05 março 2015

Boas relações com a Turquia podem gerar mais negócios

AEP quer traduzir em resultados económicos a Cimeira Intergovernamental desta semana.
 
Para traduzir em negócios o bom momento por que passam as relações políticas e diplomáticas entre Portugal e a Turquia, como evidenciou a 1.ª Cimeira Intergovernamental entre os dois países que anteontem decorreu em Lisboa, a Associação Empresarial de Portugal (AEP) vai estar no próximo mês em Istambul, em duas frentes: com uma missão empresarial e na maior feira de construção da grande nação euro-asiática, cuja área de exposição chega aos 100 mil metros quadrados.

Com efeito, entre 21 e 25 de Abril, a AEP assegura a participação nacional na 38.ª edição da TurkeyBuild, que costuma atrair à maior cidade turca profissionais da fileira da construção oriundos de todo o país e dos Balcãs, Rússia, Norte de África e Médio Oriente. Paralelamente, terá no terreno uma missão multissectorial, para contactos institucionais e reuniões de negócios, tendo em vista o incremento das exportações portuguesas para aquele mercado, de mais de 74 milhões de consumidores.

Como o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoğlu, deixou claro na conferência de imprensa que se seguiu à Cimeira Intergovernamental desta semana, em Lisboa, há oportunidades a explorar nos sectores agro-alimentar, da construção e imobiliário, dos transportes, da energia (particularmente, renováveis e eficiência energética), da saúde, das indústrias de defesa e do turismo. Na avaliação da AEP, o mercado turco é também interessante para a oferta portuguesa nas áreas dos componentes para a indústria automóvel, tecnologias da informação e comunicação, inovação, serviços financeiros e têxtil.

Mas outras oportunidades há a explorar, tanto mais que, como reconheceu o primeiro-ministro da Turquia, o relacionamento económico com Portugal vai intensificar-se, seja pelo aumento das ligações áreas para Lisboa e Porto da companhia de aviação turca, seja pelos efeitos da cimeira empresarial agendada para Outubro, na qual os governos dos dois países depositam grandes expectativas. Ahmet Davutoğlu antecipou mesmo que o encontro entre empresários "terá seguramente impacto comercial". Por outro lado, na declaração final da cimeira os dois governos reconhecem que "o comércio bilateral de bens está muito aquém do seu potencial".

Segundo o chefe do Governo turco, a cooperação económica com Portugal movimenta actualmente cerca de 1,3 mil milhões de dólares por ano, que poderão chegar, a médio prazo, aos 5.000 milhões. Intencionalmente ou não, referiu que Portugal é o "parceiro europeu que melhor percebe" o seu país.

Passos Coelho, por seu lado, salientou o apoio que Portugal tem dado ao pedido de adesão da Turquia à União Europeia e o facto de estar em causa um "parceiro económico, político e diplomático", com uma "economia dinâmica e com excelentes perspectivas de crescimento".

Na verdade, a economia turca está a crescer acima dos 4% ao ano, segundo os indicadores internacionais mais recentes, e a tendência é para que assim continue. Abrem-se, assim, boas oportunidades às empresas portuguesas que queiram investir naquele mercado, para onde Portugal exporta, sobretudo, pastas celulósicas e papel, máquinas, combustíveis minerais, plásticos e borracha e químicos. Em sentido inverso, vêm, principalmente, materiais têxteis, metais comuns, veículos e material de transporte e maquinaria. Entre as empresas nacionais com operação na Turquia contam-se os grupos Sonae e Onyria, a tecnológica TIMWE, a Inapa e a Ascendum, ao passo que o investimento turco em Portugal é praticamente residual.

Com vultuosos investimentos públicos e privados em curso, uma população jovem (média de idades nos 28 anos) e um mercado que deverá atingir, em 2050, os 100 milhões de consumidores, a Turquia oferece, na avaliação a AEP, um manancial de oportunidades relevante para as empresas portuguesas. Construção, energia, agroa-alimentar e TICE são áreas em que Portugal apresenta algumas vantagens comparativas, que a associação quer tornar tangíveis com estas duas acções. Ambas fazem parte do programa associativo de internacionalização "Business on the way", apoiado pelo Compete, ao abrigo do QREN. As empresas interessadas em participar na missão têm, por isso, acesso a apoios financeiros que podem chegar a 45% dos custos de participação.
 
(Fonte: Económico)

Presidente da Turquia multado por insultar artista

Erdoğan não gostou das estátuas erguidas perto da fronteira com a Arménia e chamou-lhes uma "monstruosidade". A obra foi demolida pouco depois e o artista decidiu ir para tribunal. Ganhou.


O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, foi condenado a pagar uma multa de 10 mil liras turcas, cerca de 3500 euros, ao escultor Mehmet Aksoy, por ter insultado o seu trabalho artístico.
O caso remonta a 2011, quando Erdoğan era primeiro-ministro da Turquia e descreveu uma obra concebida por Aksoy como "uma monstruosidade", sugerindo que fosse retirada. O monumento - chamado "Estátua da Humanidade" - pretendia simbolizar a amizade entre a Turquia e a Arménia e era constituído por duas figuras humanas, com cerca de 30 metros de altura, esculpidas em pedra, colocadas numa montanha próxima da cidade turca de Kars, que fica na fronteira entre os dois países.

Presidente da Turquia multado por insultar artista
Fotografia © Ggia/Wikimedia Commons
 
Segundo a BBC, que cita o turco Hurriyet Daily News, o monumento acabou por nunca ser concluído e foi demolido poucos meses depois do comentário de Erdoğan, que viria a ser processado pelo autor da obra por comentários insultuosos. Um tribunal de Istambul decidiu agora dar razão ao artista, ainda que não tenha fixado a indemnização no valor pretendido de 100 mil liras turcas (cerca de 35 mil euros).
Para atenuar o valor da compensação terá contribuído o facto de a Associação de Língua Turca ter defendido, em 2014, que a palavra usada por Erdoğan - "ucube", que pode ser traduzida por "monstruosidade" - não era um insulto, remetendo na realidade para algo "muito estranho e muito feio". Já os advogados do actual presidente alegaram que a declaração de Erdoğan era uma crítica a uma obra de arte e não um insulto ao próprio artista.
 
(Fonte: DN)

03 março 2015

Turquia quer que Portugal seja seu porta-voz em Bruxelas

 
A Primeira Cimeira Intergovernamental entre Portugal e Turquia terminou hoje em Lisboa com a assinatura de quatro acordos bilaterais nas áreas de Educação, comércio, saúde alimentar e protecção mútua de informação classificada.
No final, os dois primeiros-ministros mostraram satisfação face à intensificação das relações comerciais dos dois países após a visita de Passos Coelho a Ancara, em 2012. O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoğlu, elogiou a “fantástica saída limpa do processo de ajustamento” por parte de Portugal e vê um “apetite da comunidade empresarial turca em investir em Portugal”. O governante turco anunciou que, a nível comercial, o objectivo da cooperação bilateral passa por aumentar o volume de negócios dos actuais 1,3 mil milhões de dólares anuais para os três mil milhões numa primeira fase e cinco mil milhões mais tarde.
No mesmo âmbito, Pedro Passos Coelho destacou a importância deste “parceiro económico, político e diplomático”, com uma “economia dinâmica com excelentes perspectivas de crescimento”.
O encontro, decorrido no Palácio das Necessidades, em Lisboa, serviu ainda para o Governo português reforçar o seu apoio à adesão da Turquia à União Europeia, um processo presentemente estagnado que Passos Coelho quer ver recuperado pois considera que a Turquia “pode ser importante para a paz na região e para a segurança internacional”.
No documento final da cimeira, o Governo português reforçou a sua condição de apoiante da adesão europeia da Turquia, comprometendo-se a "partilhar com a Turquia o seu conhecimento e experiência relativo a adequação das suas práticas e legislação interna ao acervo comunitário".
Por sua vez, Ahmet Davutoğlu considerou que “Portugal é o parceiro europeu que melhor percebe a Turquia” e como tal deseja ter no Governo de Lisboa um “porta-voz em Bruxelas”, que saiba defender a causa da adesão turca. O homem que em Agosto de 2014 sucedeu a Recep Tayip Erdoğan, actual Presidente da Turquia, diz que o seu país está prestes a concretizar as reformas exigidas por Bruxelas para que quando “se voltarem a abrir os capítulos de negociação possam ser de imediato encerrados”.
Os dois países mostraram ainda a intenção de promover uma solução diplomática para o conflito da Ucrânia, com base nos acordos de Minsk, e "acordaram em cooperar em assuntos ligados aos Direitos Humanos na Crimeia, em particular face à deterioração da situação do povo tártaro da Crimeia", segundo o documento distribuído pelo gabinete do primeiro-ministro.
A actual situação no Médio Oriente, em especial o caos provocado pelo Estado Islâmico no Iraque e na Síria, assim como o estatuto de observador da Turquia na CPLP e a sua aposta na diplomacia em África foram outros assuntos debatidos pelos Executivos de Ancara e Lisboa.
Portugal fez-se ainda representar na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros pelo vice primeiro-ministro e pelos ministros das Finanças, da Defesa, da Educação e Ciência, pelo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, para além do anfitrião Rui Machete. Do lado turco estiveram presentes, para além do chefe do Governo, o ministro dos Assuntos Europeus e Negociador Chefe, e os ministros dos Negócios Estrangeiros, das Finanças, da Educação Nacional e da Defesa.

(Fonte: Sol)

Davutoğlu: "Portugal é quem melhor entende a Turquia no processo de adesão à União Europeia"


O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoğlu, disse hoje que Portugal é o país que "melhor entende" a Turquia no longo processo de negociações de adesão à União Europeia (UE), definido como um "objectivo estratégico".
 
"Portugal tem surgido como um porta-voz da Turquia em Bruxelas, parece ser o país que melhor entende a Turquia", considerou Ahmet Davutoğlu durante a conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo português, Pedro Passos Coelho, no final da I Cimeira Intergovernamental Portugal-Turquia, que hoje decorreu em Lisboa.
O dirigente turco voltou a insistir no tema durante o período de perguntas e respostas, quando agradeceu a Passos Coelho a "solidariedade portuguesa" e vincou que a "decisão estratégica" da Turquia é pertencer à UE.
"Portugal sempre demonstrou vontade em que a Turquia faça parte da Europa", salientou. "Sabem da nossa capacidade para promover reformas, o futuro da Europa é o futuro da Turquia. Agradecemos aos amigos da Turquia", adiantou.
As relações próximas entre os dois países foi outro tema que dominou a intervenção do responsável turco, que lidera desde 2014 o Governo islamita-conservador do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002.
O responsável turco destacou a reunião "amistosa" de hoje, em que se fez acompanhar por seis ministros, disse que os dois países se "entendem bem", por partilharem "uma tradição comum do Estado, da política, dos laços culturais", e ainda por possuírem "um enorme alcance geográfico e também com uma relação face a geografias mais latas".
O bom momento das relações económicas luso-turcas, com uma reunião empresarial conjunta agendada para Outubro e "seguro impacto comercial", e o reforço das ligações aéreas da companhia aérea turca para Lisboa, e ainda para o Porto, também mereceram destaque na intervenção do chefe do governo turco.
Nesta linha, Davotoğlu aproveitou para felicitar Portugal pela "evolução impressionante da [sua] economia, tendo em consideração a saída do programa de ajustamento".
A celebração do Dia da Língua Portuguesa em Ancara, a crescente presença do seu país na África, Ásia, América Latina, "com 32 embaixadas turcas em África", e o estatuto de país-membro observador da CPLP, foram também recordados pelo primeiro-ministro turco, ex-chefe da diplomacia de Ancara e um dos homens de confiança do Presidente Recep Tayyip Erdoğan, o líder do AKP.
A situação no Iraque, na Síria, a xenofobia e o terrorismo, além da decisiva posição geoestratégica da Turquia, também foi focada, com Davutoğlu a sustentar a necessidade de "paz e estabilidade", quando se parece preparar uma ofensiva contra o grupo Estado Islâmico (EI), que há quase um ano controla a estratégica cidade de Mossul, no norte iraquiano e perto da fronteira do Curdistão turco.
Neste aspeto, referiu-se a uma "missão histórica", mas foi diplomaticamente cauteloso. E, por fim, ao recordar que Portugal e Turquia enfrentam eleições gerais no outono, desejou que se mantenham, e reforcem, as relações entre Lisboa e Ancara.
O primeiro-ministro turco efectuou hoje uma visita oficial a Lisboa para participar na 1ª Cimeira Portugal-Turquia, tendo sido recebido pelo Presidente Cavaco Silva antes de se reunir com o seu homólogo Pedro Passos Coelho no Palácio das Necessidades.
Davutoğlu e Pedro Passos Coelho encontraram-se no final da tarde, antes do início da sessão plenária entre as duas delegações, a nível ministerial, e participaram na assinatura de quatro acordos bilaterais.
 
Fonte: (Notícias ao Minuto)

Cimeira em Lisboa analisa adesão da Turquia à UE

O processo de adesão da Turquia à União Europeia, as situações de tensão na Ucrânia e Médio Oriente, Líbia e o Irão foram os assuntos nesta terça-feira em destaque na reunião bilateral entre os primeiros-ministros de Portugal e Turquia.
Na declaração final conjunta, na sequência da I Cimeira intergovernamental Portugal-Turquia que decorreu no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa, Passos Coelho e Ahmet Davutoğlu sublinharam os “desenvolvimentos positivos” nas relações Portugal-Turquia e trocaram impressões sobre os principais focos de tensão internacionais e regionais, para além de diversas decisões no âmbito da diplomacia económica, a cargo dos dois vice-primeiros-ministros.
Numa referência às negociações de adesão da Turquia à União Europeia (UE), iniciadas em 2005, as duas partes sublinharam a importância da união alfandegária para as duas economias, e a troca contínua de informações sobre o processo de adesão turco.
Na agenda internacional, foram analisadas, ainda, com particular atenção as situações de tensão na Ucrânia, Síria – país com o qual a Turquia tem fronteira - e Líbia, para além da questão do Irão, em particular as negociações em torno do dossier nuclear e diversos cenários no continente africano.
As duas partes reiteraram a “firme condenação do terrorismo em todas as suas formas”, comprometeram-se em prosseguir esforços para resolver a situação na Síria, um conflito muito delicado para Ancara, encorajar o diálogo entre as diversas facções na Líbia, e a aplicação das decisões internacionais no âmbito do processo de paz israelo-palestiniano. Uma concordância natural entre dois parceiros da Aliança Atlântica.
Nesta primeira cimeira intergovernamental foram assinados dois memorandos de entendimento. Um do AICEP e do seu congénere turco e outro no domínio da Educação. Foi igualmente firmado um acordo sobre protecção mútua de informação classificada e um protocolo entre as autoridades de segurança alimentar de ambos os países.
Durante as conversações bilaterais que envolveram os chefes de Governo, os vice-primeiro ministros, os titulares das Finanças, Negócios Estrangeiros, Educação e Defesa foram passados em revista temas da cooperação bilateral. No âmbito das relações económicas foram identificados como prioritários os sectores agro-alimentar, construção civil, transportes, energias, farmacêutico, saúde, indústrias de defesa, turismo e imobiliário.
A promoção da língua portuguesa foi também objecto de análise, em linha com o estatuto de Observador Associado da Turquia na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP. Do mesmo modo, foi acordado promover o ensino do turco como segunda língua estrangeira opcional nas escolas do ensino secundário portuguesas.
 
(Fonte: Público)