23 janeiro 2007

Reacções da Turquia ao assassínio de Hrant Dink


Na Turquia, um vasto número de políticos e centenas de organizações da sociedade civil continuam a condenar o assassínio do jornalista turco-arménio Hrant Dink.
“Actos desumanos como este nunca atingirão os seus objectivos,” disse o presidente Ahmet Necdet Sezer.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdoğan, felicitou as autoridades de segurança pela captura do suspeito do crime “em nome do país, em nome da luta pela democracia e liberdade”. Acrescentou ainda que "a nossa expectativa é a captura dos autores deste ataque, que entristeceu profundamente a nossa nação.”
O presidente do Parlamento, Bülent Arınç, condenou o assassínio e disse que “este ataque perverso, insidioso e deliberado tem como objectivo a destruição do futuro e felicidade da Turquia”.
O ministro turco do Interior, Abdülkadir Aksu, disse que o assassínio constituiu um ataque contra a democracia, paz e fraternidade. Condenou o crime e apresentou condolências à família.
O líder do Partido Republicano do Povo (CHP), Deniz Baykal, disse que o assassínio de Hrant Dink causou “a mais profunda e sincera agonia” em todo o país e em todos os sectores da sociedade. Durante uma visita ao patriarca arménio Mesrob II, Baykal apresentou condolências à comunidade arménia na Turquia. Em conversa com os jornalistas depois da visita, Baykal disse que o evento podia ajudar ao tão ansiado ambiente de paz, liberdade e fraternidade na Turquia. “Eu penso que foi o que aconteceu depois deste doloroso incidente. Devíamos prolongar este sentimento. Devíamos aprender com este incidente a criar um ambiente de solidariedade, amor e paz na Turquia.”
O deputado do Partido da Terra Mãe (ANAVATAN), Mehmet Erdemir, disse que o crime foi perpetrado por aqueles que tentam provocar a desintegração da Turquia.
O presidente do Partido Social Democrata do Povo (SHP), Murat Karayalçın, num congresso do partido no domingo, congratulou as forças de segurança pela captura do criminoso, contudo, criticou a inércia do Estado. “Não se espera por um pedido para se proteger alguém. Proteger é o dever das forças de segurança. Elas deveriam fazer o seu trabalho.”
O deputado do Partido do Movimento Nacionalista (MHP), Ali Işıklar, disse que os “poderes estrangeiros” estiveram por detrás do assassínio de Hrant Dink. “De acordo com a situação actual da Turquia, a tensão no Médio Oriente e o processo da União Europeia, fazem-se tentativas para mudar a agenda da Turquia, alimentadas por poderes estrangeiros.”
O líder do Partido Independente (Hür Parti), Yaşar Okuyan, disse que o crime foi um acto contra a Turquia. “Perturbou a Turquia,” disse Okuyan, sublinhando que quaisquer ligações que possam existir com outros grupos, devem ser reveladas o mais rápido possível.
O presidente do Partido da Felicidade (SP), Recai Kutan, disse que a Turquia está no caminho da desintegração, acrescentando que “o assassínio de Hrant Dink faz parte desse processo”.
O deputado do Partido da Felicidade (SP) e anterior ministro da Justiça, Şevket Kazan, condenou o assassínio, mas também criticou os protestos nas ruas e a comunicação social turca por usar expressões como “somos todos Hrant”, “somos todos Arménios”. Kazan disse, “nós somos Mehmet, Hasan e Hüseyin, não somos Hrant, não somos Arménios. Isso equivale a dizer que somos servos [de outras nações]. Isso não pode acontecer.” Kazan também disse que a CIA e a Mossad estão por detrás do assassínio de Hrant Dink.
O dirigente do Partido da Grande Unidade (BBP), Muhsin Yazıcıoğlu, condenou o crime e felicitou as forças de segurança por terem capturado o autor do crime, contudo, disse que averiguar quem está por detrás do crime tem de ser uma prioridade. Yazıcıoğlu também negou que o assassino tenha quaisquer ligações com as organizações juvenis do seu partido. Condenou os jornais “que põem notícias difamatórias a circular, num momento em que o que a Turquia mais precisa é unir-se em solidariedade”.
Ali Müfit Gürtuna, que dirige o recém criado Movimento Turkuaz, apresentou condolências à Turquia e à comunidade arménia na Turquia.
Entretanto, centenas de pessoas permanecem no local onde Hrant Dink foi morto, acendendo velas e depositando flores em redor do seu retrato. Alguns grupos gritam frases de protesto a condenar o seu assassínio.
Desde o momento em que Hrant Dink foi assasinado, não param as marchas de pesar em muitas cidades turcas, nomeadamente na cidade natal de Hrant Dink, Malatya.

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