. Neste contexto, o Exército Livre da Síria surge como um amigo tanto em termos do direito internacional, como em termos da política externa. Os Estados Unidos de um lado, e a Rússia e o Irão do outro, uma política moldada apenas pelo líder do partido AKP, e com um ministério dos negócios estrangeiros desativado... Não temos os meios para dizer sim ou não”.

No final de outubro, Meral Akşener formou um partido político de centro-direita para concorrer às presidenciais de 2019.

Fonte: Euronews

24 fevereiro 2018

Pelo menos 130 civis mortos na ofensiva em Afrin

Pelo menos 130 civis morreram na sequência da ofensiva que a Turquia iniciou em meados de janeiro contra o enclave curdo de Afrine, no noroeste da Síria, informou hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Entre estas baixas civis, constam 25 crianças e 19 mulheres, precisou aquela organização não-governamental (ONG) com sede em Londres.

O Observatório especificou que um menor morreu hoje e outros cinco civis ficaram feridos em ataques aéreos conduzidos pelas forças turcas nas aldeias de Yindiris (sudoeste de Afrine) e Shara (nordeste).

A par das vítimas mortais, a ONG indicou que centenas de pessoas ficaram feridas na sequência dos raides aéreos e dos ataques de artilharia realizados pelas forças de Ancara desde meados de janeiro.

Desde dia 20 de janeiro, a Turquia e fações opositoras sírias pró-Ancara levam a cabo uma ofensiva terrestre e aérea em Afrine (província síria de Alepo), zona controlada pela principal milícia curda na Síria, as Unidades de Proteção Popular (YPG).

Ancara acusa o YPG de ser o ramo sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado uma organização terrorista pela Turquia, e deseja expulsar a milícia curda desta região.

Segundo as agências internacionais, violentos confrontos foram registados, este sábado, nas zonas rurais do noroeste de Afrine e em Yindiris, combates que envolveram as forças turcas, fações armadas sírias e a milícia YPG.

As forças da ofensiva liderada pela Turquia, denominada "Ramo de Oliveira", já assumiram o controlo de um total de 63 localidades, incluindo Balbala, que representa cerca de 18% da população de Afrine.

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.

Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 350 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.

(Fonte: Jornal de Notícias)

05 fevereiro 2018

De Portugal à Turquia a pé durante 500 dias

De Portugal até à Turquia a pé. Um plano de 500 dias. Dez mil quilómetros através de 17 países e mais de 120 parques naturais. Marie, 29 anos, e Nil, 31, são dois jovens franceses com um projecto: Deux Pas Vers l’Autre.

Começou segunda-feira, 5 de Fevereiro, em Sagres, esta ultracaminhada pelo Sul da Europa. "Depois de termos viajado por todo o mundo, a nossa ideia passa por descobrir o nosso continente, em particular os países e as regiões desconhecidos", explicam os protagonistas, apregoando a "sustentabilidade social, cultural e ambiental", destacando-se à partida o programa "um quilo pelo planeta", em que o casal se propõe recolher lixo pelo caminho (aliviando esse peso sempre que possível e repetindo essa acção as vezes que forem necessárias).

Marie e Nil, que trabalhavam, respectivamente, nas áreas de recursos humanos e fotografia de moda e vídeo, assumem que irão evitar "grandes cidades". "Enquanto alguns óptimos trilhos de caminhada às vezes ditam o nosso caminho, muitas vezes escolhemos desviarmo-nos deles. A Europa que sonhamos descobrir é sobretudo rural, não reconhecida, até mesmo esquecida. Mito ou realidade, também imaginamos que podemos fazer contactos mais facilmente em pequenas localidades", escrevem no blogue onde explicam como preparar uma viagem deste género.

Essa descentralização será parte essencial do plano. "Atravessar essas aldeias também nos proporcionará uma oportunidade para obter água e comida. Mesmo se planearmos passar vários dias em autonomia, organizar pontos de reabastecimento frequentes é essencial. Certificamo-nos que encontraremos aldeias regularmente na nossa rota."

Conscientes de que "não existe um encaixe perfeito entre itinerário, meteorologia e riscos" ("não existe um itinerário infalível"), o plano de viagem cruza-se com a questão da sobrevivência ("porque cada oportunidade é boa para obter água, referenciámos as fontes e os rios") e com o clima ("ajustámos nosso cronograma, evitando os riscos do calor e os picos de calor nas montanhas suíças"). "O ideal é reduzir a dificuldade, e até situações perigosas, ao mínimo sem comprometer as etapas importantes da jornada", que percorrerá Portugal, Espanha, França, Itália, Suíça, Eslovénia, Croácia, Bósnia, Montenegro, Kosovo, Macedónia, Albânia, Grécia, Bulgária, Sérvia, Roménia e Turquia.

(Fonte: Público)