17 março 2008

Partido do Governo em risco de ser encerrado


O procurador-geral do Supremo Tribunal turco solicitou na passada sexta-feira a ilegalização do Partido AKP (no poder) e a incapacidade política do presidente e do primeiro-ministro por violarem as leis que consagram o país como estado laico.
A Procuradoria tornou público o anúncio com o argumento de que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamista moderado) do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan "se converteu no centro das actividades contra o secularismo" ainda que sem adiantar mais pormenores.
Os media locais relacionaram esta medida com a autorização do véu islâmico nas universidades concedida pelo Governo.

O porta-voz do AKP, Dengir Mir Mehmet Firat, contestou esta acusação numa conferência de imprensa depois de uma reunião de emergência do Comité Central Executivo do partido e disse que se trata do "maior ataque contra as conquistas democráticas" da Turquia.
Além da ilegalização do partido governante, o procurador-geral do Supremo, Abdurrahman Yalçınkaya, pediu ao Tribunal Constitucional a incapacidade política do presidente da República Abdullah Gül, do primeiro-ministro e de outros 69 políticos do AKP.
Este partido foi fundado em 2001, depois de desaparecer o seu antecessor, o Partido da Virtude, proibido pelas suas actividades anti-laicas. A nova formação adoptou uma linha muito mais moderada em relação a outros partidos islamitas.
Nas últimas eleições gerais de Julho de 2007 obteve 46,7 por cento dos votos, o que lhe garantiu uma ampla maioria parlamentar.
Firat qualificou a denúncia do procurador-geral de "grande vergonha" e afirmou que desta forma sairão prejudicadas as aspirações turcas de adesão à União Europeia.
Por seu lado, o presidente Gül pediu calma aos cidadãos convidando-os a pensar se o país "ganharia algo" caso fosse levada a cabo a ilegalização do partido.
O procurador-geral tinha comentado anteriormente que o levantamento da proibição do véu para as mulheres estudantes nas universidades turcas transformaria as universidades em locais propícios à criação de grupos fundamentalistas.

(Fonte: Lusa/RTP)

1 comentário:

Aziz disse...

Mas se o AKP eh ilegalizado quem fica no governo? e nao eh obvio que as mesmas pessoas que fundaram o AKP fundarao outro partido e que esse partido ganharah novamente?