31 maio 2010

Em Lisboa também houve protestos contra Israel

À hora marcada ainda poucas pessoas estavam junto à embaixada de Israel em Lisboa. Os polícias começavam a montar o aparato: colocavam barreiras de protecção, cortavam o trânsito nas ruas mais próximas. Pouco depois já se desenrolavam faixas e cartazes, os possíveis para um protesto convocado no próprio dia.
Tal como em várias cidades europeias, também em Lisboa houve uma manifestação motivada pelo ataque israelita ao barco que seguia com dez mil toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. Cerca de 70 pessoas acorreram à zona da embaixada. Um número considerado “positivo para uma convocatória feita em cima da hora”, avançou o Comité de Solidariedade com a Palestina.
Faixas, cartazes, lenços palestinianos e bandeiras enfeitavam as barreiras colocadas pela polícia, enquanto os manifestantes distribuíam folhas de papel com palavras de ordem. A ideia era sempre a mesma: anti-Israel e pró-Palestina. Ao lado, um membro do Colectivo Múmia Abu-Jamal, de kaffiyeh (lenço palestiniano) ao pescoço, gritava as primeiras palavras de ordem: “Israel, Assassino do Povo Palestino.”
Maria José Aragonês não pertence a nenhum dos vários movimentos que marcaram presença na manifestação. Mas ao PÚBLICO disse ter acompanhado o caso com particular interesse. “Logo que soube o que tinha acontecido, enviei um email ao Comité de Solidariedade com a Palestina a perguntar o que é que se ia fazer. Tinha de se organizar alguma coisa já para hoje”, recordou.
“Eu nunca imaginei que isto pudesse acontecer.” Referia-se ao ataque de Israel, mas a frase que tinha começado foi interrompida por gritos, novas palavras de ordem, que Maria José seguiu: “Israel, Assassino do Povo Palestino.”
A partir do primeiro apelo, feito pelo Comité de Solidariedade com a Palestina, a mensagem foi-se espalhando pelos outros movimentos de apoio aos Palestinianos, que ajudaram a organizar o protesto. Também o Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda estiveram representados. E até o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa e o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) marcaram presença.
Entre as dezenas de manifestantes, um casal francês segurava grandes bandeiras. A dele maior do que a dela. A qual dos movimentos pertencem? "Pertencemos à humanidade. É um grande movimento", apressou-se a mulher, Dine Ratapo, com um sorriso e num Português com sotaque.
O STML tinha uma carta para entregar ao embaixador de Israel. E Francisco Raposo, membro da comissão executiva, queria entregá-la em mão. A polícia não o deixou passar até à embaixada. "Não estava ninguém lá dentro", justificaram os agentes, que colocaram a carta na caixa do correio.
Durante a manifestação, criticou-se o “acto de pirataria de Israel” e o bloqueio da Faixa de Gaza. Exigiu-se o fim da “impunidade do país” e uma “tomada clara de posição por parte do governo português” e também dos partidos. E o Colectivo Múmia Abu-Jamal apelou mesmo ao boicote dos produtos israelitas.
O ministério dos Negócios estrangeiros disse, num comunicado, lamentar profundamente a perda de vidas humanas”, condenar “o uso excessivo de força contra alvos civis” e apelou à instauração de “um inquérito para apurar de forma imparcial as responsabilidades dos acontecimentos”. O governo afirmou ainda estar “preocupado com a situação humanitária de Gaza” e apelou “à total aplicação da resolução 1860 do Conselho de Segurança e ao respeito pelo Direito Humanitário internacional”.
Mas os manifestantes pediram a expulsão do embaixador israelita de Portugal. “Exigimos uma acção do governo português”, reiterou o militante do PCP Pedro Guerreiro. Vários governos retiraram os seus embaixadores de Israel ou reuniram com os embaixadores israelitas. “Não sei o que é que o embaixador de Israel está cá a fazer. Já devia ter sido expulso”, gritou o membro do Fórum para a Paz e para os Direitos Humanos, Mário Tomé. Resposta de quem ouvia: “Boa! Assassinos Para a Rua! Assassinos Para a Rua!”, exigiram, mais alto do que nunca, virados para a embaixada. “E o governo tem de sentir o repúdio do povo português. Eu sinto-me mais Palestiniano do que Português. O nosso Timor de hoje está na Palestina. É preciso mobilizar milhares e milhares”, completou Tomé.

(Fonte: Público)

Ataque israelita condenado internacionalmente

O ataque de Israel à frota de auxílio humanitário que tentava furar o bloqueio da Faixa de Gaza está a ser condenado internacionalmente. A operação de comandos israelitas ocorreu em águas internacionais e provocou pelo menos dez mortos e dezenas de feridos. Israel diz que os soldados foram atacados e abriram fogo em auto-defesa, enquanto que os activistas acusam os Israelitas de terem disparado em primeiro lugar.
A abordagem à frota de seis navios que levava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza está a provocar uma crise diplomática de grandes proporções.
A operação teve lugar de madrugada, a 130 quilómetros da costa, quando a frota se encontrava ainda em águas internacionais, e saldou-se em pelo menos dez activistas mortos, quase todos de nacionalidade turca. Dezenas de pessoas a bordo de um dos navios e oito soldados israelitas ficaram feridos, no que já promete ser um pesadelo de relações públicas para o governo judaico.

Diferentes versões

Os activistas afirmam que os Israelitas começaram por disparar primeiro, antes mesmo de chegarem a bordo. Por contraste, Israel afirma que os seus militares dispararam depois de serem atacados com facas, bastões e, pelo menos, duas armas de fogo que foram arrebatadas aos comandos quando estes desciam, com cordas, de um helicóptero para o convés do navio-almirante da frota. Imagens israelitas captadas do ar mostram os comandos rodeados por activistas e um objecto, que os militares dizem ter sido uma bomba incendiária, a ser arremessado. Um dos comandos que apenas se identificou como "A" falou aos jornalistas e disse que um grupo de homens que falava árabe os apanhou de surpresa. Segundo ele, os ocupantes do barco tiraram os capacetes e equipamentos a alguns dos soldados e atiraram-nos para uma coberta inferior, tendo alguns dos militares saltado para a água a fim de se salvarem.
O canal de televisão turco NTV mostrou activistas que agrediam com paus um dos comandos, quando este punha os pés no barco.
Antes que as comunicações com os navios fossem interrompidas, um site de internet turco mostrou um vídeo caótico, em que activistas com coletes de salvação cor-de-laranja corriam de um lado para o outro, enquanto tentavam ajudar uma pessoa que jazia na coberta. Também se via um helicóptero e barco de guerra israelitas.
Um jornalista do canal de televisão árabe Al-Jazeera, que seguia no navio principal, disse que os Israelitas dispararam contra o barco, antes de o abordar, e feriram o capitão.
"Estes selvagens estão a matar pessoas aqui. Por favor, ajuda!", disse um jornalista turco. A emissão da Al-Jazeera terminou com uma voz que gritou em hebraico: "Que todos se calem!".

Netanyahu invoca auto-defesa

A crise fez com que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu tomasse a decisão de cancelar a muito antecipada visita aos Estados Unidos para reuniões com o presidente Barack Obama, anunciando, em vez disso, o regresso imediato a Israel a partir do Canadá onde se encontrava. Netanyahu declarou que "lamentava" a perda de vidas humanas causadas pela intervenção contra a flotilha de ajuda internacional, acrescentando que "os soldados israelitas foram forçados a defender-se".
O raide trouxe de novo para a ribalta o bloqueio que Israel tem vindo a impor à Faixa de Gaza desde que o movimento islâmico palestiniano Hamas conquistou o controlo do território em 2007.
Este bloqueio, juntamente com a ofensiva do exército israelita contra Gaza em 2008-2009, que Israel justificou com a necessidade de impedir os ataques com rockets do Hamas, têm vindo a alimentar o sentimento anti-israelita a nível internacional. O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, foi dos primeiros a condenar a violência. Por seu lado, a Casa Branca emitiu um comunicado em que declara: "Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas e os ferimentos sofridos, e estão actualmente a trabalhar no sentido de compreender as circunstâncias que rodeiam esta tragédia".
O governo americano tem vindo a tentar relançar as negociações de paz directas entre Israelitas e Palestinianos, mas os progressos têm sido lentos e praticamente estagnaram nos últimos meses.

Obama quer apurar todos os factos

O presidente Barack Obama manifestou "profunda tristeza" com o sucedido. Segundo uma declaração emitida pelos seus assessores, o presidente norte-americano "expressou a importância de serem apurados todos os factos e circunstâncias" em torno do incidente que envolveu barcos de auxílio que tentavam ultrapassar o bloqueio à Faixa de Gaza.
Obama disse também que "compreende o desejo do primeiro-ministro [Netanyahu] regressar imediatamente a Israel para lidar com os acontecimentos de hoje".

Conselho de Segurança reuniu-se de emergência

Da Turquia vieram algumas das reacções mais fortes. A Turquia apoiava não-oficialmente a auto-denominada "flotilha da liberdade ", e uma das entidades organizadoras da iniciativa é uma associação pró-palestiniana turca.
Reagindo aos acontecimentos, Ancara retirou o seu embaixador de Israel e pediu ao Conselho de Segurança da ONU para reunir de emergência a fim de debater a crise.
O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdoğan, suspendeu a visita que estava a fazer ao Chile e regressou á Turquia. Erdoğan referiu que Israel violou a lei internacional e provou que não quer a paz na região. "É preciso que se saiba que não vamos ficar silenciosos face a este desumano terrorismo de Estado".

Condenação na Europa

A responsável pelos Negócios Estrangeiros da União Europeia, Catherine Ashton, disse que o bloco está profundamente preocupado, e apelou a Israel para realizar um inquérito.
Os países europeus também reagiram individualmente. O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, deplorou as mortes e apelou para o fim do bloqueio a Gaza. Por seu lado, a Grécia suspendeu os exercícios militares que tinha previsto fazer com Israel e adiou uma visita do chefe da força aérea israelita. Grécia, Egipto, Suécia, Espanha e Dinamarca convocaram os respectivos embaixadores de Israel, para exigir explicações pela violência. Espanha e França condenaram o que dizem ser "uso desproporcionado da força". Já o governo alemão apelou a uma investigação imediata, mas foi cauteloso em não atribuir culpas directas, e disse estar a tentar obter informações sobre seis cidadãos alemães que se acredita estarem a bordo dos navios.

Indignação no mundo árabe

O incidente provocou grande comoção no mundo árabe. Na Síria, Irão e Líbano, centenas de manifestantes protestaram nas ruas, incendiando bandeiras israelitas. A Arábia Saudita apelou à comunidade internacional para que condene Israel pelas suas políticas "bárbaras". No Cairo a liga árabe convocou para terça-feira uma reunião de emergência para discutir o incidente, enquanto que o Egipto e a Jordânia, os únicos estados árabes que têm tratados de paz com Israel, condenaram, em tom muito severo, a violência. O Egipto, em particular, está numa situação delicada: Sendo o único país árabe que tem fronteiras com a Faixa de Gaza, tem ajudado a manter o bloqueio israelita ao impedir a construção dos túneis de contrabando fronteiriço que são um dos pontos de passagem para mercadorias destinadas ao milhão e meio de Palestinianos que vivem em Gaza.

(Fonte: RTP)

Israel ataca frota de ajuda humanitária a Gaza


Foto: AFP

Pelo menos dez pessoas morreram e outras 36 ficaram feridas na sequência do ataque de comandos israelitas à "Frota da Liberdade" que transportava cerca de dez toneladas de ajuda humanitária e algumas centenas de militantes pró-palestinianos. O ataque deu-se em plenas águas internacionais. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, decidiu manter a sua viagem oficial ao Canadá e aos Estados Unidos apesar do ataque.

Um conjunto de barcos liderados por um navio de nacionalidade turca dirigia-se para a Faixa de Gaza com ajuda humanitária e algumas centenas de pessoas que procuravam furar o bloqueio imposto por Israel àquela região do Médio Oriente. Aparelharam no Domingo pelo meio-dia levando a bordo vários deputados do parlamento europeu que viajavam a título individual.
Detectados pela defesa israelita, três navios lança-mísseis da classe Saar saíram pelas 21h00 locais (18h00 GMT) do porto de Haifa e dirigiram-se à frota internacional com a missão de a interceptar e impedir a sua aproximação de território palestiniano.
Era já madrugada quando esta segunda-feira os três navios de guerra avistaram a frota auto-denominada "Frota da Liberdade". "O comando agiu em alto mar entre as 04h30 e as 05h00 da manhã (01h30 e 02h00 GMT) a uma distância de 70/80 milhas (130 a 150 quilómetros) das nossas costas", informa o porta-voz das forças armadas israelitas.
Encontravam-se em plenas águas internacionais. Foi aí que as autoridades militares decidiram agir. Helicópteros israelitas transportaram os comandos que desceram por cordas à abordagem do navio turco Mavi Marmara, que comandava o comboio humanitário.
Um canal de televisão do movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, mostrava esta segunda-feira imagens de comandos israelitas a descerem de helicópteros, com cordas, para os navios da frota de ajuda humanitária e a desencadearem confrontos armados com os passageiros pró-palestinianos já a bordo do barco turco que liderava o comboio. Vários feridos aparecem também claramente nas imagens teledifundidas.
Dez mortos e dezenas de feridos, de acordo com as autoridades militares israelitas, 15 abatidos e meia centena de feridos, a acreditar nomeadamente na ONG IHH turca a operar em Gaza.
"Quinze pessoas foram mortas durante o ataque, sendo a maior parte delas de nacionalidade turca", afirmou Mohammed Kaya que dirige a ONG em Gaza.
As forças armadas israelitas, que impuseram o silêncio nas informações sobre a sua acção militar, sempre foram adiantando a sua versão dos acontecimentos. De acordo com o canal de televisão israelita, os comandos israelitas abriram fogo após terem sido atacados com machados e facas por membros que seguiam a bordo da flotilha. "Durante a operação, soldados israelitas foram confrontados com duras violências físicas. Alguns dos passageiros utilizaram armas brancas ou machados e tentaram arrancar as armas das mãos de um dos soldados. Face à necessidade de defender a vida, os soldados empregaram meios anti-motim e abriram fogo", lia-se no comunicado das forças armadas. "Esses confrontos fizeram vários mortos e feridos entre os passageiros. Pelo menos quatro soldados foram feridos, um dos quais com um tiro, e foram transferidos para hospitais israelitas", acrescentava o comunicado. Pelo menos um dos navios foi apreendido pela marinha israelita.

Versão israelita

Israel acusa os passageiros do barco turco, pró-palestinianos, dos incidentes ocorridos na madrugada desta segunda-feira. De acordo com Mark Regev, o porta-voz do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu, foram os passageiros do barco de ajuda humanitária que desencadearam os confrontos. "Nós fizemos todos os esforços possíveis para evitar este incidente. Os militares tinham recebido instruções de que se tratava de uma operação de polícia e de que deveriam actuar com contenção máxima", acrescentou Regev citado pela France Press. "Infelizmente, foram atacados com uma extrema violência pelas pessoas do barco, com barras de ferro, facas e com tiros reais, sublinhou Mark Regev.
Ficou por explicar, na versão israelita, porque é que a acção foi levada a cabo em águas internacionais sobre as quais a marinha israelita não tem quaisquer direitos e, em consequência disso, em clara violação do direito internacional.

O apelo aos protestos árabes

Em Gaza, o Hamas, movimento islamita que controla o território, apelou a um levantamento dos árabes e muçulmanos frente às embaixadas israelitas. "Apelamos a todos os árabes e a todos os muçulmanos que protestem frente às embaixadas sionistas em todo o mundo", declarava o porta-voz do Hamas, Sami Abou Zouhri.
O chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh denunciou "o ataque bárbaro" contra a flotilha internacional.
A Autoridade Palestiniana reclamou a convocação de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para analisar o acto.
O presidente Mahmoud Abbas condenou o "massacre" e decretou três dias de luto nos territórios palestinianos. "Consideramos que se trata de um massacre que nós condenamos", afirma Mahmoud Abbas.
O Egipto pleiteou o seu protesto contra a acção israelita com o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossam Zaki, a "condenar as mortes perpretadas pelo exército israelita a bordo de um barco da flotilha que se dirigia a Gaza para furar o bloqueio israelita". "O Egipto sempre chamou a atenção para o perigo do bloqueio ilegitimo imposto à Faixa de Gaza, e apela novamente, após estes trágicos incidentes, ao levantamento imediato do bloqueio", concluiu.

Condenação internacional

A acção militar empreendida por Israel contra a missão humanitária pró-palestiniana já foi condenada internacionalmente. O chefe da Liga Árabe Amr Moussa, já veio afirmar peremptoriamente que "condena este crime, cometido contra uma missão humanitária e contra civis. Nós tentamos ajudar as pessoas. Esta não era uma missão militar, toda a gente deveria condenar esta acção". "Estamos em contacto com os países árabes para decidir a próxima etapa", concluiu Amr Moussa.
No Ocidente, a União Europeia já pediu a abertura de um "rigoroso inquérito" pelas autoridades israelitas sobre as circunstâncias do seu raide contra a frota de ajuda pró-palestiniana.
Os embaixadores dos 27 países da União Europeia em Bruxelas reúnem-se extraordinariamente no início da tarde de hoje para fazer o ponto da situação após o assalto do exército israelita à flotilha pró-palestiniana que se dirigia a Gaza.
A Grécia já chamou o embaixador de Israel em Atenas para saber da situação dos seus cidadãos, e interrompeu o exercício militar conjunto que levava a cabo com a marinha israelita.
A França, pela voz do seu presidente Nicolas Sarkozy, "condenou o uso desproporcionado da força", exigindo "toda a luz sobre esta tragédia, que demonstra a necessidade do relançamento do processo de paz". O comunicado do Eliseu refere que o "presidente da república exprime a sua profunda emoção face às trágicas consequências da operação militar israelita contra a 'Flotilha da Paz' com destino a Gaza".
Desproporcionado foi também a qualificação do governo alemão. A intervenção mortífera israelita contra a flotilha pró-palestiniana ao largo de Gaza "é à primeira vista desproporcionada", segundo afirma o porta-voz do executivo de Angela Merkel, Ulrich Wilhelm.
"Os governos alemães sempre reconheceram o direito de Israel de se defender, mas esse direito deve ser exercido no quadro de uma resposta proporcional", acrescenta, concluindo que "à primeira vista parece que esse não é o caso".
O ministro irlandês dos Negócios Estrangeiros, Micheal Martin, denunciou a acção "totalmente inaceitável" de Israel. "Estou seriamente preocupado com o assalto a um navio turco esta manhã por comandos israelitas", declarou o responsável político irlandês. "O meu ministério procura apurar os factos e assegurar-se da segurança dos oito irlandeses que estavam a bordo", continuou. "As informações segundo as quais 15 pessoas terão morrido e 50 ficado feridas, se forem confirmadas, constituirão uma resposta totalmente inaceitável do exército israelita contra o que era uma missão humanitária que tentava entregar bens absolutamente necessários aos habitantes de Gaza", acrescentou.
A Noruega junta a sua voz à dos outros países que condenam a acção israelita, qualificando-a de "inaceitável" e reclamando um inquérito internacional, segundo declarou o seu primeiro-ministro Jens Stoltenberg. A Noruega chamou também o embaixador israelita em Oslo. "Quaisquer que sejam as circunstâncias, é inaceitável lançar um assalto militar contra militantes humanitários civis", afirmou. "O governo norueguês possui informações segundo as quais o exército israelita assaltou barcos que transportavam ajuda humanitária civil", concluiu.
O governo português "condena" o assalto israelita e apela à instauração "rápida" de um inquérito "imparcial". "O governo português lamenta profundamente a perda de vidas humanas, condena o uso excessivo da força contra alvos civis e apela à instauração rápida de um inquérito para definir de forma imparcial as responsabilidades", lê-se num comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros. "O governo português reitera a sua profunda preocupação com a situação humanitária em Gaza e apela à aplicação total da resolução 1860 do Conselho de Segurança e ao respeito pelos direito humanitário internacional", acrescenta a nota do ministério de Luís Amado.
O alto comissário da ONU para os Direitos do Homem, Navi Pillay, afirmou-se "chocado" pelo assalto à flotilha pró-palestiniana. "Estou chocado com as informações que indicam que uma missão humanitária foi atacada esta madrugada e causou mortes e feridos quando a frota se aproximava da costa de Gaza", declarou Navi Pillay.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, revelou-se "chocado" em Kampala com o assalto dos comandos israelitas.
"Injustificável" e "inaceitável" são qualificativos que se lêem em quase todas as notas dos governos europeus sobre o incidente da madrugada desta segunda-feira.

Relações agravam-se entre a Turquia e Israel

A Turquia convocou o embaixador israelita em Ancara. "O embaixador (Gabby Levy) foi chamado ao ministério dos Negócios Estrangeiros. Nós vamos transmitir-lhe a nossa reacção em termos muito firmes", declarou um diplomata turco que pediu o anonimato.
O vice-primeiro-ministro, Bülent Arınç, manteve, entretanto, uma reunião de emergência com os mais altos responsáveis, entre os quais o ministro do Interior, o chefe da Marinha e o chefe das Operações Militares, de acordo com a agência Anatólia.
As relações entre a Turquia e Israel, que já não se encontravam num nível ideal, poderão agravar-se substancialmente e mesmo piorarem irreversivelmente. O incidente "poderá trazer consequências irreparáveis nas nossas relações bilaterais", avisa Ancara, que chamou o seu embaixador em Israel à capital.
Em Istambul e Ancara, concentraram-se muitas centenas de pessoas frente às instalações diplomáticas israelitas para protestarem contra o ataque à "Frota da Liberdade". Em Istambul, meio milhar de manifestantes protestaram energicamente entoando slogans hóstis a Israel. Importantes forças policiais foram deslocadas para o local, evitando que a situação perdesse o controlo. Não impediram, no entanto, o lançamento da garrafas de plástico contra o edifício. Na capital, cerca de 200 pessoas manifestaram-se frente à residência do embaixador de Israel e promoveram uma oração pública.

(Fonte: RTP)

25 maio 2010

Tegopi abriu unidade na Turquia



O maior fabricante português de torres eólicas, a Tegopi, abre esta sexta-feira a sua unidade na Turquia, apostando num mercado em forte crescimento.

O projecto da empresa portuguesa vai representar um investimento luso de três milhões de euros, o terceiro maior investimento português no país, integrado numa parceria com a Alkeg, empresa turca do sector. 

A Alkeg-Tegopi produzirá torres eólicas para o mercado turco e regiões vizinhas. 

No final do ano passado a Turquia tinha apenas 800 megawats de capacidade eólica instalada, longe dos 3,500 MW registados em Portugal, ou dos 25 mil MW na Alemanha. Mas o sector está em crescimento acentuado. 

Em 2009, a Turquia foi o segundo país do mundo com maior crescimento na energia eólica, só ultrapassado pela China. 

"É precisamente este mercado em expansão que queremos explorar. As torres eólicas são muito grandes e pesadas, e o seu transporte é bastante caro, pelo que não conseguíamos colocar torres fabricadas em Portugal a um preço competitivo nesta região. A partir de agora poderemos explorar o mercado turco, bem como o dos países vizinhos," diz Manuel Pedro Quintas, vice-presidente da empresa na Turquia. 

A Tegopi tem também previstos novos investimentos em Portugal. "Iremos construir uma nova unidade em Vila Nova de Gaia, que deverá estar concluída no final do próximo ano, num investimento que ronda os 21,5 milhões de euros," refere Manuel Pedro Quintas.

(Fonte: Expresso)

18 maio 2010

Turquia e Brasil fazem acordo com o Irão

Pouco depois de Brasil, Turquia e Irão assinarem o acordo de troca de combustível nuclear, Teerão garantiu que irá continuar a produção de urânio enriquecido. Alemanha, França e Reino Unido defendem que tratado não trará solução para o impasse nuclear.
Foi mais uma tentativa para ultrapassar o problema do programa nuclear de Teerão, alegam os países intervenientes na negociação. "Acordo é uma vitória da diplomacia", considerava Lula da Silva, em Teerão.
Perante Lula da Silva, presidente do Brasil, Mahmud Ahmadinejad, presidente iraniano, e Tayyip Erdoğan, da Turquia, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países comprometeram-se a cumprir um pacto, do qual se destacam duas clausulas: Teerão envia 12 mil quilos de urânio pouco enriquecido para a Turquia. Em troca, o Irão terá direito a receber 120 quilos de urânio enriquecido a 20% da Rússia e da França, no espaço máximo de um ano.
Contudo, a assinatura do acordo entre os três países foi já criticada pela Europa e vem também dificultar a estratégia dos Estados Unidos da América. Desta forma, Barack Obama pode não conseguir a aprovação internacional para as medidas punitivas sobre o Irão. Note-se que China e Rússia mostram cada vez mais resistência em impor sanções a um parceiro comercial da dimensão do Irão.

"Não nos enganemos"

A União Europeia considera que o pacto "não responde a todas as inquietações" da comunidade internacional, afirmou uma porta-voz da chefe da diplomacia, Catherine Ashton. "Não nos enganemos: uma solução para o assunto do reactor de pesquisa iraniano não solucionará o problema criado pelo programa nuclear iraniano", afirmou, por sua vez, o porta-voz do governo francês, Bernard Valero.
Entretanto, a Alemanha sublinhou que nada pode substituir um acordo entre Teerão e a Agência Internacional de Energia Atómica, defendendo que a importância de um pacto com a agência é primordial.
"O Irão tem a obrigação de garantir à comunidade internacional que suas intenções são pacíficas", lembrou um representante do governo britânico.
O acordo, ontem assinado, tem como base a proposta da agência internacional, que, no ano passado, previa o enriquecimento do urânio iraniano num outro país, a níveis que permitiram a sua utilização civil e não militar. Contudo, Ahmadinejad deixou claro que continuará a produção de enriquecimento do urânio a 20% no país.

(Fonte: Diário de Notícias)

17 maio 2010

Couceiro abandona o Gaziantepspor

No dia seguinte a ter terminado o campeonato da Turquia na 13.ª posição, José Couceiro deixou o comando técnico do Gaziantepspor, isto apesar de ter ainda mais um ano de contrato.
O anúncio da rescisão foi feito em conferência de imprensa, com o técnico português a falar juntamente com o director de comunicação do clube, Mehmet Kızıl.
Couceiro estava no Gaziantepspor desde Abril de 2009, chegando a acumular funções com o cargo de seleccionador da Lituânia.

(Fonte: A Bola)

15 maio 2010

Grécia e Turquia iniciam nova era de relações

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, deslocou-se à capital grega, Atenas, acompanhado de uma delegação ministerial e empresarial para marcar uma nova era nas relações entre os dois países. “A Turquia não tem outro objectivo que não seja a entrada de pleno direito na União Europeia. Ao meu amigo George Papandreou, peço-lhe apenas que apoie esta iniciativa”, afirmou Erdoğan.
A crise financeira na Grécia veio reforçar a necessidade do país reduzir o orçamento de defesa, o maior no seio da União Europeia, ou seja, oito mil milhões de euros por ano, o equivalente a 2,8% do PIB.
A visita de Erdoğan à Grécia resultou na assinatura de 22 acordos bilaterais em áreas como o turismo, energia, ambiente e a luta contra a emigração ilegal. Tratou-se da primeira visita oficial de Erdoğan à Grécia desde 2004.

(Fonte: Euronews)

10 maio 2010

Escândalo sexual leva à renúncia do líder da oposição

O líder do principal partido da oposição da Turquia, Deniz Baykal, renunciou esta segunda-feira ao cargo, depois da divulgação de um vídeo que, alegadamente, prova que o político tem um caso extraconjugal.
O vídeo mostra um homem identificado como Baykal, líder do secular Partido Republicano do Povo (CHP), num quarto com uma mulher, apontada como uma deputada do mesmo partido. As imagens foram divulgadas no site YouTube na semana passada.
Tanto Baykal, de 71 anos, como a deputada identificada no vídeo são casados.
Líder do CHP desde 1992, Baykal alegou que foi vítima de uma conspiração do governo. "Não se trata de uma gravação de sexo, é uma conspiração", afirmou. "Se isto tem um preço, e o preço é a renúncia à liderança do Partido Republicano do Povo, estou pronto para pagar. A minha renúncia não significa fuga ou desistência. Pelo contrário, significa que estou a lutar", disse.
Baykal, que não confirmou nem negou ter um caso, afirmou também que este tipo de vídeo não poderia ser divulgado sem o conhecimento do governo.
Promotores turcos iniciaram uma investigação na sexta-feira, proibindo a divulgação da gravação.
O Partido Republicano do Povo (CHP) é o mais antigo da Turquia, fundado por Mustafa Kemal Atatürk em 1923. Defende os valores seculares de Atatürk, fundador do moderno Estado secular turco.
Deniz Baykal é um dos políticos mais experientes do país, tendo já ocupado o cargo de ministro dos Negócios Estranhgeiros e de vice-primeiro-ministro em governos anteriores.
Baykal tem sido criticado por alguns membros do partido por não conseguir desafiar o partido do governo, o da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de forma mais eficaz.
O Partido da Justiça e Desenvolvimento adoptou uma estratégia que o levou a conseguir o apoio de pequenos empresários e muçulmanos conservadores do país, sem que o Partido Republicano do Povo reagisse de forma eficaz.
Baykal foi acusado muitas vezes de não oferecer uma opinião alternativa, agindo apenas como defensor dos valores tradicionais seculares do Estado.

(Fonte: BBC)

07 maio 2010

Reforma constitucional vai a referendo

O parlamento turco votou hoje um pacote de emendas para reformar a constituição. Apesar da maior parte dos deputados ter dito sim, o resultado final não chegou a uma maioria de dois terços para adoptar a reforma. O pacote tem agora de ser submetido a referendo.
A oposição acusa o governo de querer mudar a constituição para limitar os poderes da justiça e do exército. O executivo diz que é uma reforma necessária para a adesão à união europeia.
Nas ruas de Ancara, a população mostra-se céptica sobre a reforma. “Nada vai mudar porque eles [membros do AKP, partido no poder] querem vingar-se do passado. Está escrito nos jornais. O primeiro-ministro diz que vamos fazer parte da história, que a vamos escrever. Mas eles vão escrevê-la para eles próprios. Não se interessam pela nação”, diz um residente de Ancara.
“Penso que o referendo vai ser renhido. Talvez as pessoas o aprovem, mas não acredito que isso seja garantido porque há muito descontentamento contra o pacote de reformas e contra a tensão que criou”, acrescentou outro cidadão em Ancara.
A votação da reforma constitucional surge na sequência, nos últimos meses, de dezenas de detenções de militares, acusados de terem tentado derrubar o governo, em 2003.

(Fonte: Euronews)

05 maio 2010

Trabzonspor conquista Taça da Turquia

O Trabzonspor derrotou, esta quarta-feira, o Fenerbahçe, por 3-1, e conquistou a Taça da Turquia.
O Fenerbahçe ainda esteve em vantagem no marcador após o golo de Alex (55'), mas o Trabzonspor conseguiu virar o resultado, fruto das finalizações de Umut Bulut, Baytar e Colman.

(Fonte: A Bola)

01 maio 2010

Ataque do PKK contra posto militar turco faz quatro mortos e sete feridos

Quatro soldados turcos morreram e pelo menos sete ficaram feridos na sequência de um ataque de rebeldes curdos do PKK contra um posto militar no leste da Turquia, anunciaram hoje autoridades militares turcas. De acordo com as mesmas fontes, citadas pela comunicação social turca, o comandante do posto foi morto juntamente com três outros soldados. Dois dos sete feridos encontram-se em estado grave.

(Fonte: Lusa)

Pela primeira vez em 32 anos foram autorizadas manifestações do 1.º de Maio na Praça Taksim

No dia 1.° de Maio deste ano, entre 100 mil e 200 mil turcos reuniram-se, pela primeira vez em 32 anos, na Praça Taksim, em Istambul. Foi nessa praça que, em 1977, 37 pessoas morreram vítimas de um ataque terrorista contra os manifestantes do Dia do Trabalhador.
Este ano, o primeiro em que as manifestações foram de novo autorizadas, foi accionado um forte dispositivo de segurança. Vinte e dois mil polícias foram destacados para a praça, o que não impediu que um dos líderes sindicais fosse atacado por um grupo de trabalhadores. Mustafa Kumlu foi obrigado a abandonar o palco onde tencionava discursar e a abrigar-se num edifício próximo do local.
No geral, a manifestação decorreu de forma pacífica. Alguns manifestantes fizeram questão de relembrar o 1.° de Maio de 1977 com cartazes onde se lia: “Estive aqui há 33 anos e agora voltei”.
Após os sangrentos acontecimentos de 77, uma única manifestação foi realizada, no ano seguinte. Depois, o governo proibiu-as. Ao longo dos anos, os sindicatos tentaram manifestar-se na Praça Taksim, mas foram sempre impedidos pela polícia.

(Fonte: Euronews)