27 fevereiro 2008

Bagdad diz que operação turca viola soberania nacional

O Governo iraquiano condenou ontem a incursão militar turca no Norte do país, sustentando que esta operação representa uma violação da soberania nacional. Ancara já respondeu que tem direito à “autodefesa”.
Desde quinta-feira passada que milhares de soldados turcos participam numa ofensiva contra as bases recuadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), nas montanhas do Norte do Iraque. O Governo iraquiano considera esta “acção militar unilateral inaceitável” e avisa que poderá pôr em causa “as boas relações entre os dois países vizinhos”. Bagdad volta a exigir a retirada dos militares turcos e compromete-se a combater as forças do PKK, organização armada que luta há décadas pela instauração de um Estado de maioria curda no Sudeste da Turquia e que terá cerca de quatro mil elementos refugiados nas montanhas do Curdistão. Apesar de o Iraque insistir que não permitirá que o seu território seja usado por grupos terroristas para atacar outros países, a Turquia afirma que nada tem sido feito pelo Iraque para rechaçar os rebeldes, tanto mais que a região é controlada pelas forças do Governo autónomo curdo, próximo do PKK. Ontem, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, afirmou que a incursão foi lançada ao abrigo de um “direito legítimo de autodefesa” contra a guerrilha curda que nos últimos meses atacou por várias vezes as suas forças estacionadas junto à fronteira. Garantiu ainda que o Exército irá retirar assim que tiver cumprido a sua missão, mas não adiantou uma data. As tropas turcas envolveram-se na passada segunda-feira em violentos confrontos com os rebeldes curdos, quando tentavam apoderar-se de uma das suas bases, a cerca de seis quilómetros da fronteira. Segundo as forças do Curdistão iraquiano, os combates decorrem de forma ininterrupta desde Domingo em redor da base de Zap, estando os militares turcos a avançar com a cobertura da artilharia instalada nas montanhas e dos helicópteros de combate. O Estado-Maior de Ancara reivindica a morte de pelo menos 153 rebeldes, ao mesmo tempo que confirma 17 baixas nas suas fileiras. Por seu lado, o PKK afirma ter matado 81 soldados e admite apenas três baixas.
(Fonte: AFP / Público)

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