06 outubro 2006

Passageiros do avião "sequestrado" não chegaram a sentir pânico

Passageiros do avião

Os passageiros do voo da Turkish Airlines que foi sequestrado na terça-feira, seguiu para Istambul na quarta-feira, com os passageiros a dizerem que não chegaram a sentir pânico. "Graças a Deus tudo terminou sem que nada de grave tivesse acontecido", disse Ergün Erköseoğlu, um passageiro que passou a maior parte do sequestro a falar com o canal de televisão turco NTV via telemóvel. "Disseram-nos que íamos aterrar em Itália devido a um problema técnico no aeroporto Atatürk em Istambul, por isso não houve muito pânico", disse. "Só quando vimos os soldados italianos no aeroporto é que nos apercebemos que algo se passava". "Alguns passageiros só souberam que o avião tinha sido sequestrado quando ligaram os telemóveis", disse Halil Demir, outro passageiro turco. "Quando aterramos, ligamos os nossos telemóveis e começamos a receber mensagens [de familiares] a dizer que tinhamos sido raptados", disse.
O raptor foi identificado como sendo Hakan Ekinci, de 28 anos de idade, um desertor que estava a ser alvo de um processo de deportação da Albânia para a Turquia, quando sequestrou o avião.
Encontrava-se desarmado, e entrou no cockpit do avião cerca de 20 minutos depois deste ter descolado de Tirana com destino a Istambul, e ameaçou os pilotos com um pacote que disse conter uma bomba.
Ekinci, um convertido ao cristianismo e objector de consciência, pediu asilo político a Itália depois de se ter rendido à polícia italiana sem ter provocado ferimentos a ninguém. Tinha escrito uma carta ao Papa em Agosto, pedindo-lhe apoio para não cumprir o serviço militar na Turquia.
"O raptor forçou a entrada no cockpit quando a hospedeira nos estava a servir. Puxou-a contra mim e eu tentei empurrá-lo mas não consegui. Ele era um homem forte", disse o piloto Mürsel Gökalp, numa conferência de imprensa no aeroporto Atatürk. "Ele disse: 'Eu não vou magoar ninguém', disse que o seu único intento era entregar uma mensagem ao Papa e que se renderia logo depois, e caso não conseguisse o que queria explodiria o avião". O piloto disse também que Ekinci deve ter feito amplas pesquisas na internet. "Ele sabia que era necessário um código. Ele até sabia se o avião seguia para Este ou Oeste”.
Erköseoğlu referiu que estava sentado na frente do avião e que viu o raptor a entrar no cockpit depois de ter empurrado a hospedeira, mas disse que os passageiros não suspeitaram de nada até o avião ter aterrado na cidade italiana de Brindisi. O raptor “pediu desculpa e desejou-nos boa noite" antes do piloto o ter levado até à polícia italiana para se render, disseram os passageiros.
Depois de se ter entregue à policia italiana, Ekinci disse: “Se estivessem mais Turcos sentados na frente do avião eu nunca teria feito isto. “Quando entrei no avião, vi que a maior parte dos passageiros eram Albaneses. Vi só alguns Turcos. Os Turcos estavam todos sentados separados uns dos outros. Se houvessem dez ou 15 Turcos sentados à frente, nunca teria tentado o sequestro. Os Turcos são loucos, paravam-me na hora”.
Os passageiros turcos e maioritariamente albaneses a bordo do avião, falaram com os média e com amigos e familiares via telemóvel durante o impasse. Num dado momento, foram ouvidos na televisão (pelo telemóvel de Erköseoğlu) enquanto aplaudiam o raptor depois deste se ter desculpado e despedido dos passageiros antes de se render. No total estavam 113 pessoas a bordo deste avião Boeing 737-400.
Hakan Ekinci permanece em Itália, não parecendo eminente a sua extradição para a Turquia, uma vez que pede asilo político e a aterragem do avião foi forçada em solo italiano. Entretanto, Ekinci disse às autoridades italianas que se converteu ao cristianismo, e que teme pela sua vida como cristão na Turquia, um facto que parece complicar ainda mais os procedimentos legais. Ekinci tem um vasto registo de actividade criminal na Turquia.

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