30 abril 2007

Erdoğan apelou à estabilidade e destacou o bom desempenho da economia

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, fez um apelo à estabilidade e destacou o bom desempenho da economia durante o seu Governo, num discurso à nação gravado no passado sábado e transmitido esta segunda-feira pela estação pública de televisão turca.
"Há quatro anos e meio, este país era assolado por problemas graves que felizmente foram superados, um a um," disse Erdoğan, cujo Governo foi eleito em 2002 durante uma crise financeira marcada pela elevada inflação e pela desvalorização da moeda. Erdoğan lembrou que a taxa de crescimento da economia era de 7,3 por cento entre 2003 e 2006, e que o rendimento per capita anual quase duplicou, chegando a mais de 5000 dólares durante o seu Governo.
"Neste momento, basta protegermos o clima de estabilidade, basta protegermos o clima de paz. Basta que não prejudiquemos o clima de confiança que trabalhamos tanto para construir," acrescentou Erdoğan. "Unidade, proximidade, solidariedade, são as coisas de que mais precisamos," disse Erdoğan, sem fazer nenhuma referência directa ao impasse político que a Turquia atravessa.
O seu discurso foi gravado no sábado, um dia depois do exército ter ameaçado intervir no processo das eleições presidenciais. O exército, que se vê como o guardião do sistema secular turco, derrubou quatro governos desde 1960.
O partido de Erdoğan, o partido AK, nomeou o ministro dos Negócios Estrangeiros como seu candidato presidencial, e este já negou desistir da candidatura. O Parlamento, no qual o AKP detém a grande maioria, é responsável pela eleição do presidente.
Os mercados financeiros turcos caíram, fruto da cautela dos investidores face ao clima de instabilidade política. Esse clima de incerteza foi despoletado pelo recurso que a oposição apresentou ao Tribunal Constitucional tendo em vista a anulação das eleições presidenciais, pela grande manifestação anti-governo de Domingo e pela ameaça do exército.
Mas o partido de Erdoğan, apoiado pela União Europeia, mostrou uma atitude desafiadora sem precedentes para com o poderoso exército.
Os secularistas temem Erdoğan e Gül, ambos antigos islamitas cujas mulheres usam o véu islâmico proibido em todas as instituições governamentais turcas, de querer subverter a estrita separação entre religião e Estado que vigora na Turquia.
Erdoğan e Gül rejeitam essa ideia e remetem para a sua política pró-Ocidente. Gül tem sido o grande líder e mentor das negociações de adesão da Turquia à União Europeia.
O Tribunal Constitucional Turco começou na segunda-feira a examinar o pedido da oposição para a suspensão da eleição presidencial, decisão que pode despoletar eleições antecipadas. Na perspectiva de muitos analistas, a realização de eleições antecipadas contribuirá para uma acalmia das tensões.
O tribunal disse que vai tentar apresentar um veredicto no próxima quarta-feira, altura em que está prevista a segunda ronda de votos na candidatura de Gül. Não se prevê que Gül ganhe a presidência antes da terceira volta, a 9 de Maio.
O líder do CHP, o maior partido secularista da oposição, Deniz Baykal, apelou na segunda-feira à criação de uma aliança anti-governo protagonizada por todos os partidos da oposição e acusou o AKP de minimizar as preocupações seculares do povo.
Na grande manifestação de Domingo em Istambul, a maior cidade Turca e centro de negócios do país, muitos manifestantes acusaram o governo de estar a planear um Estado islamita e criticaram-no por não ter consultado os seus oponentes na escolha do presidente, detentor de grande peso simbólico e com importantes poderes de veto.
O AKP, criado a partir de um partido islâmico que foi banido, é apoiado por Turcos conservadores a nível religioso mas ganhou também apoio adicional por ter levado a cabo reformas económicas tendo em vista a entrada na União Europeia. Chegou ao poder em 2002, meses depois de ter sido criado.
Os seus adversários acusam-no de promover secretamente ideias religiosas entre os oficiais no seio da burocracia de Estado. A eleição de Gül iria acabar com a verificação e sanção do poder do governo.
Desde 1960 que o exército, o segundo maior da NATO, derrubou dois governos com golpes duros e outros dois por "golpes ligeiros", pressionando os líderes a resignarem. Mas os anteriores poderes do exército decresceram, em virtude de reformas levadas a cabo pelo AKP no âmbito da adesão à União Europeia.

Karzai e Musharraf em encontro diplomático na Turquia

Os presidentes do Afeganistão e do Paquistão, respectivamente, Hamid Karzai e Pervez Musharraf, estiveram presentes ontem num jantar oferecido pelo presidente turco Ahmet Necdet Sezer, em Ancara, antes do encontro de hoje de conversações bilaterais para acalmar as tensões na luta contra a insurreição talibã.
Antes de voar para a Turquia, Karzai disse ter um “desejo tremendo” de paz. “Eu vou com muita esperança, com um desejo tremendo de paz nesta região.” Acrescentou ainda, “o Afeganistão vai à Turquia com o coração aberto, com um grande desejo. Espero que seja recíproco.”
Recriminações mútuas têm perturbado as relações entre o Afeganistão e o Paquistão, ambos aliados chave dos Estados Unidos na luta contra o terrorismo.
“Todos estamos a sofrer, não é só o Afeganistão, não é só o Paquistão, é toda a região a sofrer,” disse Karzai. “A luta contra o terrorismo está a tornar-se ainda mais importante, e a cooperação entre todos nós a esse respeito torna-se mais necessária.”
Cabul acusa Islamabad de não fazer o suficiente para impedir os extremistas de entrarem no Afeganistão a partir das zonas tribais paquistanesas situadas ao longo da fronteira para aumentarem as fileiras dos insurrectos talibãs. Islamabad, por seu turno, assegura ter tomado as medidas necessárias e acusa o Afeganistão de atribuir ao Paquistão o seu insucesso na luta contra os talibãs, frente a um tráfico de droga em expansão e à acção dos senhores da guerra afegãos.
Apesar de um ataque suicida que feriu o ministro do Interior do Paquistão no passado sábado, o encontro realizou-se conforme planeado.
Ambos acordaram a criação de uma comissão conjunta sob a égide da Turquia para reforçar a confiança entre os seus países. O acordo integra uma declaração conjunta divulgada no final do encontro trilateral, cujo objectivo era reduzir as tensões entre o Afeganistão e o Paquistão face às acusações mútuas relativas às actividades da rede terrorista Al-Qaida na região.
Os líderes afegão e paquistanês comprometem-se a "tomar uma medida imediata sobre trocas específicas de informações" e a "recusar qualquer possibilidade de abrigo, treino e financiamento a terroristas e elementos implicados em actividades subversivas contra o Estado nos seus dois países", segundo a declaração conjunta. Os dois presidentes acordaram na criação de uma comissão conjunta, e concordaram em ter novas discussões na Turquia até ao final do ano ou início de 2008, declarou à imprensa o chefe de Estado turco, Ahmet Necdet Sezer, que participou na reunião.
Foi a primeira vez desde Setembro que os dirigentes afegão e paquistanês se encontraram.
Segundo Sezer, a "Declaração de Ancara" constitui "um passo importante" para desenvolver uma cooperação concreta entre os três países.
Além de Karzai, Musharraf e Sezer, participou na reunião o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan.
A mediação da Turquia foi acordada durante uma recente visita a Cabul do ministro dos Negócios Estrangeiros turco e actual candidato à presidência, Abdullah Gül.

A maior associação industrial e empresarial da Turquia (TÜSİAD) apela a eleições antecipadas

A maior associação industrial e empresarial da Turquia, TÜSİAD, apelou no domingo a eleições antecipadas como forma de resolver o choque entre o exército e o Governo. “São necessárias eleições antecipadas para proteger a integridade inviolável do secularismo e democracia,” declarou ontem a Associação Turca dos Industriais e Empresários (TÜSİAD).
O apelo às eleições antecipadas, feito pelo "lobby" de negócios mais poderoso da Turquia, veio no seguimento da reacção do investimento estrangeiro aos acontecimentos da passada sexta-feira. Aos resultados da primeira volta das eleições presidenciais, seguiu-se o apelo ao Tribunal Constitucional, acção rapidamente seguida por um sério aviso do exército. Estes eventos deixaram os investidores estrangeiros cautelosos durante o fim-de-semana com expectativas de que os mercados iriam reflectir esses acontecimentos hoje.
"Penso que os mercados poderão estar sob pressão na segunda-feira,” referiu o director da Goldman Sachs, Ahmet Akarlı, ontem.
Segundo o analista político Soli Özel, professor na Universidade Bilgi de Istambul, “se a situação não se clarifica nos próximos dias, ninguém pode adivinhar os resultados."

Abdullah Gül não retira candidatura

Abdullah Gül já assegurou continuar a ser o candidato do AKP (partido do Governo) à presidência do país, apesar de fortes críticas vindas da oposição. Gül confirmou que nunca colocará em causa os valores seculares que regem o país, e que Estado e religião continuarão a ser dois poderes separados. No entanto, esta posição não acalmou os ânimos de quem vê na sua eventual presidência um regresso às tradições conservadoras do islão.
Ontem Istambul recebeu mais de um milhão de manifestantes em protesto contra a ameaça religiosa, que deixaram bem claro que o país deve permanecer laico: “A Turquia é secular e vai continuar secular,” gritavam em uníssono.

29 abril 2007

Turcos manifestam-se em Istambul em defesa da laicidade do país


A Turquia está à beira de uma crise política e o ambiente é tenso. Está a acontecer neste momento, em Istambul, uma nova manifestação para defender a laicidade do país. Acorreram milhares de pessoas e ainda são esperadas mais. Ontem, um milhar de pessoas juntou-se em frente da Universidade de Ancara. A candidatura do ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Gül, à presidência não está apenas a dividir a sociedade turca, está também a provocar uma crise entre o Governo e o exército. Os partidos laicos e as chefias militares temem que a eleição de Abdullah Gül, membro do AKP, de tendência islamita, ponha em causa a separação entre religião e Estado. Gül não foi eleito à primeira volta e o exército, através do chefe do Estado-Maior, o general Yaşar Büyükanıt, diz estar preocupado e pronto a intervir para defender os valores laicos. Com o desenhar da crise, a imprensa e a oposição reclamam eleições antecipadas. Tal ocorrerá se o Tribunal Constitucional invalidar a votação de sexta-feira como pedem os partidos laicos, que boicotaram a sessão parlamentar. O Governo contesta a ingerência do exército nas presidenciais, e, por intermédio do ministro da Justiça, Cemil Cicek, recordou ontem em comunicado que as Forças Armadas estão sob tutela do primeiro-ministro.
Dezenas de nacionalistas manifestaram-se ontem em Istambul contra a ingerência do exército. Também a União Europeia pede aos militares turcos que fiquem fora da política e recorda que a democracia é condição fundamental para a candidatura da Turquia ao clube europeu.

(Fonte: Euronews)

Governo turco critica ameaça de intervenção militar

O Governo de tendência islâmica da Turquia criticou duramente a ameaça das Forças Armadas de intervir na política interna do país, e defendeu que os militares devem continuar sob o comando civil.
Segundo Cemil Çiçek, ministro e porta-voz do Governo, o primeiro-ministro Tayyip Erdoğan conversou ao telefone com o chefe do Estado-Maior general das Forças Armadas, Yaşar Büyükanıt, depois do comunicado de sexta-feira, quando os militares declararam estar prontos para agir em defesa do secularismo.
Cemil Çiçek afirmou que o comunicado foi um ataque contra o Governo e que o momento da sua divulgação foi calculado para influenciar o Tribunal Constitucional. "Os problemas da Turquia serão resolvidos dentro da lei. Não há outra maneira. As Forças Armadas devem obediência ao primeiro-ministro," afirmou o porta-voz à imprensa.
Nos últimos 50 anos, os militares derrubaram quatro governos no país. O comunicado divulgado na sexta-feira expressava a preocupação das Forças Armadas com as eleições presidenciais. No texto, os militares diziam-se prontos para actuar em defesa do Estado secular, da separação entre religião e política.
A elite secular turca, incluindo os generais e os juízes, teme que o partido do primeiro-ministro, o AKP, mine o sistema secular se também ganhar a presidência.
Çiçek, que também é ministro da Justiça, enfatizou o compromisso do Governo com os valores constitucionais, que incluem o secularismo.
O comunicado militar foi divulgado horas depois de Abdullah Gül, candidato do Governo, não ter conseguido os votos necessários no Parlamento para ser eleito presidente. A segunda volta das eleições está marcada para a próxima quarta-feira.
Partidos da oposição boicotaram a sessão de sexta-feira. Um deles, CHP, o maior partido da oposição, pediu ao Tribunal Constitucional para anular a votação porque estavam no plenário menos de dois terços dos deputados.

UE E EUA

Em Bruxelas, o responsável pelo alargamento da União Europeia, Olli Rehn, manifestou a sua preocupação com a situação turca. "Este pode ser um caso a seguir como exemplo, se as Forças Armadas turcas respeitarem o secularismo democrático e as regras democráticas de relações entre civis e militares," declarou Rehn à imprensa.
No entanto, a UE tem perdido influência na Turquia, onde a opinião pública se tem tornado céptica em relação ao bloco. Muitos Turcos sentem que a UE não quer permitir a entrada do país no bloco.
Dan Fried, vice-secretário de Estado norte-americano, diz que Washington espera que o seu aliado da NATO resolva as suas dificuldades "de uma maneira coerente com a democracia secular e com os preceitos constitucionais."
Há dez anos, os militares turcos, com o apoio popular, derrubaram o Governo islâmico do primeiro-ministro Necmettin Erbakan, governo do qual Gül fazia parte.

(Fonte: Reuters)

Neca marca na Turquia

O Português Neca marcou ontem o primeiro golo do Konyaspor no empate (2-2) em casa com o Galatasaray. O ex-médio do Belenenses e do Vitória de Guimarães, além do tento apontado aos sete minutos, realizou uma boa exibição ao longo do jogo.

(Fonte: Record)

28 abril 2007

Exército turco lança sério aviso contra tendência islamita após primeira volta das presidenciais

Horas depois de Abdullah Gül ter chumbado na primeira volta das presidenciais, o exército turco lança um aviso em defesa da laicidade. Diz que acompanha esta eleição com atenção, reserva o direito de agir e acusa o Governo de Erdoğan de fechar os olhos às acções dos islamitas.
Para os analistas este é um sério aviso, e recordam que o exército turco já realizou três golpes de Estado. As suas pressões levaram, em 1997, à demissão do primeiro governo islamita da história da Turquia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Gül, não conseguiu ser eleito presidente à primeira volta. Os partidos laicos da oposição boicotaram a sessão e recorreram ao Tribunal Constitucional. Pedem a anulação da votação, considerando que não deveria ter ocorrido por falta de quórum. Se a votação for invalidada, serão convocadas eleições legislativas antecipadas. Caso contrário, Abdullah Gül terá de esperar pela terceira volta para ser eleito apenas com os votos do seu partido, o AKP.
A oposição prepara para domingo um novo protesto para defender a laicidade.

(Fonte: Euronews)

Polémica na Turquia devido à possibilidade da primeira-dama usar véu islâmico

O véu islâmico está a dividir de novo a Turquia, agora por causa da perspectiva de uma possível primeira-dama se recusar a tirá-lo e tornar-se num símbolo do islão político.
Hayrünisa Gül, casada com Abdullah Gül, chegou a reivindicar o uso permanente do véu no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, nomeadamente nas fotografias do cartão da universidade e do bilhete de identidade. Depois desistiu da queixa.
O analista político Tarhan Erdem considera que a Turquia deve atravessar esta experiência. As consequências não são previsíveis, mas a democracia não vai ser posta em questão.
Na verdade, será que um homem casado com uma mulher que não larga o véu islâmico, pode ocupar o mais alto posto de poder num Estado laico? Para muitos, isso representaria uma inegável marcha atrás em relação às reformas feitas em 1920 pelo pai fundador da Turquia, o amado Mustafa Kemal Atatürk, que proibiu mesmo o uso do turbante aos homens e desencorajou o porte do véu islâmico. O chefe de Estado-Maior general Yasar Büyükanit, afirma ser muito difícil conceber um comandante supremo das forças armadas turcas com uma esposa que usa o mesmo véu que é interdito às mulheres de todos os outros oficiais do exército.
Os militares consideram-se o garante dos valores republicanos instituidos por Atatürk. O próximo presidente deve ser sinceramente leal aos princípios laicos da República, "por convicção e não simplesmente da boca para fora," insiste o general.
O exército entendia-se muito bem com o antigo presidente Ahmet Necdet Sezer, um acérrimo defensor da laicidade. A elite laica do país, à qual pertencem os oficiais mais graduados e os magistrados, teme o rumo que o sucessor possa seguir.

(Fonte: Euronews)

Oposição boicota eleição presidencial na Turquia


O candidato à presidência da Turquia não conseguiu os votos suficientes para ser eleito no Parlamento após um boicote da oposição.
O representante do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) e actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Gül, braço direito do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdoğan, recebeu apoio de 357 dos 361 deputados que votaram na Assembleia Nacional turca.
O chefe de Estado turco é eleito pelo Parlamento, que possui 550 cadeiras, num processo de quatro voltas. Segundo a Constituição do país, nas duas primeiras voltas são necessários dois terços dos votos (367), enquanto que na terceira uma maioria absoluta simples (276) é suficiente. O Partido Republicano do Povo (CHP), entrou com um recurso no Tribunal Constitucional para que a corte decida se é legal começar a votação sem a presença de pelo menos dois terços dos deputados na Câmara. Para boicotar a eleição, o CHP e outros partidos de oposição não entraram no plenário. No entanto, o AKP alega que o número de deputados presentes foi, no final, de 368, pois incluiu na lista alguns representantes do CHP que entraram na sala só para presenciar o processo. Os aliados de Gül afirmam que a presença de 184 deputados é suficiente para o início da votação, e o CHP sustenta que esse número deve ser 367, não só para escolher o presidente na primeira ou segunda volta, mas como quórum mínimo necessário para iniciar o processo eleitoral.
O primeiro-ministro criticou a oposição pelo boicote, horas antes da eleição, chamando todos os legisladores para participarem. "Podemos ser membros de diferentes partidos, mas somos um só povo," disse Erdoğan.
O Tribunal Constitucional deve decidir rapidamente, antes da segunda volta da eleição presidencial, prevista para o dia 2 de Maio.

Tensões
A eleição tem sido marcada por tensões entre o Governo, de raízes islâmicas, e os defensores dos ideais seculares da Turquia.
Observadores políticos advertiram de que é a primeira vez na história da Turquia que o Tribunal Constitucional intervém num processo eleitoral, facto que, na sua opinião, prejudicará muito a imagem do presidente que for eleito.
Os analistas locais acreditam que este é um sintoma de uma profunda crise política e da divisão entre laicos, liderados pelo exército, e islamitas, os mais moderados, encabeçados pelo AKP.
Há duas semanas, milhares de manifestantes reuniram-se numa praça de Ancara para protestar contra a possível candidatura do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdoğan, à presidência, e defender os princípios laicos do Estado.
Para domingo, os partidos laicos anunciaram uma nova manifestação em Istambul para protestar contra a possibilidade da eleição de um presidente islamita.

(Fonte: AP / EFE)

27 abril 2007

O voto crucial do Parlamento turco: Gül ou eleições antecipadas


O Parlamento turco vai viver hoje um dia histórico. Vai eleger o ministro dos Negócios Estrangeiros Abdullah Gül como 11.º presidente da Turquia, se conseguir os votos de 367 deputados, ou vai abrir o caminho para eleições antecipadas.

26 abril 2007

Desabamento de edifício residencial em Istambul

Ocorreu hoje, cerca das 18 horas locais, o desabamento de um edifício residencial de oito andares no centro de Istambul, no bairro de Şirinevler.
Pelo menos duas pessoas foram retiradas com vida dos escombros. No entanto, suspeita-se que pelo menos mais uma pesssoa possa estar debaixo das ruínas.
O desabamento ocorreu pouco depois das autoridades terem ordenado a sua evacuação, após detectarem fendas e rangidos.
O presidente da Câmara de Istambul, Kadir Topbaş, atribuiu a tragédia a danos na estrutura, causados pela demolição de um edifício vizinho. Moradores da região, no entanto, afirmaram que o imóvel estava danificado desde o grande terramoto ocorrido em 1999, que causou 17 mil mortos e cerca de 30 mil feridos.
Em Fevereiro, duas pessoas morreram e 26 ficaram feridas no desabamento de um edifício de cinco andares, situado no distrito de Zeytinburnu, em Istambul.
Os desmoronamentos de edifícios ocorrem com relativa frequência na Turquia, devido à baixa qualidade das construções e ao deficiente regulamento legal do sector.

Embaixador da Turquia em Portugal comenta a escolha de Sampaio para alto representante da Aliança das Civilizações

Jorge Sampaio "reúne todas as condições para que a sua missão permita à Aliança das Civilizações criar uma dinâmica de cooperação entre sociedades e grupos religiosos de todo o mundo," garantiu hoje o embaixador da Turquia em Portugal.
Kaya Türkmen, num comunicado à agência "Lusa", reagia ao anúncio hoje divulgado do convite directo feito ao ex-presidente da República português pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, para ser o primeiro alto representante da organização para a Aliança das Civilizações.
De acordo com o diplomata, a Aliança das Civilizações "deixa para trás fanatismos e visões simplistas das inquestionáveis complexidades existentes [...] É uma contribuição transcendente para que o entendimento na diversidade predomine sobre os fanatismos e intolerâncias," conclui o comunicado de Kaya Türkmen.
Aliança das Civilizações é o nome por que ficou conhecida a proposta apresentada pelo primeiro-ministro espanhol, Jose Luís Rodríguez Zapatero, na assembleia-geral da ONU, a 21 de Setembro de 2004. Visa o contraponto ao "Choque das Civilizações" teorizado pelo politólogo norte-americano Samuel Huntington em 1996, de que seria uma ameaça à paz e estabilidade globais, opondo nomeadamente a sociedade ocidental e a muçulmana. Pelo contrário, uma aliança entre as sociedades ocidental e islâmica terá como principal objectivo a cooperação anti-terrorismo, a correcção das desigualdades económicas e o diálogo cultural. Uma proposta no mesmo sentido fora apresentada anteriormente na ONU pelo então presidente do Irão, o reformista Mohammed Khatami. A proposta de Zapatero foi secundada pelo homólogo turco, Recep Tayyip Erdoğan, contando com o apoio imediato de países da Liga Árabe, Ásia, África e América Latina e, mais tarde, dos Estados Unidos. Fixado o ano oficial da Aliança das Civilizações em 2001, e aprovada a iniciativa pelo anterior secretário-geral da ONU Kofi Annan, foi criado um grupo de trabalho formado por 18 personalidades para entregar um plano de acção no final de 2005. Deste grupo de trabalho fizeram designadamente parte Khatami, o bispo Desmond Tutu, prémio Nobel da Paz sul-africano (1984), e Federico Mayor Zaragoza, director-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO). No Outono de 2005, a ONU aprovou uma resolução instando a comunidade internacional a fazer um esforço adicional para a promoção da cultura da paz e do diálogo entre civilizações. Em Abril de 2006, a Aliança das Civilizações abriu um sítio na Internet, em Inglês e Árabe, e em Novembro foi entregue ao secretário-geral da ONU um relatório de um grupo de alto nível que aconselhava a nomeação de um alto representante para dar visibilidade e continuidade ao projecto, supervisionando a aplicação de um conjunto de recomendações, lugar agora incumbido a Jorge Sampaio.
O gabinete do ex-presidente da República português declarou hoje que o alto representante se deverá "debruçar muito em breve" sobre o plano de acção - o conjunto de recomendações do grupo de alto nível - para o ajustar e, depois, o submeter a Ban Ki-moon.

(Fonte: Diário Digital / Lusa)

25 abril 2007

Eleições presidenciais marcadas para a próxima sexta-feira

A primeira volta das eleições presidenciais turcas realiza-se na próxima sexta-feira, de acordo com uma resolução adoptada ontem pelo Parlamento. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdulah Gül, é o nomeado pelo partido do Governo, tendo a eleição praticamente assegurada. A segunda volta das eleições realizar-se-á a 2 de Maio e as terceira e quarta voltas a 9 e 15 de Maio, segundo a decisão tomada pelos deputados dos partidos representados na Assembleia Nacional, que deverá eleger o 11.º presidente da República.
Uma maioria de dois terços do Parlamento, que se traduz em pelo menos 367 votos, é necessária para se ser eleito nas duas primeiras voltas, enquanto uma maioria simples, de pelo menos 276 votos, é suficiente para as seguintes. O partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, saído do movimento islamita) do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan, detém uma maioria absoluta, com 353 assentos. A imprensa turca admitia ontem que Erdoğan, dado como grande favorito, poderia não se candidatar e entretanto, segundo os média turcos, o actual ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Abdulah Gül, foi nomeado candidato para as presidenciais pelo AKP. A nomeação foi decidida na reunião da Junta Executiva do AKP, referiram ainda os média turcos.
O actual chefe da diplomacia turca, Abdullah Gül, apresentado como candidato do AKP, é um homem de confiança do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan. Economista de formação, teórico pró-ocidental do AKP, de origens islamitas, Gül, de 56 anos, terá dirigido a diplomacia turca durante quatro anos quando assumir a presidência da Turquia. Gül soube manter o sorriso nos tempos mais difíceis, quando se tratou de abrir o sudeste da Turquia às tropas norte-americanas que se preparavam para invadir o Iraque em 2003 – decisão rejeitada pelo Parlamento turco – ou quando foi necessário lançar em 2005 difíceis negociações de adesão com a União Europeia. Tido como braço direito e homem de confiança de Erdoğan, assumiu a chefia do Governo na sequência das eleições legislativas de Novembro de 2002, quando a justiça decidiu que o dirigente do partido não podia ser primeiro-ministro devido a uma antiga condenação por “incitação ao ódio religioso”. Cinco meses depois, Erdoğan conseguiu recuperar um lugar no Parlamento numas eleições legislativas parciais, e assumir então a chefia do Governo. Nascido numa família modesta a 28 de Outubro de 1950 no feudo islamita de Kayseri, centro do país, onde foi eleito quatro vezes deputado desde 1991, Abdullah Gül é licenciado pela Faculdade de Ciências Económicas da Universidade de Istambul. Fluente em Inglês, frequentou posteriormente universidades no Reino Unido, onde obteve um mestrado e depois um doutoramento em Economia. Durante uma entrevista, Gül terá afirmado que preferiria viver nos Estados Unidos ou na Europa do que instalar-se no Irão ou na Líbia. Entre 1983 e 1991, trabalhou como economista no Banco de Desenvolvimento Islâmico, na sede em Jeddah, na Arábia Saudita. Em 1991, Gül regressou à Turquia para fazer campanha para as legislativas ao lado do ex-primeiro-ministro Necmettin Erbakan, pioneiro do Islão político na Turquia e cujo partido, Refah, foi proibido em 1998 por “actividades anti-laicas”.
Eleito deputado em 1991, Gül foi nomeado vice-presidente do Refah. Reeleito nas legislativas de 1995, Gül tornou-se porta-voz do primeiro Governo de coligação islamita da história da Turquia moderna, no qual ocupa o cargo de ministro de Estado encarregue pelas relações externas, incluindo o dossier cipriota. Retirado do poder em Junho de 1997 pela pressão da hierarquia laica turca, civil e militar, o Refah foi tornado ilegal no início de 1998. Ao contrário de numerosos deputados do Refah, Gül juntou-se então ao partido da Virtude (Fazilet), que também seria dissolvido pela justiça por “actividades anti-laicas” em 2001. Tido como metódico e apreciado pelos diplomatas, Gül defendeu ao lado da mulher, que usa véu, o uso do véu islâmico, proibido nas universidades e na função pública na Turquia, país muçulmano de Estado estritamente laico.

(Fonte: O Primeiro de Janeiro)

Chefe do Conselho de Educação Superior da Turquia foi alvo de atentado

O chefe do Conselho de Educação Superior da Turquia (YÖK), Erdoğan Teziç, um conhecido defensor da ordem secular no país, sobreviveu hoje a uma tentativa de atentado em Ancara.
Um agressor desconhecido entrou por volta das 13.30 horas locais no edifício do YÖK pela garagem, e anunciou aos agentes de segurança que queria ver Teziç. A segurança opôs-se ao encontro, ao detectar que o homem transportava uma arma. O homem tentou então escapar, e os serviços de segurança dispararam contra ele. Segundo testemunhas oculares, durante a fuga, o suspeito disparou três tiros para o ar, ameaçou vários motoristas para que o ajudassem a escapar, e finalmente utilizou um táxi para fugir.
O suspeito, um homem de 30 a 35 anos, é procurado pela polícia. As suas imagens, captadas por câmaras de segurança, foram divulgadas pelas televisões do país.
Segundo o vice-presidente do YÖK, Aybar Ertepınar, nenhuma pessoa ficou ferida no incidente.
Ertepınar afirmou que os membros do YÖK receberam ameaças de diversos tipos, mas disse que algo assim não era esperado.
O YÖK, que reúne os reitores das universidades da Turquia, caracteriza-se por ser um organismo fortemente opositor às políticas educacionais do Governo de Recep Tayyip Erdoğan e um importante reduto dos sectores laicos do país.
Esta tentativa de assassissínio aconteceu um dia depois do anúncio da candidatura à presidência do país do ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Gül, um islâmico moderado.

(Fonte: EFE)

24 abril 2007

Abdullah Gül é o candidato do Governo à presidência da República


O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, acabou de confirmar há escassos minutos que o ministro dos Negócios Estrangeiros do seu Governo, Abdullah Gül, será o candidato do partido do Governo (AKP) às eleições presidenciais.
"Depois de todas as nossas consultas e discussões para o 11.º presidente, o nosso caro ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdullah Gül, foi proposto para a presidência," disse Erdoğan há poucos minutos na Grande Assembleia Nacional turca, onde o AKP possui uma larga maioria.
Será esse Parlamento que irá eleger o novo presidente turco, numa série de votos que terão início no próximo dia 27. O novo presidente iniciará funções no dia 16 de Maio.
Veremos como é que os secularistas turcos irão reagir a esta notícia, uma vez que a mulher de Gül usa véu islâmico. De referir que nenhum homem na Turquia pode integrar as Forças Armadas turcas se a sua mulher usar véu islâmico. O presidente da República é o representante maior das Forças Armadas turcas a par do guardião do secularismo, uma entidade militar separada do Governo que "policia" o secularismo e que actualmente está representada no chefe do Estado-Maior general das Forças Armadas, o General Yaşar Büyükanıt.

22 abril 2007

Konyaspor de Neca empata em casa com penúltimo classificado

O Konyaspor não foi além, este sábado, de um empate em casa do penúltimo classificado da liga turca. Com o Português Neca em campo durante os 90 minutos, como se tornou habitual desde que chegou ao futebol local, o Konyaspor chegou a sofrer mas conseguiu o empate.
Logo aos 17 minutos o Ercyesspor colocou-se em vantagem através de um golo de Lazarov conseguido na marcação de uma grande penalidade. Apesar do muito domínio exercido sobre o adversário, o Konyaspor só chegou ao empate aos 67 minutos, por Erman Özgür.
Com este resultado, o Konyaspor mantém o 7.º lugar, mas pode descer para 12.º no final da jornada. Já o Ercyesspor continua em penúltimo.

(Fonte: Mais Futebol)

20 abril 2007

EUA e Turquia discutem operação no norte do Iraque

O coordenador do departamento de Estado norte-americano para o Iraque, David Satterfield, reuniu-se hoje em Ancara com membros do Estado-Maior do exército turco para abordar a questão da utilização do norte do Iraque pelo ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) como posição de retaguarda.
No encontro, foi também abordada a conferência de países vizinhos do Iraque, que se realizará em Sharm el-Sheikh (Egipto) a 3 e 4 de Maio, e a luta contra o terrorismo.
Satterfield fez primeiro uma visita de cortesia ao vice-secretário dos Negócios Estrangeiros, Ertuğrul Apakan, e depois encontrou-se com o enviado especial da Turquia ao Iraque, Oğuz Çelikkol.
Fontes do ministério dos Negócios Estrangeiros revelaram à imprensa turca que uma possível operação militar, por parte do exército turco, para derrubar as bases do PKK no norte do Iraque não foi discutida durante o encontro. Fontes do ministério sublinharam que Satterfield é um coordenador para o Iraque, não um enviado para derrubar o PKK. Revelaram que a Turquia e os Estados Unidos trocaram pontos de vista sobre soluções pacíficas para os problemas enfrentados no Iraque na base do consenso.
Mais tarde, Satterfield visitou o gabinete do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Yaşar Büyükanıt.
Na semana passada, o general Yaşar Büyükanıt, assegurou que uma operação no norte do Iraque era necessária e traria benefícios ao país. No entanto, esta semana, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, demonstrou pouco interesse numa operação desse tipo, ao destacar que traria mais riscos ao país do que eventuais ganhos. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, também manifestou objecções a uma operação deste tipo no norte do Iraque, alegando que "não resolveria o problema". Porém, disse entender as preocupações expressadas, dada a presença de bases do PKK no Iraque, utilizadas para matar pessoas na Turquia. Washington aconselha a Turquia a evitar qualquer acção unilateral contra o Iraque.

Detidos dez supeitos do ataque a editora cristã

Foram detidos mais cinco suspeitos do ataque sangrento à editora Zirve, aumentando para dez o número de detidos. Os suspeitos são todos homens da mesma faixa etária, com idades entre os 19 e os 20 anos, e não possuem registo criminal. A editora não tinha solicitado protecção ou informado sobre eventuais ameaças.

"Fizemos isto pelo nosso país"

Cópias de uma carta dizendo, “Nós os cinco somos irmãos e vamos morrer. Podemos não regressar,” foram endereçadas às famílias dos suspeitos e estavam na posse dos mesmos.
Os primeiros cinco suspeitos eram amigos e estavam alojados num dormitório, gerido por uma fundação religiosa, para estudarem para o exame de acesso à universidade. “Fizemos isto pelo país,” disseram no seu primeiro interrogatório, de acordo com o jornal diário "Milliyet".
O Governo e a polícia ainda não fizeram nenhuma declaração pública sobre a causa dos ataques, mas a imprensa questionava ontem se não existiria uma ligação entre o assassínio do padre católico Andrea Santoro no ano passado, do jornalista turco-arménio Hrant Dink em Janeiro deste ano, e dos trabalhadores da editora cristã Zirve. Mehmet Faraç, do jornal diário "Cumhuriyet", comentou que os assassínios em Malatya podem também ser interpretados como uma resposta às reacções no funeral de Dink, em que milhares de pessoas marcharam com cartazes dizendo, “somos todos Arménios”, e a crescente presença de actividades missionárias tanto no leste como no sudeste da Turquia.
Necati Aydın, uma das vítimas, era pastor da comunidade protestante de Malatya, informou o diário "Radikal". Foi preso por vender bíblias e acusado de insultar o Islão, há sete anos em Izmir, mas foi absolvido por testemunhas que disseram que ele unicamente deu a bíblia não mencionando nada sobre o Islão.
"Este crime é resultado de provocações contra as minorias na Turquia," disse Orhan Kemal Cengiz, o advogado de Necati Aydin. "A intolerância em geral tem crescido abruptamente na Turquia," disse.
Suzanne Geske, a mulher da vítima mortal de nacionalidade alemã, Tilmann Geske, disse querer que o seu marido seja enterrado em Malatya. Disse também adorar Malatya e desejar continuar a viver nessa cidade. A outra vítima mortal, Uğur Yüksel, foi a enterrar ontem na sua terra natal, Elazığ. O funeral de Necati Aydın será no sábado em Izmir.

18 abril 2007

Três homens foram assassinados numa editora cristã

Três pessoas foram degoladas num ataque armado contra a editora Turca Zirve, que publica bíblias e outros livros de temática cristã, na cidade de Malatya, no leste da Turquia.
As vítimas, atadas de mãos e pés foram encontradas degoladas na oficina da editora, cerca das 13.30 horas (hora local), explicou o governador de Malatya, Halil İbrahim Dasöz. Duas das vítimas são de nacionalidade turca, e a terceira é o Alemão Kirman Geske, que vivia na Turquia desde 2003.
As autoridades turcas condenaram o atentado. O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, falou em acto de "selvajaria". O embaixador alemão em Ancara, Eckart Cuntz, condenou o crime, considerando-o "brutal". Em Estrasburgo, o secretário-geral do Conselho de Europa, Terry Davis, declarou-se "horrorizado". "Estou horrorizado com este crime, cujos autores só me inspiram o mais profundo desprezo", declarou Davis num comunicado condenando o atentado, "que terá obedecido a motivos religiosos, porque as vítimas trabalhavam numa editora cristã."
A fundação de escolas "Imam-Hatip", onde se formam os teólogos muçulmanos da Turquia, afirmou que este crime "é incompatível com a humanidade e com o Islão. Cada indivíduo tem o direito de ser missionário da sua própria religião," revelou Ahmet Ağırbaşlı, director da fundação. O médico Murat Cem Miman, do Hospital Universitário Turgut Özal de Malatya, confirmou o internamento de dois feridos em estado muito grave. Um deles, identificado como Emre Günaydın, sofreu diversos ferimentos na cabeça depois de ter saltado pela janela da editora Zirve.
Segundo afirmou numa conferência de imprensa, o ministro turco do Interior, Abdulkadir Aksu, Günaydın é considerado suspeito do ataque, tendo sido disponibilizada protecção policial na unidade de cuidados intensivos onde se encontra. A polícia de Malatya efectuou várias detenções no local do crime e, até agora, quatro pessoas ficaram sob custódia da Direcção-Geral de Segurança para serem interrogadas.
As primeiras investigações sobre a autoria do ataque, que tirou a vida a três trabalhadores da editora, indicam que "não se trata de uma organização terrorista," afirmou num comunicado a Direcção-Geral de Segurança de Malataya.

(Fonte: Portugal Diário)

17 abril 2007

Turquia apresenta plano de preparação para aderir à UE em 2014

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Abdullah Gül, e o negociador-chefe para a adesão da Turquia à União Europeia, Ali Babacan, apresentaram hoje em Ancara um plano que prevê que a Turquia esteja preparada para aderir à UE em 2014.
O objectivo de Ancara é transcrever o direito comunitário da UE durante os próximos sete anos, sem levar em conta se no final o bloco aceitará ou não a sua adesão.
"Este programa corresponde às nossas próprias prioridades e não foi imposto pela UE," assegurou o ministro.
Ali Babacan acrescentou que neste ano e no próximo serão realizadas 200 emendas às leis nacionais.
"O objectivo do plano, hoje apresentado, é equiparar o nível de vida dos Turcos ao da UE até 2013," disse Gul. Acrescentou que a Turquia continuará a trabalhar por iniciativa própria nos temas que tinham sido suspensos, para os poder reabrir quando for necessário, sem problemas.
As negociações de adesão entre a UE e a Turquia foram retomadas no final de Março, depois de uma interrupção em Junho do ano passado, devido à recusa da Turquia em abrir os seus portos aos Cipriotas gregos.

(Fonte: Diário Digital)

16 abril 2007

Gigantesca manifestação em Ancara contra o Governo


Centenas de milhar de pessoas participaram numa manifestação, no passado sábado, na capital da Turquia para tentarem impedir que o partido do Governo, o AKP, escolha o primeiro-ministro, Tayyip Erdoğan, como o seu candidato a presidente da República.
O AKP representa a política islâmica e a possibilidade de Erdoğan ser eleito presidente pelo Parlamento em Maio, tem dividido a Turquia.
"A Turquia é laica e continuará laica," gritavam os manifestantes, com bandeiras nacionais e fotos de Mustafa Kemal Atatürk, reverenciado fundador da república, que separou a religião do Estado.
Um comandante da polícia disse que mais de 300 mil pessoas estiveram na manifestação. Para os organizadores, os presentes foram mais de um milhão. Dez mil polícias garantiram a segurança, mas a manifestação foi marcada pela calma.
Dezenas de milhar de pessoas vieram de outras regiões do país para a manifestação na Praça Tandoğan, uma das maiores que a Turquia viu nos últimos anos.
"Esta é a maior manifestação política da história de Ancara," afirmou Deniz Baykal, líder do principal partido de oposição (CHP).
Milhares de pessoas concentraram-se no mausoléu de Kemal Atatürk, um lugar onde os Turcos normalmente vão em épocas tensas.
A elite secular de generais, juízes e reitores universitários temem que Erdoğan, como presidente, tente minar o Estado laico. Eles apontam os esforços do AKP para expandir o ensino religioso e para nomear religiosos para postos importantes da administração.
O AKP tem uma maioria suficiente no Parlamento para eleger Erdoğan ou qualquer candidato que escolher para o mandato de sete anos como chefe do Estado.
O nome do candidato deve ser definido ainda este mês, e a eleição será realizada pelo Parlamento em Maio.
Erdoğan nega que tenha uma agenda islâmica, e diz que rompeu com o seu passado, sendo agora um democrata conservador.



(Fonte: Reuters)

13 abril 2007

UE quer solução pacífica para o conflito entre a Turquia e os Curdos do norte do Iraque

A Comissão Europeia pediu hoje para que as diferenças entre a Turquia e os Curdos do norte do Iraque sejam resolvidas pacificamente. Este pedido surgiu na sequência das declarações do general turco, Yaşar Büyükanıt, que invocou a necessidade de uma operação militar para acabar com os rebeldes curdos no norte do Iraque.
"A nossa esperança e o interesse de todos os envolvidos é que as possíveis diferenças sejam discutidas de uma maneira pacífica e construtiva," disse a porta-voz do executivo da UE, Krisztina Nagy. Recusou comentar as declarações do chefe das Forças Armadas turcas, general Yaşar Büyükanit, proferidas numa conferência de imprensa na quinta-feira, em que disse que "do ponto de vista militar, tem de ser feita uma operação no norte do Iraque." Nagy disse que Bruxelas está a acompanhar de perto a situação na região. "A estabilidade do Iraque é do nosso interesse comum e a UE reconhece o papel construtivo que a Turquia tem na área, e neste contexto é importante que a Turquia continue a ter esse papel construtivo," disse.

(Fonte: Reuters)

Presidente Sezer: "O sistema secular da Turquia corre grande perigo"


O sistema de governo secular da Turquia depara-se com seu maior desafio desde a fundação da República turca, em 1923, afirmou hoje o presidente Ahmet Necdet Sezer, um dia depois do chefe do Estado-Maior general das Forças Armadas turcas ter defendido o secularismo.
Em declarações dadas na Academia de Guerra semanas antes das eleições presidenciais marcadas para Maio, e nas quais pode ser eleito o primeiro presidente turco com raízes islâmicas, Sezer disse também acreditar na existência de uma campanha para minar as Forças Armadas do país.
Os militares vêem-se como os últimos guardiões do sistema secular da Turquia, fundado por Mustafa Kemal Atatürk, e nos últimos 50 anos já tiraram do poder quatro governos.
"O regime político da Turquia não se depara com um perigo deste tipo desde a fundação da República," disse Sezer. "As acções dirigidas contra a ordem secular e os esforços para colocar a religião dentro da política estão a alimentar as tensões sociais," acrescentou.
Amanhã, dia 14 de Abril, está prevista uma manifestação de grandes proporções, organizada pelos partidários do secularismo, para protestar contra os planos do primeiro-ministro turco, Tayyip Erdoğan, de concorrer à presidência.
A elite secular do país teme a possibilidade de Erdoğan (um ex-activista islâmico) minar a separação entre o Estado e a religião caso seja eleito.
O Partido do Governo (AKP), deve nomear o seu candidato à presidência na próxima quarta-feira. Como possui uma folgada maioria no Parlamento, o seu candidato deve, quase certamente, substituir o secularista convicto Sezer, cujo mandato termina no dia 16 de Maio.
Na quinta-feira, o chefe das Forças Armadas do país, general Yaşar Buyukanıt, fez um alerta ao Partido AKP, afirmando que o próximo chefe de Estado do país deveria ser um seguidor fiel do sistema secular turco.

(Fonte: Reuters)

Orhan Pamuk regressou à Turquia para escrever novo romance


Apesar das ameaças dos ultranacionalistas, o escritor Orhan Pamuk, Nobel da Literatura em 2006, regressou a Istambul - cidade onde nasceu e que transformaria em grande protagonista da sua obra literária. E voltou para escrever o seu próximo romance. O escritor deixara a sua cidade sob escolta policial no dia 1 de Fevereiro, após o assassínio, por parte dos ultranacionalistas turcos, do jornalista de origem arménia Hrant Dink, ocorrido no passado dia 19 de Janeiro. A retirada do vencedor do Nobel, dias depois, foi justificada pelo facto do homem que a polícia suspeitava ter assassinado Dink - jornalista de quem o escritor era amigo - estar a planear um crime contra Pamuk. Sem fazer quaisquer declarações públicas, e num clima de descrição, Orhan Pamuk voltou à sua casa em Istambul, deixando assim os EUA, onde se instalara entretanto, alegadamente para dar aulas na Universidade de Columbia, Nova Iorque, com a qual tem um acordo. Segundo a sua editora, a Iletişim, Pamuk pretende ficar na Turquia pelo menos até Setembro, altura em que deverá dar por concluído o seu novo romance - "Masumiyet Muzesi" (que em Português significa "Museu da Inocência") - com edição prevista para o final deste ano. Há dois meses, quando abandonou o país, Orhan Pamuk foi acusado de "cobardia", nomeadamente pelo director do diário "Akşam", ao não admitir que a sua saída não se devia a um simples convite para dar aulas numa universidade norte-americana. No mesmo sentido, outro diário, o "Sabah", assegurava que o escritor levantara uma larga soma de dinheiro da sua conta pessoal, decidido "a não regressar por muito tempo". O que um e outro jornal sugeriam é que a saída de Pamuk se devia a ameaças pelo facto de ser um dos nomes mais odiados por parte dos ultranacionalistas turcos. Os mesmos que o haviam acusado de traição à pátria quando o escritor afirmou, numa entrevista a um jornal suíço, em 2005, que a Turquia fora responsável pelo genocídio do povo arménio durante a I Guerra Mundial. Pamuk teve de ir a tribunal, mas o julgamento seria anulado. Agora, dois meses depois de sair, Pamuk regressa e tenta que esse regresso fique no silêncio.

Fonte: (DN)

11 abril 2007

Cimpor elege Turquia como segundo mercado de produção já em 2009

Concretizada a compra da Yibitaş, em final de Fevereiro, por cerca de 548 milhões de euros, a cimenteira portuguesa vai investir mais 100 milhões numa nova fábrica, a quarta naquele país.
A Cimpor elegeu a Turquia como um dos seus principais mercados de desenvolvimento a curto prazo, situando-se ao nível da capacidade instalada no Brasil (segundo mercado no conjunto da cimenteira), logo a seguir à capacidade existente em Portugal.

(Fonte: Diário Económico)

BPI vê investimento da Cimpor na Turquia como "positivo"

Os analistas do Banco BPI consideram que as notícias de que a cimenteira nacional irá investir 100 milhões de euros este ano para construir uma nova fábrica na Turquia, de modo a aumentar a cua capacidade de produção em um milhão de toneladas por ano, como sendo benéficas para o papel da empresa.
Segundo o "Iberian Daily" de hoje do BPI, "a Cimpor tenciona aumentar a sua capacidade instalada das actuais 28 milhões de toneladas para 40 milhões de toneladas até 2011. Em relação a este projecto, não é claro se é parte dos planos de expansão anunciados quando adquiriu a companhia [turca], ou se se trata de um projecto inteiramente novo." "De qualquer modo", nota o BPI, "deverá ser um bom sinal, tendo em conta as perspectivas destas operações, permitindo à Cimpor diversificar a sua exposição e fornecer os mercados na região, em particular depois de algumas restrições (impostos) relativamente às exportações provenientes do Egipto," lê-se no texto do documento. O BPI relembra que, relativamente à actividade da Cimpor na Turquia, que a empresa "efectuou uma aquisição em Dezembro da empresa turca Yibitaş, tendo comprado uma participação de 99,7 por cento por 534 milhões de euros," considerando "uma boa decisão de um ponto de vista estratégico, e que foi visto como positivo pelo mercado."

(Fonte: Diário Económico)

Cimpor investe 100 milhões de euros para aumentar produção na Turquia

A cimenteira nacional vai investir 100 milhões de euros este ano na construção de uma nova fábrica na Turquia, de modo a reforçar a sua capacidade de produção em um milhão de toneladas. Em entrevista, o director executivo da empresa, Salavessa Moura, referiu que a Cimpor produz anualmente um total de 3,5 milhões de toneladas de cimento nas três fábricas que detém na Turquia. A nova unidade cimenteira vai iniciar a sua actividade em 2009, acrescentou o responsável. Ainda segundo Salavessa Moura, a empresa pretende aumentar a sua produção a nível global para 40 milhões de toneladas até 2011, face aos 28 milhões de toneladas de cimento previstos.

(Fonte: Diário Económico)

09 abril 2007

Onze militares turcos e um guarda local perderam a vida em confrontos com o PKK

Dez militares turcos e um guarda local morreram durante o fim-de-semana em confrontos com milícias do ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em diferentes pontos do leste da Turquia.
O funeral de um dos militares, no domingo, na província oriental de Erzurum, reuniu dez mil pessoas que protestaram contra o PKK e pediram a renúncia do ministro do Interior, de origem curda, Abdülkadir Aksu.
Quanto às baixas conhecidas do PKK, o exército turco revelou que foram mortos durante o fim-de-semana quatro milicianos curdos numa zona rural da província de Tunceli, no centro da Anatólia.
Por outro lado, em Istambul, equipas de peritos fizeram explodir, no domingo, de forma controlada, na populosa Praça Taksim, um pacote que continha três quilos de explosivos.
Os jornais turcos indicam que o pacote-bomba foi abandonado na praça por um terrorista do PKK que pretendia atentar contra a celebração do aniversário da fundação da polícia turca, há 162 anos. Três suspeitos, dois homens e uma mulher, foram detidos por estarem eventualmente relacionados com o planeamento do atentado.
Noutro incidente em Istambul, um grupo de 15 simpatizantes do PKK lançou ontem coquetéis molotov contra a Direcção de Segurança do distrito de Beyoğlu, tendo sido detidos nove suspeitos.
O PKK, considerado uma organização terrorista pela Turquia, EUA e União Europeia, iniciou a luta armada em 1984 para reivindicar a autodeterminação dos mais de 15 milhões de Curdos da Turquia. Desde então, mais de 35 mil pessoas morreram no conflito. A Turquia alega que o PKK utiliza o Curdistão iraquiano para se abastecer de armamento.

(Fonte: EFE)

08 abril 2007

Português Neca em grande no Konyaspor

O Português Neca abriu caminho para a vitória do Konyaspor na recepção ao Ankaragücü, no encontro da 27.ª jornada do campeonato turco. O médio, cedido pelo Marítimo, tem-se assumido como titular e marcador oficial dos castigos máximos.
Ao minuto 36, o Konyaspor beneficiou de uma grande penalidade que Neca não desperdiçou, inaugurando a contagem. Eren viria a dilatar a vantagem da sua equipa.
Com este resultado, o emblema do jogador português saltou para o 6.º lugar da tabela classificativa, aproveitando as derrotas do Gençlerbirliği e do Sivasspor.

(Fonte: Mais Futebol)

07 abril 2007

Entrevista com o novo embaixador da Turquia em Portugal: Ömer Kaya Türkmen

2014 é a data que o embaixador da Turquia em Portugal aponta como provável para a adesão do seu país à União Europeia. Ancara é um dos mais antigos candidatos ao clube europeu, mas só em Outubro de 2005 viu o pedido atendido por Bruxelas.

O embaixador da Turquia em Portugal, Ömer Kaya Türkmen, argumenta que os entraves à adesão de Ancara são sobretudo "de ordem psicológica" e acrescenta que "se não houvessem todas estas questões de ordem política, do ponto de vista puramente técnico e económico, a Turquia poderia entrar na União Europeia dentro de três ou quatro anos".
A Turquia é hoje o candidato mais controverso. Não há consenso entre os países do núcleo duro da Europa. O respeito pelos direitos humanos, o embargo à República do Chipre e o reconhecimento do genocídio de Arménios, no início do século XX, são os obstáculos mais pesados.
Apesar das vozes dissonantes entre os 27, Türkmen diz que cabe à Turquia mostrar aos Europeus o que pode trazer de novo à velha Europa. O embaixador aponta que, para além da pouca vontade política de alguns governos, "é preciso convencer os cidadãos europeus de que não devem ter medo da entrada da Turquia".
A Turquia representa um mercado adicional de mais de 70 milhões de pessoas. Esta é, na visão do diplomata, a maior vantagem para a Europa.
Do ponto de vista geográfico, "a Turquia encontra-se na rota do abastecimento de energia para a Europa, por exemplo, o que constitui uma grande vantagem," aponta.
Por outro lado, Türkmen refere que "é chegada a hora da União criar uma ligação ao mundo islâmico". Este é provavelmente o ponto mais controverso para os governos europeus, que se dividem entre a preservação das raízes judaico-cristãs e aqueles que acreditam que a adesão de um estado islâmico seria uma mais-valia para a Europa. "Os outros países muçulmanos olhar-nos-iam como exemplo e, mais do que isso, a adesão da Turquia daria credibilidade à Europa."
Kaya Türmen desvaloriza as diferenças religiosas, com o argumento de que a "Turquia é o único Estado muçulmano laico e democrático". Para além disso, o embaixador diz que é necessário analisar a questão de outro prisma: "Sim, é verdade que os Europeus têm receio. Mas há 70 milhões de Turcos muçulmanos e eles não têm medo."

Direitos humanos: O eterno obstáculo

"Nos últimos anos a Turquia desenvolveu muito a legislação ao nível do respeito pelos direitos humanos. Mas ainda há muito a fazer ao nível da aplicação dessas leis."
Kaya Türkmen rejeita a ideia de que o respeito pelo direito internacional continue a ser um obstáculo à adesão. Aponta que "a Turquia cumpre todos os critérios de Copenhaga ao nível dos direitos humanos, do Estado de direito e da democracia".
Ainda assim, o histórico de violação de direitos humanos na Turquia não ajuda a que os responsáveis europeus tenham confiança na vontade de Ancara em cumprir à risca as recomendações vindas de Bruxelas. O embaixador alerta que "a mudança de mentalidades não ocorre da noite para o dia", e admite que "ainda há muito trabalho a fazer para mudar a forma de pensar, por exemplo, dos juízes e dos polícias".
A ensombrar ainda mais as negociações da adesão, está o embargo contínuo à ilha de Chipre. A Turquia vai ter de tomar uma posição se quiser ver o fim do problema. Este é, pelo menos, o aviso que ecoa em Bruxelas e em Berlim.
A ilha de Chipre está partida ao meio. O lado grego faz hoje parte da União Europeia, e o lado turco está, segundo Ancara, numa situação injusta. O diplomata acusa os Cipriotas gregos de falta de vontade política na reunificação da ilha.

Contas do passado


Injusta é também a situação que opõe duas versões da história, pelo menos da perspectiva turca. Ancara não aceita a classificação de genocídio para o que aconteceu em 1915 na Arménia. A falta de provas para o que sucedeu no início do século XX impede uma classificação final que esteja de acordo com a Convenção das Nações Unidas para o genocídio. Mesmo assim, a comunidade internacional, quase em uníssono, coloca-se do lado dos Arménios e endorsa a versão da história que conta uma limpeza étnica.
Também aqui, o embaixador remete para a falta de vontade dos adversários em encontrar uma solução viável, que agrade a ambos os lados. "Propusemos a criação de uma comissão internacional de académicos para averiguação dos factos. Não estão interessados. Isto porque o mundo inteiro parece ter aceite que o que se passou foi um genocídio. Os Arménios tiram partido desta situação em termos políticos. Porquê mudar os factos? França e Suíça são alguns dos países que chegaram mesmo a criminalizar a negação do genocídio arménio. Na mesma linha, o Parlamento Europeu já avisou que se vai opor à adesão de Ancara, até que a Turquia assuma os erros do passado."

(Fonte: Diário da Europa)

04 abril 2007

Turquia destaca-se no turismo de saúde

A construção, desde a antiguidade, de várias infra-estruturas termais na Anatólia, tem despertado a atenção de muitos turistas para esse produto. O ministério da Cultura e Turismo vai mesmo lançar um programa de desenvolvimento e captação de visitantes que pretendam desfrutar das qualidades que a Turquia oferece no turismo de saúde, devido às suas termas naturais. O projecto prevê ainda que em 2023, a Turquia se consagre como o destino número um mundial, no que diz respeito a esta variante do turismo.
De acordo com os seus responsáveis governamentais, "irão haver melhoramentos nas regiões que possuam termas naturais, para que possam atrair ainda mais visitantes. Nestes destinos iremos construir unidades para a prática de desportos náuticos, golfe, entre outros." Segundo o ministério da Cultura e Turismo, até 2023 existirão mais de 500 mil camas nestes locais.

(Fonte: Publituris)

02 abril 2007

José Sócrates reitera o apoio português à entrada da Turquia na União Europeia

A imprensa turca dá conta de declarações proferidas pelo primeiro-ministro português, José Sócrates, na passada sexta-feira, em que disse ser contra a aplicação de condições adicionais para a adesão da Turquia à União Europeia. “Nenhumas condições especiais devem ser aplicadas à Turquia, nem mais nem menos. Eu chamo a isso justiça e lealdade. A Turquia tem obviamente interesse em tornar-se membro da União Europeia, mas a União Europeia também tem interesses na adesão da Turquia,” disse Sócrates, durante o encontro com o presidente do Parlamento turco, Bülent Arınç.
Disse ainda que Portugal apoia o alargamento da União Europeia. “Nós somos leais nesta matéria e queremos que a Turquia se torne membro da União Europeia, depois de ter superado todos os requisitos.”
De acordo com Sócrates, as relações entre o Ocidente e o Islão serão o problema mais importante a ser abordado durante a presidência portuguesa da União Europeia. “Iremos depois especificar as nossas prioridades e levar a cabo diálogos com os países islâmicos moderados do Mediterrâneo. Digo claramente que a Turquia deverá estar connosco. Queremos que as negociações com a Turquia sejam concluídas com sucesso.”
Arınç disse que foi Portugal quem deu o maior apoio às aspirações turcas de entrada na União Europeia e expressou esperança na presidência portuguesa.

01 abril 2007

Bülent Arınç: "Europa não é clube cristão e permanece prioridade turca"

Bülent Arınç, o presidente da Grande Assembleia Nacional da Turquia, esteve em Lisboa. O destino da Turquia é a Europa, garantiu.

No dia em que falou em Lisboa com o "Público", em Bruxelas, os representantes dos estados membros retomavam finalmente as negociações de adesão com a Turquia. Uma boa notícia no meio do duche escocês a que a União tem sujeitado Ancara nos últimos meses, com a multiplicação de sinais contraditórios, mais negativos do que positivos, sobre o seu lugar na Europa. Nada parece, no entanto, perturbar as certezas do presidente da Grande Assembleia Nacional da Turquia, Bülent Arınç, membro do partido islamita moderado no poder, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). O seu percurso político acompanha, aliás, a história conturbada dos islamitas moderados, num país com uma tradição política ferozmente secular. Eleito deputado pelo Partido da Prosperidade (Reffah), que liderou um Governo efémero em 1996, para ser destituído pelos militares por atentar contra a identidade secular da Turquia. Foi de novo eleito pelo seu "filho", o mais moderado Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdoğan, no poder desde 2002 e que detém uma imensa maioria parlamentar.
A necessidade de tradução simultânea (do Inglês para o Turco e vice-versa) torna as suas certezas ainda mais absolutas. Respostas breves e de acordo com as posições oficiais da Turquia. A opção estratégica pela Europa "é de há muitos anos e não vai mudar". A Europa "não é um clube cristão", seja o que for que a chanceler Merkel ou o Papa digam sobre isso. Apesar do refluxo provocado pelas humilhações europeias, a opinião pública "regressará ao antigo entusiasmo pela adesão da Turquia". Aliás, Arınç não atribui apenas às hesitações e às contradições da União a efervescência nacionalista e extremista que tem marcado a vida política turca nos tempos mais recentes. Diz que se trata apenas "de forças marginais", sem grande expressão na opinião pública. Explica-as também pela confluência de inúmeros factores: "Chipre, o agravamento do conflito israelo-palestiniano, o Iraque e, claro, a questão do alegado genocídio arménio." Tudo isto, afirma, alimenta uma atitude negativa", que não é apenas em relação à Europa, mas também aos Estados Unidos." O último episódio que irritou Ancara foi a ausência de convite para as celebrações do Tratado de Roma em Berlim, no fim-de-semana passado. O chefe da diplomacia turca, Abdullah Gül, acusou a União de não olhar para o futuro. O primeiro-ministro Erdoğan foi mais duro: "Se a União Europeia tem pensamentos negativos sobre a Turquia, então devia tomar desde logo as suas decisões em conformidade, para que nós possamos continuar no nosso próprio caminho." "Teria sido desejável que a Turquia, como país candidato e já a negociar a adesão, tivesse sido convidada," diz Arınç. Lembra que ele próprio esteve presente nas celebrações de Roma, organizadas pelo Senado italiano, onde discursou. Mas não se deixa cair na tentação, implícita nas palavras de Erdoğan, de Ancara resolver um dia destes inverter a marcha em direcção à Europa e começar a olhar mais para leste. O que lhe interessa sublinhar é o papel da Turquia como "ponte", como "intermediário", mesmo nos casos em que o diálogo parece impossível, como em relação ao Irão. Primeiro, lembra que a Turquia alinha com os países europeus nas decisões internacionais. "O Irão é um país vizinho. A Turquia cumpre as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Dizemos sempre às autoridades iranianas que, embora favorecendo a utilização pacífica do nuclear, eles devem cumprir as determinações internacionais e agir com transparência." Dá o exemplo dos 15 marines britânicos capturados pelo Irão no dia 23. "O primeiro-ministro [Erdoğan] esteve na cimeira da Liga Árabe em Riad [na quarta-feira] e esforçou-se por negociar a libertação imediata dos marines britânicos." Mas regressa sempre à casa de partida: "A opção turca pela Europa não vai mudar. As dificuldades das negociações acontecem connosco mas também com outros candidatos. Não vamos abrandar a nossa determinação e ultrapassaremos todos os obstáculos." Lembra o longo caminho percorrido pela Turquia para adaptar a sua legislação aos padrões exigidos pela UE em matéria de democracia, direitos humanos e direitos das minorias. "Mais de 40 artigos da Constituição e cerca de uma centena de leis já foram alterados," diz. "Em termos de legislação, já não há muito mais a fazer." Garante que o polémico artigo 301 do Código Penal, que criminaliza os ataques à identidade nacional turca, estará revisto dentro de meses. É ao abrigo deste artigo que os tribunais têm julgado, e por vezes condenado, intelectuais, escritores e jornalistas, nomeadamente sempre que invocam a questão do genocídio arménio. Finalmente, recusa-se a comentar o facto mais controverso da vida política turca: se Tayyip Erdoğan se vai ou não candidatar à presidência da República. Para os sectores seculares que desconfiam dos verdadeiros objectivos dos islamitas moderados, tal significaria a concentração total de poderes nas suas mãos. O actual presidente, Ahmet Sezer, representa os sectores secularistas e é olhado como um "moderador" das tentações mais radicais dos islamitas. Para Bülent Arınç, ele próprio considerado um potencial candidato, ainda é cedo para saber como vai ser. Meio a rir, meio a sério, diz que 16 de Abril será o dia da clarificação.

(Fonte: Público)

Visita oficial do presidente do Parlamento turco a Portugal


O presidente do Parlamento turco, Bülent Arınç, efectuou uma visita oficial a Portugal, a convite do seu homólogo português, Jaime Gama.
Bülent Arınç revelou à imprensa turca que esta deslocação a Portugal constitui também uma resposta à visita que Mota Amaral fez à Turquia em 2004, acrescentando tratar-se da primeira visita a Portugal de um presidente do Parlamento turco. Disse que as relações entre a Turquia e Portugal são muito boas, acrescentando que “não existe nenhum problema entre nós. As nossas relações em termos económicos, culturais e militares estão a desenvolver-se de forma agradável. Por outro lado, Portugal é o país que mais apoia as negociações entre a Turquia e a União Europeia, vai presidir à União Europeia a partir de Julho, o que revela a nossa amizade e o facto de sermos aliados.”
No dia 29, Arınç foi recebido por Jaime Gama na Assembleia da República e também pelo primeiro-ministro português, José Sócrates, na sua residência oficial. No dia seguinte, foi recebido pelo presidente da República portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, no Palácio Nacional de Belém.