13 abril 2009

A operação Ergenekon

A operação Ergenekon começou com uma investigação relacionada com a descoberta de 27 granadas de mão numa casa, em Istambul, no ano de 2007.
Até hoje 219 pessoas foram interrogadas por alegadas ligações à denominada organização Ergenekon, 113 das quais foram presas.
Os dois primeiros processos julgados por um tribunal de Istambul definem Ergenekon como uma "organização terrorista", e reclamam que os suspeitos planeavam criar condições para a ocorrência de um golpe militar que derrubaria o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita) que lidera o Governo.
Generais reformados, empresários, jornalistas e políticos, todos eles opositores ao Governo, estão entre os detidos no âmbito da operação Ergenekon. No entanto, consta que o assassínio de um advogado no Conselho de Estado em 2006 terá sido alegadamente perpetrado pela organização Ergenekon, assim como o assassínio do jornalista turco-arménio Hrant Dink. A alegada organização terrorista também planearia matar o escritor turco galardoado com o prémio Nobel da literatura, Orhan Pamuk. As alegadas contradições entre os perfis dos detidos e as supostas operações planeadas e/ou perpetradas tornam esta operação uma malha cheia de complexidade.
A vasta operação Ergenekon tem dividido a opinião pública em duas grandes facções. Uma delas, principalmente defendida por Kemalistas e pela oposição ao Governo, acredita que o caso está a ser usado pelo Governo para liquidar os seus opositores. Outra facção, maioritariamente composta por apoiantes do Governo, diz que a operação constitui um grande esforço no sentido do fortalecimento da democracia.
Várias personalidades foram já detidas no âmbito da operação Ergenekon: Şener Eruygur - general reformado; Hurşit Tolon - general reformado; Tuncay Özkan - jornalista opositor ao Governo; Doğu Perinçek - líder do Partido dos Trabalhadores; Kemal Alemdaroğlu - antigo reitor da Universidade de Istambul; İlhan Selçuk - dono do diário Cumhuriyet, jornal com orientação de Esquerda e anti-AKP; Mustafa Balbay - jornalista do diário Cumhuriyet; Turhan Çömez - ex-deputado do AKP; Sinan Aygün - presidente da Câmara de Comércio de Ankara (ATO), Kemal Guruz - ex-director do Quadro Superior de Educação (YOK).
Hoje foi detido em Ancara o reitor da universidade Başkent e também dono do Kanal B.

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