05 junho 2013

Os protestos continuam e utilizadores do Twitter são detidos



A contestação voltou à rua na Turquia, na noite de terça para quarta-feira, horas depois de o vice-primeiro-ministro, Bulent Arınç, ter pedido desculpa aos manifestantes feridos nos protestos contra as políticas islamizadoras do Governo.
Em Istambul e Ancara, a polícia usou gás lacrimogéneo e canhões de água para tentar dispersar centenas de manifestantes que, em ambas as cidades, ignorando ordens para dispersar, procuraram, segundo a AFP, chegar às instalações onde funcionam os gabinetes do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdoğan.
Em Esmirna, a intervenção policial foi de outra natureza: 25 detenções por difusão de “informação errada” na rede social Twitter, noticiou a agência Anatólia. No domingo, Erdoğan tinha considerado o site de microblogging uma “ameaça” que estava a ser usada para espalhar “mentiras”.
Um dirigente do Partido Republicado do Povo (CHP), Ali Engin, disse que os detidos estavam a “apelar às pessoas para protestarem”.
Em Istambul, antes da intervenção policial, milhares de pessoas tinham-se concentrado na Praça Taksim, centro simbólico das manifestações em Istambul, num ambiente descrito pela BBC como de quase festa, devido ao discurso em que Arınç considerou os protestos “justos e legítimos” e lamentou o “excessivo uso da força” – embora tenha acrescentado que as manifestações foram entretanto tomadas “por elementos terroristas” e apelado ao seu fim.
Na que foi a quinta noite de protestos, houve também confrontos na cidade de Hatay, no Sudeste. A televisão privada NTV noticiou que dois polícias e três manifestantes ficaram feridos. Em Esmirna, onde ocorreram as detenções de utilizadores do Twitter, o ambiente foi de festa e a polícia manteve-se à margem, apesar de alguns jovens terem, segundo um repórter da BBC, destruído câmaras e arremessado tijolos.
A confederação sindical Disk anunciou entretanto a adesão, esta quarta-feira, a uma greve de dois dias de apoio aos manifestantes iniciada na terça-feira pela central sindical Kesk, que representa cerca de 240 mil trabalhadores do sector público.
Os protestos contra as políticas islamizadoras, o autoritarismo e a repressão já causaram dois mortos – um jovem de 22 anos morreu devido a ferimentos sofridos numa manifestação antigovernamental, em Antakya, de disparos de um atirador não identificado, e um manifestante foi atropelado, na segunda-feira, em Istambul.
A associação turca de direitos humanos calcula em mais de 2800 o número de manifestante feridos, muitos com gravidade, e 791 detenções. “Cerca de 500” detidos foram posteriormente libertados. Fontes oficiais quantificam em 300 o número de feridos que dizem serem maioritariamente elementos das forças de segurança.
Em Marrocos, em visita oficial, o primeiro-ministro disse que quando regressar “os problemas estarão resolvidos”.
 
(Fonte: Público)

Sem comentários: