03 março 2007

Protestos no 10.º aniversário do "golpe pós-moderno"


Esta semana a Turquia lembrou o 10.º aniversário do seu "golpe pós-moderno", quando o Exército forçou o Governo da altura a abandonar o poder por o considerarem demasiado islâmico.
Muitas pessoas concentraram-se na Praça Beyazıt na região de Eminönü, em Istambul, na quarta-feira, para protestarem contra o processo que levou à demissão do 10.º Governo turco, e para pedirem o julgamento dos responsáveis. A concentração foi organizada pela Associação de Direitos Humanos e Solidariedade para Pessoas Oprimidas (MAZLUM-DER). O porta-voz do grupo, ligado à defesa dos direitos religiosos, descreveu o golpe como uma guerra total contra o povo turco, dizendo ter-se tratado de "um ataque contra os direitos e liberdades”.
Em 28 de Fevereiro de 1997, o Exército ocupou o Conselho Nacional de Segurança e remeteu uma lista de pedidos ao primeiro-ministro Necmettin Erbakan, que tinha irritado os secularistas com o convite de sheiks religiosos para a sua residência e com o estreitamento de relações com a Líbia e o Irão. Poucos meses depois Erbakan e o seu Governo abandonaram o poder sob pressão militar e presidencial.
Entre os pedidos remetidos ao Governo, constava a supressão do uso do véu islâmico nas universidades, que já estava em vigor na altura mas raramente imposto, e variadas restrições nas escolas secundárias vocacionadas para a formação de imames.
Sibel Kodakoğlu, que foi demitida da Universidade Boğaziçi depois da supressão do uso do véu islâmico em 1998, revelou que “naquela altura crianças e jovens, que deviam estar a ouvir os professores nas aulas, eram levados para a prisão”.

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