29 janeiro 2007

Advogado termina greve de fome ao fim de 293 dias


O advogado Behiç Aşçı, terminou uma greve de fome de 293 dias, depois do Governo turco ter decidido diminuir o isolamento dos presos políticos.
Behiç Aşçı, de 40 anos, terminou a greve de fome e concordou ser levado para um hospital de Istambul para fazer tratamento, depois do ministro da Justiça ter despachado um decreto na passada segunda-feira, a duplicar o tempo de socialização dos presos nas cadeias turcas de segurança máxima.
Na Turquia, quem utiliza a greve de fome como forma de protesto, geralmente bebe chá e água com sal ou açúcar e toma vitaminas para prolongar o tempo do protesto. O protesto deste advogado visou forçar o Governo a melhorar as condições nas prisões de tipo F, onde os acusados de crimes e de terrorismo são encarcerados em celas destinadas a uma a três pessoas. O porta-voz do Parlamento turco, Bülent Arınç, tinha prometido no mês passado à família de Behiç Aşçı rever as condições dessas prisões.
No momento em que Aşçı foi transportado para o hospital, dezenas de apoiantes gritaram que a sua luta contra o sistema das prisões de alta segurança iria continuar.
Na passada segunda-feira, o ministro da Justiça duplicou de cinco para dez horas por semana o tempo em que os presos se podem encontrar, e aumentou de quatro para dez o número de presos que podem estar juntos durante o tempo de socialização. Para os activistas de direitos humanos esta decisão não é suficiente, e pedem a abertura permanente das portas que ligam cada três celas, de forma a permitir maior socialização.
As prisões de tipo F causaram controvérsia desde que foram criadas em 2000, com críticos a dizerem que promovem o isolamento dos presos e os tornam vulneráveis aos maus tratos por parte dos guardas prisionais.
A criação do novo sistema nas prisões turcas provocou revoltas dos presos, com soldados a usarem armas de fogo e gás para conseguirem transferir os presos para as novas celas. Os presos responderam com armas de fogo e alguns atearam fogo a si próprios, tendo morrido 32 prisoneiros e dois soldados durante os confrontos. Outras 68 pessoas, incluindo presos e os seus apoiantes, morreram à fome em resultado de uma greve de fome rotativa levada a cabo por 2000 presos durante o auge do protesto que esmoreceu em 2003.
Aşçı é um advogado de membros do Partido/Frente Revolucionária de Libertação Popular(DHKP-C), um grupo de resistência de extrema esquerda considerado organização terrorista por Ancara e que foi responsável pela organização dessa greve de fome em massa.
O ministro da Justiça, Cemil Çiçek, expressou no Parlamento o seu agrado pelo fim da greve de fome de Behiç Aşçı. “Um ser humano nunca deveria ser colocado numa posição de arriscar a sua vida para mostrar que algo está errado. Não é correcto seguir alternativas tão drásticas, quando existem caminhos melhores para resolver um problema. Existem muitas maneiras para mostrar que algo está errado num país democrático. Arriscar uma vida humana é a última coisa que queremos. A vida humana é importante para nós.”

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