05 fevereiro 2011

Protesto em Ancara travado pela polícia


Milhares de manifestantes protestaram ontem em Ancara contra um projecto de lei que, de acordo com os sindicatos, vai limitar os direitos dos trabalhadores. A polícia travou a marcha dos manifestantes até ao parlamento com canhões de água e gás lacrimógéneo.
A Confederação dos Sindicatos dos Trabalhadores Revolucionários (DİSK), a Confederação dos Sindicatos do Sector Público (KESK), o Sindicato Turco dos Engenheiros e Arquitectos (TMMOB) e o Sindicato dos Médicos (TTB) anunciaram previamente que se iriam juntar em frente ao parlamento em protesto contra uma lei, que dizem ter o objectivo de escravizar os trabalhadores.
O governo civil de Ancara não autorizou o protesto, alegando que todas as formas de protesto perto do parlamento são proibidas por lei, e que um protesto dessa natureza seria ilegal. Os representantes dos sindicatos, por outro lado, mostraram-se determinados em manter o protesto.
Os representantes dos sindicatos deslocaram-se a Ancara vindos de 80 províncias da Turquia. Juntaram-se-lhes alguns deputados, incluindo o vice-presidente do CHP, Umut Oran, e İzzet Çetin, o vice-presidente do grupo parlamentar do CHP Muharrem İnce e os deputados do CHP Mehmet Sevingen, Çetin Soysal, İsa Gök, Oğuz Oyan, assim como Mehmet Bekaroğlu, vice-presidente do Partido Voz do Povo (HAS). A concentração aconteceu na manhã de quinta-feira no Kurtuluş Park, antes de marcharem até ao parlamento. Pretendiam formar um "cordão humano" em frente ao parlamento, mas foram travados violentamente pela polícia, com gás lacrimogéneo e canhões de água. Os manifestantes reagiram atirando pedras.
Os manifestantes carregaram faixas que diziam, “Caminhamos até ao parlamento contra a exploração de crianças e mulheres no local de trabalho, contra o trabalho sem segurança e contra o roubo do subsídio de desemprego.”
Os trabalhadores alegam que se o projecto de lei for aprovado pelo parlamento, muitos direitos dos trabalhadores serão cortados.
Contudo, o ministro do Trabalho e Segurança Social divulgou um comunicado dizendo que o público não entendeu o projecto de lei e que este irá trazer mais direitos para os trabalhadores e novas formas de combate ao desemprego. Acrescentou ainda que o subsídio de desemprego não será usado para outros fins que não aqueles a que se destina. “O projecto de lei vai facilitar as condições de acesso ao subsídio de desemprego, mesmo para trabalhadores em part-time. O subsídio pretende aumentar a qualidade da força de trabalho e o seu planeamento,” dizia o comunicado.
Os manifestantes também reivindicam que o projecto de lei irá aumentar a terceirização de trabalhadores, mas o ministro também desmentiu. “Como em todas as partes do mundo, os desenvolvimentos tecnológicos criaram opções mais flexíveis de trabalho, tais como trabalho a partir de casa e trabalho à distância, que já foram implementadas no nosso país. Contudo, como não existem regulamentações para essas alternativas, aqueles que trabalham nessas circunstâncias fazem-no informalmente, sem a protecção da segurança social,” referia o comunicado.

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