03 novembro 2010

BBVA investe 4200 milhões em banco turco

As dificuldades de financiamento da banca espanhola, que é a que mais tem recorrido aos empréstimos do Banco Central Europeu, não impediram o banco BBVA de prosseguir a sua estratégia de expansão.
Ontem, o grupo anunciou a tomada de uma posição de 24,9 por cento no Turco Garanti Bankası.
A operação, que vai envolver 4,2 mil milhões de euros, poderá não ficar por aqui. O presidente do banco espanhol, Francisco Gonzalez, confirmou ontem que tem o desejo de ir mais longe. "Não vou esconder que pretendemos aumentá-la [a participação no Garanti]. Não é uma participação financeira, mas antes uma participação estratégica", afirmou ontem, após a comunicação oficial do negócio ao mercado.
Segundo maior banco espanhol em valor de mercado, o BBVA (Banco Bilbao Vizcaia Argentaria) tem procurado reforçar a aposta nos mercados emergentes, como já acontece na América Latina e na Ásia. Agora, através da presença na Turquia, o objectivo é partir à conquista dos mercados de Leste com maior potencial.
"O banco Garanti é muito dinâmico", salientou o administrador delegado do BBVA Ângel Cano, afirmando que tem vindo a ganhar quota de mercado, de forma consistente, nos últimos anos, e que atravessou muito bem os principais impactos da crise financeira global, com rácios de solvabilidade nos melhores patamares.
A posição do BBVA no banco turco vai ser conseguida através da compra da participação que a norte-americana General Electric detém no Garanti e de parte das acções que actualmente pertencem aos grupo Doğuş - com presença nos sectores energético, imobiliário e bancário.
O BBVA e o Doğuş manterão, numa primeira fase, posições idênticas de 24,9 por cento no banco turco, repartindo a gestão, e, no espaço de cinco anos, comprará mais um por cento e assumirá o controlo da instituição.
Para financiar a aquisição, o Bilbao Vizcaia irá proceder a um aumento de capital que poderá chegar aos 5000 milhões de euros, conforme foi também ontem anunciado. O Garanti irá contribuir com sete por cento dos lucros líquidos do BBVA e fará aumentar para 51 por cento a percentagem conseguida nos países emergentes em termos dos ganhos totais da companhia financeira.
Apesar de se tratar de uma aquisição estratégica, ela não foi muito bem recebida pelos mercados financeiros, que penalizaram a acção do BBVA com uma queda de cerca de três por cento, ontem, na Bolsa de Madrid.
Os mercados receiam pelos custos eventualmente excessivos da operação, especialmente num momento em que existem claras dificuldades de financiamento da banca espanhola no mercado interbancário, obrigando as diferentes instituições a recorrerem aos empréstimos do Banco Central Europeu para sustentarem a sua actividade.

(Fonte: Público)

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