28 abril 2007

Polémica na Turquia devido à possibilidade da primeira-dama usar véu islâmico

O véu islâmico está a dividir de novo a Turquia, agora por causa da perspectiva de uma possível primeira-dama se recusar a tirá-lo e tornar-se num símbolo do islão político.
Hayrünisa Gül, casada com Abdullah Gül, chegou a reivindicar o uso permanente do véu no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, nomeadamente nas fotografias do cartão da universidade e do bilhete de identidade. Depois desistiu da queixa.
O analista político Tarhan Erdem considera que a Turquia deve atravessar esta experiência. As consequências não são previsíveis, mas a democracia não vai ser posta em questão.
Na verdade, será que um homem casado com uma mulher que não larga o véu islâmico, pode ocupar o mais alto posto de poder num Estado laico? Para muitos, isso representaria uma inegável marcha atrás em relação às reformas feitas em 1920 pelo pai fundador da Turquia, o amado Mustafa Kemal Atatürk, que proibiu mesmo o uso do turbante aos homens e desencorajou o porte do véu islâmico. O chefe de Estado-Maior general Yasar Büyükanit, afirma ser muito difícil conceber um comandante supremo das forças armadas turcas com uma esposa que usa o mesmo véu que é interdito às mulheres de todos os outros oficiais do exército.
Os militares consideram-se o garante dos valores republicanos instituidos por Atatürk. O próximo presidente deve ser sinceramente leal aos princípios laicos da República, "por convicção e não simplesmente da boca para fora," insiste o general.
O exército entendia-se muito bem com o antigo presidente Ahmet Necdet Sezer, um acérrimo defensor da laicidade. A elite laica do país, à qual pertencem os oficiais mais graduados e os magistrados, teme o rumo que o sucessor possa seguir.

(Fonte: Euronews)

Sem comentários: