18 março 2008

Durão Barroso: "União para o Mediterrâneo não é alternativa à adesão da Turquia à UE"

À saída do Conselho Europeu da Primavera, em Bruxelas, José Sócrates, primeiro-ministro português, disse que a criação da União para o Mediterrâneo (UPM) por sugestão do Presidente francês, Nicolas Sarkozy, "é uma boa notícia para a Europa e para o Mundo". Portugal "está disponível" para investir na região, rematou. Para o chefe do Governo de Lisboa, a região do Mediterrâneo "é um dos centros de instabilidade global" e compete, portanto, à Europa também investir na cooperação reforçada com aqueles países, no sentido de dar atenção aos problemas da "segurança, estabilidade e cooperação económica". Sócrates clarificou que este é um projecto que vem acrescentar valor político e ambição ao Processo de Barcelona, existente desde 1995, precisamente para fomentar as relações com os estados ribeirinhos. Para o primeiro-ministro português, o plano de Sarkozy inaugura um novo capítulo na política externa da UE e ganhou o nome de Processo de Barcelona: União para o Mediterrâneo.
No final da reunião, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, recordou que é esperada a integração da Turquia na UPM e que esta "não é uma alternativa à adesão à UE", disse.
Durante a campanha eleitoral, Sarkozy, que se opõe à entrada de Ancara na UE, sugeriu que uma integração regional dos países do Mediterrâneo poderia substituir a candidatura turca à família europeia. Os detalhes respeitantes à organização da UPM ficam agora reservados para a agenda do Conselho Europeu de Junho, no final da presidência eslovena da UE. Para já, diz Sócrates, "há apenas uma proposta franco-alemã ainda não aprovada". De acordo com o documento de apresentação da UPM, é intenção de Sarkozy e de Angela Merkel, a chanceler alemã, atribuir à nova formação de estados uma co-presidência partilhada entre os países ribeirinhos. O problema parece ser agora conseguir consenso político no que toca ao comando da UPM. Apesar de os 27 fazerem todos parte da organização, de acordo com a proposta de Sarkozy, só os estados europeus mediterrâneos poderão assumir a co-presidência. Neste capítulo, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, António Lobo Antunes, assumiu que Portugal "é um país ribeirinho" e que Lisboa teria sido das primeiras capitais a ser sondada pelo chefe do Eliseu sobre a UPM. Do lado contrário do Mediterrâneo a questão é paralela, já que, com Israel a fazer parte da organização, os estados muçulmanos recusam ser representados por Telavive no comando da UPM.
A Cimeira da Primavera encerrou de forma pacífica, resultado de uma agenda consensual e dominada pelo lançamento do novo ciclo da Estratégia de Lisboa para a competitividade e o emprego na Europa.

(Fonte: DN)

Sem comentários: