01 agosto 2007

Começaram hoje os cortes de água em Ancara


A Turquia enfrenta grandes cortes no fornecimento de água e de eletricidade em função de uma grave seca que atinge o país e que provocou a redução do nível de água dos reservatórios até níveis críticos.
Em Ancara começou hoje o racionamento de água ordenado pela Câmara Municipal, e cada freguesia da capital, de forma alternada, disporá de dois dias de água e dois dias sem água durante os próximos cinco meses.
Após a divulgação do plano, o preço do garrafão de água potável de 5 litros aumentou 40% na última semana.
O nível dos reservatórios que abastecem Ancara é de 4,8%, enquanto em Istambul é de 28%, quantidade de água que os especialistas consideram suficientes apenas para os próximos três meses.
Caso não sejam registradas chuvas, Istambul deverá adoptar as mesmas medidas de Ancara.
Os especialistas criticam a demora do Governo e Municípios nas aplicação de restrições ao uso de água, algo que atribuem às eleições legislativas realizadas em Julho.
"Não só este Governo, mas também os anteriores fracassaram ao investir no sector energético durante os últimos 20 anos e, por outro lado, perderam tempo a falar vagamente sobre a energia nuclear", criticou o membro da Câmara de Engenheiros Eléctricos de Ancara, Cengiz Göltas, em declarações ao jornal Milliyet.
Outro dos problemas enfrentados na Turquia por causa da seca é o risco de uma crise energética por causa da dependência da eletricidade de procedência hídrica e do rápido aumento no consumo.
As primeiras províncias afectadas pelo corte de electricidade foram Denizli, Isparta e Antália, situadas nas regiões Egea e Mediterrânea, todas com grande volume turístico.
A produção eléctrica das represas dos rios Tigre e Kızılırmak, dois dos maiores da Turquia, registrou um total de 49% e 20%, respectivamente, o que representa uma perda de 12% da produtividade com relação ao ano passado.
O Governo turco prometeu a construção de novas represas e recentemente aprovou uma lei que permitirá pela primeira vez a abertura de fábricas nucleares no país.
Outra das soluções estudadas é a privatização da gestão de rios e lagos por um período de 29 a 49 anos.
Os concursos para as privatizações, que estarão abertos a investidores estrangeiros, incluirão um total de 12 ou 13 rios entre os quais estão o Tigre, o Eufrates e o Kızılırmak.
O aumento global das temperaturas e um ano com poucas chuvas são apontados como razões para a grave seca, embora alguns especialistas a atribuam ao mau uso dos recursos hídricos.
"O aquecimento global implica um aumento das precipitações. Se na Turquia vivemos uma seca não é culpa do clima e sim da falta de conhecimento ao usar a água", disse o professor de Ciências do Mar da Universidade de Izmir, Doğan Yaşar, em declarações publicadas na edição de hoje do jornal Sabah.

(Fonte: EFE)

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