22 agosto 2007

Erdoğan convida jornalista a abandonar a Turquia


Os principais jornais da Turquia criticaram hoje duramente o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdoğan, por este ter convidado o colunista Bekir Coşkun a deixar o país.
Coşkun é uma figura proeminente do jornalismo turco cujas colunas satíricas são lidas por muitos leitores no jornal "Hürriyet". Tem criticado a candidatura à presidência da República de Abdullah Gül e no Domingo escreveu que não o reconheceria como presidente.
"Proposta fascista" (jornal "Cumhuriyet"), "Não é um primeiro-ministro, mas um agente turístico" ("Radikal"), "Bekir Coşkun enviado ao exílio" ("Milliyet"). Estas foram algumas das manchetes em alguns dos mais importantes jornais turcos.
"Há alguns que dizem que Abdullah Gül 'não pode ser meu presidente'. Infelizmente existem pessoas assim mal-educadas. Os que dizem isso deveriam abandonar primeiro a cidadania da República turca, ir para onde quiserem e eleger quem quiserem", afirmou Erdoğan sobre as críticas de Coşkun durante uma entrevista televisiva.
As declarações do primeiro-ministro provocaram reacções de diferentes sectores da sociedade.
Em resposta a Erdoğan, Coşkun escreveu hoje que ama apenas a Turquia e que não tem outro país para onde ir. "Ele trata assim todos os cidadãos? O que ele deveria fazer agora era mandar-me de camelo para a Arábia", disse o jornalista em entrevista a outra publicação.
Após a vitória do seu partido com 46,7% dos votos nas eleições gerais de Julho, Erdoğan prometeu em discurso à nação ser também o primeiro-ministro dos que não votaram nele e respeitar todos os sectores da sociedade.
O líder do principal partido de oposição, Deniz Baykal (do centro-esquerda CHP), ressaltou hoje que a declaração de Erdoğan revela a sua verdadeira face. "É por isso que somos contra a presidência de Gül", acrescentou.
O CHP tem alertado para o perigo de islamização do Estado caso Gül seja eleito.

(Fonte: EFE)

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