21 agosto 2007

Gül só deverá ser eleito na terceira volta da eleição presidencial


O candidato dos islamitas do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) à eleição presidencial da Turquia, o ministro dos Negócios Estrangeiros Abdullah Gul não conseguiu ontem, como já se esperava, ser eleito na primeira votação efectuada pelo novo Parlamento turco. Apesar de estar garantida a validade do escrutínio, com a presença de mais do que os 367 deputados requeridos pela Constituição, Gül obteve 341 votos, inviabilizando, assim, a sua eleição, uma vez que as duas primeiras rondas de votação exigem que o sucessor de Ahmet Necdet Sezer seja eleito por uma maioria de dois terços. Tal pressupõe que o candidato apoiado pelo primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan, que reforçou a sua maioria absoluta nas recentes legislativas, voltará a falhar a eleição na ronda prevista para sexta-feira. Nessa altura deverá concorrer igualmente o nacionalista Sabahattin Çakmakoğlu, que alcançou 70 votos, deixando pelo caminho o candidato da extrema-esquerda Hüseyin Tayfun İcli, que só contabilizou 13. Se este cenário se confirmar, Gül deverá ser eleito à terceira votação, marcada para dia 28, altura em que lhe bastará a maioria simples dos 550 deputados para se transformar no primeiro chefe de Estado islamita da Turquia. O facto de Gül ser casado com uma mulher que usa o véu islâmico, proibido em todos os edifícios públicos do país, aumenta o nervosismo e a inquietação dos sectores laicos da Turquia, incluindo as forças armadas, de que o presidente da República é comandante-chefe, e a quem o fundador do Estado moderno turco, Kemal Atatürk, encarregou de defender e manter a laicização do país.

(Fonte: Diário de Notícias)

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